Quando, há dias, quase sufoquei o Shirangano com perguntas sobre o que ele pensava de estruturas como o CNJ, ARO, OJM e outras J partidárias, tinha em mente produzir uma reflexão (na esteira do mais polémico e ridículo "debate da nação") sobre estas organizações e o que, idealmente, em minha opinião, elas deveriam representar.
Porém, a medida que ia escrevendo, fui sendo assaltado por dúvidas e mais dúvidas relativamente aos pressupostos de que partia na minha reflexão e decidi parar. E parei mesmo.
Mas não podia simplesmente parar. Tinha que cá vir e perguntar:
Estrutural e organizacionalmente, o CNJ e outras organizações juvenis (incluindo as partidárias) têm:
- capacidade para serem, junto do Governo e outros parceiros, interlocutores válidos em relação aos assuntos da juventude?
- capacidade para auscultar os reais anseios da classe que, potencialmente, representam? De que forma auscultam essa classe?
- capacidade para definir agendas realísticas sobre os anseios da juventude moçambicana na actualidade?
- abertura suficiente para serem interpeladas?
- capacidade negocial ou jogo de cintura para imporem as suas ideias e visões sobre os anseios da classe que representam?
- noção das condicionantes de a principal fonte de financiamento ser o ente com quem temos que nos bater para a prossecução da nossa agenda?
Tranquilizem-me.
Mutisse
30 comentários:
Caro Muthisse,
Infelizmente não irei tranquilizar-te. Irei, pelo contrário, combustibilizar a tua inquietação até rebentar de fúria. Estamos entregues a bicharada.
Não será para já meu caro, que teremos organizações juvenis sérias. Voltarei quando também estiver mais calmo.
Mutisse, apesar de nem sequer arranhar a perspectiva incendiaria do E. Vaz, cabe-me acrescentar que proxima semana celebra-se a semana dos J. Assista, caro, o que os J's, que se acotovelam com os kotas no topo, vao fazer para nos taparem os olhos!!!
Mutisse, voltarei mais logo. Vou arrumar as ideias para ver se te responda `as inquietudes normais de um jovem subversivo.
Ilustre Mutisse,
Estrutural e organizacionalmente essas organizacoes tem capacidade para serem interlocutores validos em relacao aos assuntos que inquietam a juventude. O problema eh a falta de vontade, ausencia da consciencia critica e espirito de fome e menoridade que grassa esses jovens. Eles veem essas organizacoes como meio para fazer parte da nova elite politica. Os miudos andam tontos com os previligios.
Inescrupulosamente, um amigo que faz parte do novo elenco da CNJ disse-me que essa organizacao serve-lhe para abrir portas. Diz assim: "mano, nao estas a ver, pa! Essa cena esta abrir-me caminho nesta mata. Um dia vais me ver no parlamento!".
Oica o Felix Filipe, parece que esta a escrever uma materia jornalistica em relacao a isso.
Egídio,
Realmente para quem precisava de um tranquilizante aplicaste me uma medicação que eleva a inquietação. Mas ainda espero por ti para me dares as razões dessa "dose"...
Xim,
Não vou repetir o que disse ao Egídio mas, subentendo que és céptica e pessimista em relação às nossas lideranças juvenis. Espero, por essa data mas também espero as razões do seu pessimismo, do seu cepticismo em relação a nossa classe.
Nero,
Estás sem balas? A verdade é que temos que encontrar um rumo de fazer nossas vozes serem ouvidas! Os por natureza, tendem a ser "irrequietos" e subversivos até mas nós, na nossa geração, somos tão quietos, tão passivos... será que as lideranças actuais e/ou futuras terão capacidade para mexer com tudo isto e fazermo-nos ouvir?
Shirangano,
Meu irmãozinho,até que ponto a "ausencia da consciencia critica e espirito de fome e menoridade que grassa esses jovens" valida a sua acepção de que "Estrutural e organizacionalmente essas organizacoes tem capacidade para serem interlocutores validos em relacao aos assuntos que inquietam a juventude"? Estas duas "visões" podem convergir entre si? Não se excluem?
Espero o Félix Filipe, como espero a ti para responder as outras questões.
Tenho me correspondido com um jovem que bloga sobre Juventude apartir do Brasil, o leopoldo Vieira, e um dos meus posts para ele pode sere encontrado aqui: http://juventudeempauta.blogspot.com/2009/04/juventude-em-mocambique.html
Abraços
Basilio
Alguém falou de “espirito de fome” e eu vou nessa. Os princípios(teóricos) que norteam essas organizações são até muito bons. Os manifestos eleitorais dos que concorrem para as lideranças dessas organizações são até muito bons. Mas vamos agora ao verdadeiro job... Népia!!!! Encher os bolsos da massa parece ser a maior e a mais prioritária preocupação. Estamos sim entregues a bicharada.
Porque é que a OJM por exemplo se “tormou” liga juvenil da Frelimo?
Nelson tocaste no fundo da questão. Será que esta juventude limita-se apenas a OJM e ao CNJ ? e agora ao Parlamento Juvenil que vai se afirmando ? eu sinto que para a juventude só o facto de existir o conceito de união e organização constitui uma realização, depois fica todo um trabalho por realizar.
A OJM surgiu num contexto monopartidário e sempre foi a liga juvenil da Frelimo, pese embora a sua terminologia (siglas) abraçem toda a juventude. sobre a OJM e os passos que deu, Adriano Biza (Fanhana) tem um estudo interessante. Alutinar os interesses da juventude é efectivamente o papel do CNJ.
Eu penso que, por exemplo, o movimento juvenil partidário está muitíssimo fraco em Moçambique, aliás está resumido á OJM, mas quando olhas para renamo, PDD, MDM, PIMo, etc. não vemos juventude nenhuma, nem de raspão. será que os partidos da oposição em Moçambique não estão preparados para abrir canais jovens de participação política?
As vezes mais do que apresentar argumentos sofisticados para justificar falhas, é necessário que cada um de nós de uma contribuição apartir do lugar onde se encontra para que a juventude seja vista de outra maneira.
Basílio
Basílio,
As organizações juvenis não se resumem à OJM, CNJ e/ou Parlamento juvenil porém, vai convir comigo que essas são as que maior visibilidade tem.
Do meu ponto de vista a OJM tem visibilidade que deriva de questões históricas explicadas no contexto em que ela surgiu como bem referes no seu comentário anterior mas, em termos de trabalho, de representação, de ideias e de forma de as fazer valer o que temos? Será que a juventude frelimista se revê na OJM? Onde está a irreverência típica da juventude dentro desta organização. É um facto que cada um de nós tem que fazer algo para dar visibilidade, reforçar e fazer valer certos ideais mas, não será por acaso que se escolhem lideranças, é para mostrarem directivas, traçarem prioridades, planificarem o que, convirá comigo, me parece que não existe.
Eu guardei muita esperança em relação ao CNJ. Aliás, continuo a ter esperança; esta é a última a morrer e neste momento está em agonia. O alvoroço é grande em épocas eleitorais, onde tomamos conhecimento da existência (a semelhança dos partidos políticos) de inúmeras associações juvenis cujas áreas de actuação são desconhecidas e dúbias. OK que os orgãos sociais são eleitos mas, depois, pelo menos eu, desconheço mecanismos de interacção entre os jovens numa plataforma de colher a sensibilidade dos jovens para formar uma agenda ou, pelo menos, medir o grau de cumprimento dos objectivos que levaram alguns a serem eleitos; para sabermos até que ponto há diálogo com aqueles que, potencialmente, tem que resolver os nossos problemas. Entramos no círculo da fome referido acima em que, me parece, as pessoas estão mais preocupadas consigo do que com qualquer outra coisa. No mínimo acho que nem sabem porque estão ali.
O Parlamento Juvenil...
Enfim Basílio, para mim não basta a constatação da existência do associativismo juvenil, da existência de organizações ao mais diverso nível. O que me preocupa é a produção dessas organizações. A motivação deste post é mesmo questionar o que é que essas organizações tem produzido ou tem capacidade de produzir em prol da classe que representam; podemos confiar cegamente nelas em prol da defesa dos nossos interesses?
Nelson,
A OJM, no contexto em que nasceu era a liga juvenil da FRELIMO houve um momento de aparente separação (1990-1999) mas logo voltamos a fórmula original desta organização e outras como braços da FRELIMO. Até aqui para mim nada mau.
O mau para mim é a inércia dessas organizações em relação aos anseios da classe que representam.
Se concluirmos que estamos definitivamente mal representados, o mau é a nossa inércia individual ou colectivamente no sentido de corrigirmos isso.
Na sua opinião, o que faz com que organizações com "princípios (teóricos) que norteam essas organizações são até muito bons", organizações cujas lideranças apresentaram "manifestos eleitorais muito bons" produzam pouco ou nada? O que é que os amarra? Como sair dessas amarras?
Viva o debate.
Ainda espero o seu regresso bem como do todos os que disseram algo acima e dos ainda não disseram nada.
Mutisse, acho muito interessante essa sua “agressividade”. Estás nos empurando a todos para o fundo das questões. Estás a nos obrigar a ir ao mais prático.
Quanto a pergunta não tenho certeza se sei oque “faz com que organizações com princípios (teóricos) que norteam essas organizações são até muito bons, organizações cujas lideranças apresentaram manifestos eleitorais muito bons produzam pouco ou nada” mas acho, aida que de longe, que é a mesma coisa que faz com que um deputado, uma vez eleito pelo povo( seu círculo eleitoral) se preocupe mais com a agenda do seu partido que em representar séria e fielmente o povo nos seus mais variados interesses.
Nem tudo que se aprova na AR era realmente de interesse do povo. Nem tudo que não se aprova não era do interesse do povo. Na hora H oque os partidos querem e não querem acaba contando mais. Deve ser aqui que devo voltar a questão da fome pois voltando à AR sempre achei estranho a forma concensual como questões de interesse dos deputados são tradados. Se for para aumentar as mordomias dos deputados as bancadas se entendem dum jeito que dá gosto ver.
Tenho receio que o recentemente criado parlamento juvenil acabe com o tempo na letargia do CNJ do qual só ouço falar na época das eleições dos novos corpos directivos.
Não respondi ainda à suas questões, de forma prática como devia, tenho consciência disso
Muthisse
Concordo contigo.
Ainda bem que a blogosfera não é nenhum tribunal. Efectivamente a OJM tem visibilidade que deriva de questões históricas, mas também é a única organização juvenil moçambicana implantada em todos os 128 distritos e postos administrativos, ou seja com uma máquina funcional em todo o território nacional. Colocas uma grande questão quando perguntas se a juventude frelimista se revê na OJM. Ai entras para o novo debate que é o papel destas organizações tais como OJM, CNJ, etc na sociedade.
O ponto central é que quando se olha para a OJM ainda persiste o dilema entre a denominação e o seu sentido à letra (Sigla OJM) e o verdadeiro papel chave desta organização (uma juventude partidária). É preciso compreender que a OJM, desde o advento de eleições em Moçambique (1994) até a data, tem concentrado os seus esforços mais em processos eleitorais e no funcionamento do Partido Frelimo do que em acções de âmbito social. Por isso é que a irreverência deste grupo que se chama OJM já não tenha os contornos que está na expectativa que se cria quando se fala de OJM.
CNJ, todos nós entanto que jovens temos sempre uma grande expectativa em relação ao CNJ. Em épocas eleitorais é que nos recordamos do CNJ, e das associações juvenis existentes no país. Sou de opinião que o CNJ deve divulgar ainda mais as suas acções e informação relativa as suas acções. O CNJ precisa de uma maior acção de marketing e divulgação das actividades que desenvolve porque aos jovens falta-lhes informação. Uma boa sugestão para o CNJ é criar e divulgar uma página de internet.
Resumindo mano Muthisse, concordo que as associações juvenis tenham que ir muito além do simples facto de existirem e terem uma máquina pronta para funcionar. As Associações tem que produzir. A Bang Entertenimento, por exemplo, tem que produzir música, a associação dos Jovens agricultores de Moçambique (AJAM) deve centrar-se na agricultura, as juventudes partidárias devem centrar-se em produzir resultados político-partidários, etc. Isto significa que para perceber o que é que estas associações juvenis produzem ou tem produzido em prol da classe (jovens) que representam é importante situarmos estas organizações de acordo com os seus objectivos e depois ver como é que a classe se faz representar nos objectivos das associações juvenis. Ainda há muito por fazer na juventude !
Desejos de uma feliz semana da juventude a todos!
Basilio
Olá Julio. É a primeira vez que visito o teu blog. Tás de Parabéns!
Ontem assisti na TV Miramar um debate sobre a juventude (programa da 9fm). Não fiquei decepcionada com o CNJ pois isso já estou há muito tempo... Fiquei foi 'triste' em saber que o jovem que representa a juventude neste pais, não tem nada para nos dizer( a mim e outros jovens como eu)... Durante o tempo que decorreu a 'conversa de café', ele não foi capaz, uma vez sequer, de explicar quais são os projectos do CNJ e de que forma eu que não faço e nem quero fazer parte de associações juvenis, posso ver as minhas ideias reflectidas nos planos do CNJ...
O Osvaldo perdeu tempo a atacar um outro jovem que tem por nome Muchanga...
Entretanto, houve algo que ele disse que me causou espanto. O Sr. Osvaldo Pitersburg disse qualquer coisa como: "Falta de habitação e desemprego não são problemas dos jovens do pais. São problemas de uma minoria em Maputo... Neste pais, há jovens que fazem coisas todos os dias sem ajuda de ninguem...”
Ora bem! Não é a primeira vez que oiço isto na tv. Ouvi uma vez (no debate da STV) de outro dirigente do CNJ e de uma linda jovem que também parece fazer parte do CNJ.
Eu tenho três perguntas muito simples a colocar à todos eles ( e ficaria muito feliz de puder ter uma resposta...)
1. Se o actual elenco do CNJ chegou a conclusão que neste pais, a maior parte dos jovens consegue fazer as suas coias e resolver os seus problemas/necessidades sem ajuda de ninguem, então porque é que eles se candidataram à presidencia do CNJ?
2. Se os chamados "problemas dos jovens de Maputo" não representam os dos jovens de todo o pais, então porque é que a sede do CNJ é em Maputo?
Já agora,
3. Quais são os problemas dos jovens moçambicanos?
Mutisse, andei adiando o meu comentário ao texto por causa da movimentação que as organizações juvenis faziam semana finda, queria antes perceber o que as organizações andavam a fazer de verdade.
o Parlamento Juvenil penso que tem feito alguma coisa visivel pelo menos se atentarmos as suas movimentações da semana passada. precisa é de limar algumas arestas mas para mim é uma organização que se pode dar o beneficio da duvida.
O CNJ falhou na era Munhequete por causa das guerras intestinais entre ligas partidarias representadas mas tentava gatinhar. Com a nova liderança, a luz que se via no fundo fica totalmente apagada. Quem assistiu o " conversas d Café na TV Miramar ontem" certamente vai concordar comigo que o CNJ está no asbismo.
As ligas partidarias têm agenda propria e mecanismos de actuação que não podem estar para além do nivel de democratização e abertura no seio dõs seus partidos. abraço
Nelson,
Temos que abandonar esta letargia que nos caracteriza e acordarmos. Acordarmos para nos assumirmos como parte da solução dos problemas que enfrentamos.
É claro que eu, tu, a Zenaida o Basílio individualmente podemos não ter voz nem a expressão que seria de desejar mas, organizados ai sim.
É por isso que insisto na ideia de saber se as organizações existentes podem servir como plataforma da nossa participação no desenvolvimento do país e na expressão do que, em cada momento, pensamos serem as soluções para os problemas que como jovens e como parte da nação enfrentamos.
A agressividade devia nos caracterizar enquanto jovens.
Volte
PS: por acaso já atravessaste a ponte? Que achas? É tão bonita como nas fotos?
Basílio, as as juventudes partidárias estão, actual e unicamente centradas na produção de resultados político-partidários, mais como difusores dos ideais do que como produtores de princípios no seio dos próprios partidos que vão guiar esses mesmos partidos a formularem políticas em prol da classe que representam.
Aceito que a OJM DEVE produzir resultados político-partidários, concordo que a OJM deve se engajar na conquista de mais membros, que deve participar activamente nas actividades de promoção do partido principalmente nesta época eleitoral etc. Mas, a meu ver, não deve PARAR aí, a OJM precisa conquistar o seu espaço e influenciar decisivamente as políticas partidárias; ganhar força própria enquanto organização da "classe subversiva" e maioritária do país que precisa ser amparada.
A OJM tem que produzir ideias que devem ser tomadas em conta no partido, a OJM precisa ter pensamento e ideias próprias que deve vir a público e defendê-las sem preconceito e dizer ou fazer com que o Partido arranje espaço para as integrar.
A OJM e ou as J partidárias devem produzir resultados não no sentido de entrarem e cantar nos camiões em época de campanha. A OJM fruto da sua implantação em todos os 128 distritos e postos administrativos, e por ter uma máquina funcional em todo o território nacional, deve poder auscultar os anseios do partido, até como plataforma para que nenhum membro do CNJ diga as asneiras citadas pela Zenaida já que a OJM está representada também no CNJ. Deve auscultar os anseios desses jovens e dizer ao Camarada Presidente que NÓS, enquanto OJM, QUEREMOS, EXIGIMOS que estes problemas sejam tomados em conta e dar se a visibilidade necessária.
Mutisse
PS: a propósito quem são os dirigentes actuais da OJM?
Zenaida,
Bem vinda a este espaço. Não podemos desistir destas organizações; temos que nos bater para que elas sejam o que nós queremos: um centro onde nos sintamos representados.
Fala-se muito no Parlamento Juvenil e actualmente com a obsessão deste por trazer os candidatos a debate etc., e depois disso? O que é que se pretende? Qual é a agenda pos eleições?
Chegaremos lá. A minha esperança está em agonia, a vegetar mas pode ser revitalizada se eu sentir que com mais um pouco de esforço podemos fazer dessas instituições a nossa casa; o ponto onde VERDADEIRAMENTE discutimos os problemas da nossa classe (não do nosso prato ou do que queremos ser quando "crescermos").
Jorge, dizes e bem e eu cito: "As ligas partidarias têm agenda propria e mecanismos de actuação que não podem estar para além do nivel de democratização e abertura no seio dos seus partidos." Concordo. Implicará isso que elas se devem acomodar ao que existe?
Acho que não, se esses espaços existem devem ser explorados, se não existem devemos criá-los e não esperar por "doação" das lideranças pois, se assim for, estaremos cerceados de alguma forma.
Eu acredito que, no meu partido, há espaço para a irreverência; há espaço para nós fazermos mais do que cantar e dançar nas campanhas eleitorais. Basta para explorar esse espaço que deixemos de pensar que ter ideias próprias nos exclui. A nossa passividade nos reduz; de certeza que pensam que somos incapazes de pensar e ter ideias bonitas enquanto organização, é tempo de invertermos o cenário.
Estrutural e organizacionalmente, o CNJ e outras organizações juvenis (incluindo as partidárias) têm:
• capacidade para serem, junto do Governo e outros parceiros, interlocutores válidos em relação aos assuntos da juventude?
Há sim capacidade Júlio, falta sim, uma atitude consciente. O jovem organiza-se em grupos, mas age sempre de forma individual.
• capacidade para auscultar os reais anseios da classe que, potencialmente, representam? De que forma auscultam essa classe?
Há um dito que diz “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, nós jovens hoje, esperaos acontecer, e mais, nos conformamos facilmente. Se o jovem fosse incoformado, saberia que não encontraria respostas para os seus questionamentos de forma individual. Essa modéstia que tiveste em trazer questionamentos, a espera de respostas nos falta, resultado; pensamos que sabemos quando nem a metade....
• capacidade para definir agendas realísticas sobre os anseios da juventude moçambicana na actualidade?
Há capacidade, só não há a ideia de partilha, em todos os aspectos.
• abertura suficiente para serem interpeladas?
Abertura para sermos interpelados? Seria bom que o jovem falasse, escutasse e de parte do tempo para ouvir o outro. (tempo de atena), mas infelizmente, só falamos e quando interpelados, quem nos interpela, ou é invejoso, ou da oposição e porque não a palavra que hoje vende: apóstolo da desgraça.
• capacidade negocial ou jogo de cintura para imporem as suas ideias e visões sobre os anseios da classe que representam?
Há capacidade, falta muitas vezes a capacidade de definir o prioritário.
• noção das condicionantes de a principal fonte de financiamento ser o ente com quem temos que nos bater para a prossecução da nossa agenda?
A esta pergunta, deixe me responder com uma simples frase: não vendo a minha liberdade.
A medida que estas perguntas me assaltavam, fui sendo assolado por um sentimento pessimista que não podia, de forma nenhuma, desxar que tomasse conta de mim. Por isso vim aqui.
Julio, muitas vezes vale a pena questionar.
Caro amigo Mutisse!!
Pelos vistos, os teus niveis de subversidade andam em alta, ultimamente, hehe!!
No outro debate, perguntava eu "que influencia teem os jovens afiliados a determinadas formacoes politico-partidarias"?? De que ela (juventude) se pode gabar de ter realizado, proposto, influenciado, em prol da resolucao dos problemas que gracam este pais? Essa juventude tem nocao dos problemas deste pais? Ja' alguma vez pensou neles e na forma de soluciona-los??
Com 95% de certeza, a resposta seria um "redondo" NAO!!
Indo "straight foward" as questoes que levantas, eu diria que todas estas ditas organizacoes "sonantes" da juventude, nao estao a altura de ser interlocutores validos a resolucao dos problemas da classe que dizem representar!! E, ha' um factor "determinante" para que isso aconteca!! Ha' da parte do "regime" um esforco, um "lobby" tremendo para "controlar" a lideranca dessas organizacoes. Falo especificadamente do CNJ que deve ou deveria ser um organismo isento de qualquer politiquice partidaria!! A eleicao do elenco directivo desta organizacao e' UMA TOTAL FARSA!! E o cancro comeca mesmo ai!! Onde os jovens precisam de ser "livres", "se libertarem" de verdade, eles se deixam manipular completamente!
Pelo relato do amigo Basilio, nao vejo sombra de duvidas que, em "termos praticos", ha' unanimidade em considerar que a OJM e' uma organizacao politico-partidaria, com todo o marasmo e inercia que o Mutisse aqui veementemente denuncia!! Veja que o actual presidente do CNJ saiu das entranhas da OJM, num processo de eleicao fraudulento!! Digo "fraudulento" porque nao cabe na minha cabeca que, neste todo Mocambique, em que a maior parte da populacao e' jovem, na eleicao do presidente de um orgao como o CNJ, do qual temos muitas expectativas, so' haja "UM UNICO CANDIDATO", por desistencia a ultima hora das outras candidaturas!!! Nao pode haver maior farsa!!
E, so quem quer continuar a dormir nessa farsa, e' que agora se pode admirar das recentes declaracoes do presidente do CNJ, no supramencionado "debate". Ele nao ve "habitacao" como um problema, como nao ve qualquer outro problema neste pais!! Respondendo a Zenaida, para o presidente do CNJ "ta-se bem, nesta perola do Indico"!!
Portanto, a libertacao, independecia e irreverencia destas organizacoes, passe necessariamente por elas serem "autenticas", serem lideradas por gente que, logo a partida, nao te que estar "comprometida" e tenha que agradar a qualquer sector, senao a propria juventude!! Estas organizacoes teem que deixar de andar cooptadas por quem quer que seja!!!
Resolvido esse "problema estrutural", essas organizacoes deveriam definir estrategias para a sua "autonomia financeira"!! Uma tal organizacao que de facto trabalhasse para a juventude, nao teria problemas em "colectar" 1 a 5 meticais/ano por cada habitante desta terra, para o seu funcionamento e iniciativas sociais!!
A JUVENTUDE MOCAMBICANA PRECISA DE SE LIBERTAR!!!!!!!!!
Carros compatriotas por vezes tenho lutado com a minha consciencia para nao falar algumas coisas que sinto no contexto da quelo que faz parte da nossa actuacao como Jovens. apesar de ja ostentar 37 anos e fora do parametro da idade segundo os nossos estatutos sinto-me ainda cheio de energias para dar por esta nossa OJM onde cerca de 2 decadas dia apos dia de diversas formas fui dando meu contributo. Ficamos relaxado durante tempo e hoje quando recuamos e avaliamos a temperatura notamos que estamos cada vez mais frios do que emaginavamos naqueis que sempre foram nossos planos estrategicos, projectos, ambicao. Em muitos casos aparecemos de forma esporadica como se estivessemos assustar algo, me parece que estamos mais acomodados na teoria do que na pratica e as oportunidades vao nos passando pelos pes. Os que nos representam na dianteira alguns nao sei se recordam da tras, muito figurino, medo de serem achados ou conotados mal por defender a causa e a verdade ou sentirem um dia fora da caruagem.Ainda me recordo a quando da sessao do conselho centra da OJM em Inhambane onde esperavamos tocar os problemas pelo fundo e trazermos uma viragem de ideias e salvarmos a letargia que vezes nos afecta, resultado de tudo foi aparecer debate ate de forma tribal e eu me questionava sera dessa forma que vamos nos sentir integros e moldadores em prol do Desenvolvimento desta Juventude mocambicana ? Onde ha Trabalho as dificuldades nunca faltao e em muitas vezes sao resultado do trabalho e delas colhemos mais experiencia, animo e motivacao. Sera que as nossas nos trazem isso mesmo ????? Camaradas vamos pensar friamente procurar ponto de encontro das nossas capacidades e mentalidades como Jovens do Futuro entrarmos para falar a verdade, e sairmos com uma estrategia bem unida e comprometida com a causa da OJM da FRELIMO e da nossa soberania. epero nao ter atropelado alguma sensibilidade mas sempre contem comigo. a OJM nos orgulhamos dela e temos que lutar por ela e pelo nosso amanha.
B. Zeca Mauta
Uma coisa é certa, o que temos a nível nacional e partidário não funciona; é amorfo e não nos leva a lado nenhum.
Da mesma forma que o Mutisse diz que não basta a constatação de que estas organizações existem, também não basta dizermos que elas são uma fantochada, que há muita inércia etc... temos que fazer algo; temos que encontrar, dentro de cada uma dessas organizações, uma plataforma de as alavancar, de nos sentirmos devidamente representados e de que os nossos anseios são ouvidos por quem os tem que ouvir.
Vamos a isso. Lamentar só não nos leva a nada.
Ilustre,
Eu quis dizer que, essas organizações como organizações legalmente constituídas, dispondo de um espaço físico, meio onde/para actuar, de uma administração legitima e usufruindo do apoio quase total do Governo têm capacidades, mas a ausência de consciência critica no seio da maior parte dos jovens (tudo porque colocaram na cabeça de que não se deve contraria o partido no poder, mesmo que este haja contra os legítimos interesses dos jovens, sob pena de ostracismo ou exclusão na hora dos tachos) e os objectivos pessoais que cada um persegue, faz com que essas mesmas organizações não consigam se impor estrutural e organizacionalmente diante do Governo.
Caros
O debate está interessante,
As organizações juvenis sonantes precisam de melhorar em muitos aspectos, mas temos que ter certeza que qualquer regime do dia fará um forte lobby para “controlar” as lideranças juvenis em qualquer parte porque a juventude é a principal força capaz de assegurar ou não a estabilidade social de uma comunidade.
Em relação ao CNJ tenho a comentar que as organizações juvenis que mais se destacam no CNJ são as juventudes partidárias. Mas porque ? porque as juventudes partidárias são das poucas organizações juvenis que funcionam sem interrupção ao longo do ano, também devido as agendas dos partidos políticos, o que permite que os seus associados estejam mais familiarizados com as dinâmicas do associativismo juvenil.
Por outro lado, as juventudes dos partidos políticos compreendem melhor sobre a necessidade de “controle” sobre estruturas como o CNJ, diferentemente das associações de jovens agricultores, jovens desportistas, músicos, empresários, etc. Se observarmos atentamente à composição do CNJ poderemos notar que os principais partidos políticos Moçambicanos estão representados através das suas ligas juvenis. A grande questão que se coloca a seguir é: despartidarizar o CNJ significa as juventudes partidarias não participarem ? Significa a OJM não participar ? Então como é que estas se farão representar ou que interlocutor terão ao nível do CNJ ? As juventudes partidárias não devem ser excluídas dos direitos das associações juvenis em Moçambique.
A OJM é a Organização da Juventude Moçambicana, a única Organização Juvenil filiada à FRELIMO. Obviamente que precisa de maior dinâmica na sua interacção com a sociedade. Não acompanhei o debate em que o Presidente do CNJ falou sobre habitação, soube através do post da Zenaida, mas habitação e emprego são preocupações fundamentais dos jovens nos dias de hoje, principalmente no meio urbano. Obviamente que no meio rural o problema de habitação não tenha a mesma proporção em relação as cidades para os jovens porque ainda há espaço para construir. Já no meio urbano é um problema seríssimo. Se o Presidente do CNJ disse aquilo, então deve ter outros dados.
Concordo com o Matsinhe quando diz que não basta a constatação de que as organizações juvenis não funcionam, que há inércia, etc. É preciso fazer algo, encontrar uma plataforma de alavancar essas organizações. Não precisamos necessariamente de sermos ferrenhos apostolos da desgraça ou escovinhas de alta categoria para encontrarmos pontos de viragem da juventude. Quem sabe uma associação dos jovens bloggers pudesse fazer melhor ?
Um aspecto curioso é que muitos quando analisam o associativismo juvenil em Moçambique apenas olham para uma única Associação/Organização que é a OJM e fazem a análise partindo desse ponto de vista. Depois seguem para o CNJ, que não é uma associação, mas uma plataforma.
Hehehehe Basílio, a OJM é das J- partidárias a mais conhecida e, por mais que eu seja crítico em relação à sua actividade, é a J do meu partido por isso é que, quanto a mim ela me aparecerá na PONTA da língua e/ou dos dedos nos comentários a esta questão.
O Matsinhe (com quem concordas) lança o desafio de, partindo do reconhecimento da inércia das organizações juvenis, arregaçarmos as mangas e "alavancar" estas organizações para que elas sirvam os interesses da classe. Bonito, interessante e, sobretudo, necessário. Neste caso, precisamos de encontrar um meio de contornar ou quebrar os ciclos de controlo que começam no seio das próprias J partidárias. Não significa inventar uma rebelião com o Partido (no caso da OJM) nem contra o Governo (no caso do CNJ), trata-se de deixarmos claro que temos ideias próprias, temos agenda e deixarmos de estar a reboque das lideranças dos partidos e ou do Governo nas nossas acções. O Partido (no caso da OJM) só sairá a ganhar interagindo com uma juventude com ideias próprias que, sendo leal, defende uma agenda que deve ser igualmente apropriada pelo Partido.
Shir, Entendido. Já falei muitas vezes da cultura de unanimidade que cultivamos desde 1975... a liberdade de expressão anda constitucionalmente consagrada desde 1990 mas ainda temos resquícios da necessidade de sermos unânimes em tudo. Esses resquícios existem nas lideranças, inclusive, dos partidos da oposição, não é apanágio da Frelimo como muitos querem dar a entender. É preciso insistirmos que de pontos de vista diferentes todos saimos fortificados.
Matsinhe, há muito a fazer. Primeiro é acabar com o ciclo do medo de que pensar diferente te leva ao ostracismo ou que te conota com o adversário. Só assim venceremos o lobby do controlo que parte das lideranças etc.
Zeca, bem vindo a esta casa. O caminho é mesmo esse: as J partidárias pensarem friamente procurarem 1 ponto de encontro das suas capacidades e mentalidades como Jovens do Futuro falarem a verdade, e saírem com uma estrategia bem unida e comprometida com a causa da J em causa do Partido em causa e da nossa soberania e, a partir do CNJ, projectarmos uma visão nacional fruto de uma discussão séria e apaixonada dos problemas, vistos do ângulo de cada J e sintetizados num manifesto que será nosso enquanto jovens.
EXTRACTOS DA ENTREVISTA A JORGE REBELO PUBLICADA NO SEMANÁRIO SAVANA DE 04/07/2008:
Os jovens têm alguma chance na actual liderança da Frelimo?
- Não diria se têm ou não. A meu ver, não há outra alternativa, senão os jovens assumirem o seu papel. O problema é que os jovens ficam à espera de ordens. Eles têm que conquistar o seu espaço, como fizeram os “jovens do 25 de Setembro”.
Está a dizer que a juventude moçambicana é preguiçosa?
- Não. Ela ainda não assumiu essa necessidade. Os jovens têm que envolver-se, têm que reclamar o direito que têm de participar da governação do país. Agora temos, por exemplo, a luta contra a pobreza, na qual os jovens têm que se envolver como fizeram os do “25 de Setembro”, visando a libertação do país. Em relação à corrupção, ela é de facto uma das grandes queixas dos jovens actualmente. Falo da corrupção generalizada, que é vista como impune. Então, os jovens, já que o sistema é assim, eles é que têm que se envolver, denunciando, reagindo, pautando-se por comportamentos de honestidade.
A que jovens se está a referir? Aos da Frelimo ou a todos os jovens moçambicanos, numa altura em que um general da Frelimo veio a público dizer que os jovens podem vender o país?
- Li isso e tentei interpretar. A interpretação que eu dou é esta: há jovens cuja única preocupação é darem satisfação aos seus interesses. E nós vemos que muitos jovens estudam, tiram cursos e a sua única preocupação é arranjar um emprego, que os remunere muito acima da média. Nesse processo, muitas vezes eles não olham a meios, daí envolverem-se em esquemas.
Não acha que os jovens fazem isso por causa dos exemplos que (não) têm?
- Essa é a questão. O exemplo é fundamental. Samora, por exemplo, dizia: “um dirigente pode fazer mil discursos sobre o mal que significa roubar bens do Estado, mas se ele roubar, ninguém lhe vai dar crédito”. O exemplo arrasta; as palavras talvez influenciem. Portanto, não há dúvidas de que os jovens têm, hoje, maus exemplos. Vêem muitos dirigentes, não todos, a enriquecerem sem olharem a meios. Então, isso passa a ser visto como uma coisa normal, aceitável. Sobre como mudar o exemplo, o nosso exemplo, teríamos que nos mudar a nós próprios, o que é mais difícil.
Jonathan, O Desaparecido (daqui e até do seu blog) pode ser o título da minha próxima postagem hehehe. O jovem tinha que ser irreverente, subversivo, mas contenta-se com a sombra que surge por detrás das lideranças que, em seu tempo, foram irreverentes, subversivas.
Mesmo os portugueses tentaram controlar os jovens na década 50/60 mas a geração Guambe, dos Santos, Mondlane, Samora, Chissano, Simango e outros arregimentou-se fundaram os movimentos que se uniram à FRENTE e cá estamos nós como Estado. É evidente que não precisamos pegar em armas para fugir a esses controles como aqueles fizeram. Precisamos pensar e unir-nos.
Macamo mpfoeto, no dia 5 de Setembro vossa excelência não vai dormir. Vou lhe massacrar com isto. Brincadeira hehehe. Como criar ou despertar (se é que já existiu) esta atitude consciente? Como cultivar o inconformismo? Estaremos a espera, nós jovens desta geração, de uma segunda "vaga" de libertadores? Como criar a ideia de partilha numa sociedade quase que egoisticizada?
Temos que encontrar o que nos une. Este é o caminho.
Caro Mutisse,
Quero congratular-lhe pelas inquietações que trouxe em relação ao papel da associação juvenil mais polémica de Moçambique.
Em principio não trago nada de novo ou que não se saiba entre os moçambicanos informados, mas sem dar nas delongas, gostaria de referir que a nossa geração (refiro-me aos que nasceram no pós-independência) tem muitos desafios pela frente.
O comportamento de quase todo o elenco que compõe o CNJ, representa um fenómeno conjuntural ligado ao conflito de interesses. Como estratégia de integração social os jovens procuram assumir certo protagonismo através daquela que é a mais visível associação juvenil de carácter politico. Na verdade é esse o papel que a maioria dos políticos procura desempenhar – a busca incansável pelo protagonismo usando a causa do povo para satisfazer interesses particulares. Penso que não devia ser surpresa quando o elenco do CNJ procura usar o nome da juventude moçambicana para satisfazer intentos pessoais. Não pretendo com isso ser pessimista, até que estão a representar devidamente o seu papel no entanto que uma associação de cariz politico, só que muitos ainda não se aperceberam disso.
Os interesses da juventude podem ser defendidos por outra natureza de associações juvenis que não sejam propriamente de coloração politica mas também de carácter cultural, sindical, académico e ate religioso.
O desafio que a nossa geração tem pela frente consiste em desencantar o CNJ no entanto que braço de um partido politico, para mostrar que pode-se formar associações de maneira não politica para fazer valer os interesses da camada juvenil. A sociedade civil é basicamente feita disso. Por exemplo uma das poucas associações juvenis de carácter não abertamente politizado é a Associação dos Jovens Deficientes de Moçambique - AJODEMO.
Se ficarmos a espera que o CNJ resolva os nossos problemas receio que algum dia deixaremos de lhes atirar pedras. Por outro lado cabe a juventude reflectir se o associativismo juvenil de cariz politico é a melhor via para resolver os seus anseios.
Espero ter dado a minha modesta contribuição em torno das reflecções sobre o papel das associações juvenis moçambicanas.
book sambo
www.booksambo.net
Eu penso que neste debate nao se esta' a propor o aniquilamento das "juventudes partidarias" ou suas organizacoes afins. O que se pede e se propoe e' que essas Jp's saibam os propositos da sua existencia e capitalizem a sua ligacao com os circulos do poder, em prol da resolucao dos problemas que gracam este pais.
Nos queremos que a OJM, CNJ, etc existam, sejam activas, mas deixem de pensar que ser "estafetas" e instrumentos ao servico do "status-quo" e' sua condicao natural!
Quem tem um amigo ou conhecido, envolvido das unhas dos pes 'a ponta dos cabelos numa destas organizacoes, que lhe pergunte "porque esta' la'!?!" Vai ver que esses jovens nem sequer teem uma ideia formada a esse respeito!! Se ele tiver certeza de algo, ha-de ser, como alguem referiu um pouco mais acima "que esta' a espera que portas se lhe abram", para subir rapido na vida e sem esforco!!
Este e' o problema que graca a nossa esfera politica e comeca exactamente nesses centros infantis de producao de politicos!! Nos outros paises, individuos que queiram abracar a carreira politica, teem que ter "record"! O seu curriculum deve ter exemplos elucidativos de trabalho, entrega e devocao para com as suas comunidades, para com o seu pais!!
E' que, se voce nunca fez nada a esse respeito, como e' que ha-de ser "servidor publico"!! Nao admira que os nossos politicos sejam uma especie de "servidor umbigo" e estes jovens so' estejam a pensar nas suas barrigas, a espera de uma oportunidade em que a "vassalagem" que prestam seja gratificada!!
Quando o General Hama Thai, ele proprio um irreverente nos tempos da sua juventude, mandou aquelas farpas 'a juventude, tenho certeza que ele nao estava a falar de mim!! Ele estava a falar destas "juventudes partidarias", sem ideias, que nada questionam, que nao pensam nos problemas do pais e que julgam que a vassalagem que prestam, um dia lhes vai dar lucro!! Ele, concerteza que conhece bem o pessoal que anda a sua volta nas reunioes das celulas, nos churrascos la' na Quinta do beltrano, etc, etc....
De facto, o "standard" na nossa esfera politica tem que mudar! Os aspirantes a "servidores publicos", teem que servir esse publico nos seus campos de actividade, antes de pretenderem andar de mercedes-benz com guarda-costas!
Mas vai chegar o dia em que, no boletim de voto, teremos que escolher os deputados individualmente!! Ai, esta corrente de parasitas vai se extinguir!! Ai, cada um vai ter que ter o seu "record", tera' que dizer o que fez, para aspirar ser eleito ao mais alto nivel!!
Um abraco e que se continue a DISCUTIR MOCAMBIQUE!!
Jonathan, é mesmo isso. As Juventudes partidárias são importantes e não devem ser, de forma alguma, aniquiladas. Acho até que devíamos nos bater pelo seu aprimoramento já que, potencialmente, pertencendo à estrutura dos partidos, esses entes podem fazer passar a mensagem dos jovens para esses partidos e a agenda dos jovens entrar no debate político e na agenda do país.
O Book Sambo introduz elementos importantes que temos ignorado neste debate: a importância das associações juvenis que nascem fora do circuito político partidário. É evidente que têm o seu papel e o tem desempenhado eficazmente mas, muitas delas, à margem dos interesses que gravitam, por exemplo, a volta do CNJ.
E não tenhamos dúvidas, essas associações movimentam milhares de jovens mas, o seu desiderato está longe, muitas vezes, de formar uma massa que discuta, que participe, que influencie os políticos nas questões que dizem respeito aos problemas que a própria juventude enfrenta. Estão mais voltadas para o contexto em que nascem mas, no dia em que decidirem sair dessa casca, aparecerá sobre elas o interesse cooptativo de que se falou acima e, de dentro delas, aparecerão os oportunistas que farão o jogo do momento.
De facto Sambo, o problema somos nós como uma classe. Estamos formatadíssimos para a ideia dos benefícios e de que a única forma de os conseguirmos é fazendo o jogo deste ou daquele. Logo perdemos a chance de sermos seres pensantes e/ou críticos.
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