terça-feira, 13 de outubro de 2009

Postura, Debate e Humildade (3)

Um dia, no blog do Josué Bila, escrevi que problemas no debate não se verificam apenas com relação à forma como interpelamos os que estão fora. Existem mesmo entre nós que estamos cá dentro (em Moçambique entenda-se). Dizia ainda que é por isso que muitos amigos, incluindo gente que está fora, bate-se por uma esfera pública onde se discutam as ideias de cada um independentemente de onde essa pessoa possa estar, do partido a que pertence ou, eventualmente, da ementa do jantar no dia anterior.

Para mim isto é essencial e era a mensagem que pretendia passar com o meu post anterior que, confesso, foi escrito de forma muito reactiva. É que, infelizmente, e não poucas vezes, voltamos sempre a mais do mesmo: rótulos.

Posso entender que o período eleitoral que atravessamos potencie uma certa ideia de competitividade no sentido de apresentarmos as ideias de quem apoiamos como as melhores mas, num outro prisma, neste espaço onde fervilham ideias de muitas mentes que reputo brilhantes a postura tem que ser outra. A minha filiação partidária não pode ser nem ser tomada como critério de validade de qualquer ideia que apresente.

Mais, entendo que não podemos nem devemos, em função dessa tal filiação partidária, nos rotularmos uns e outros de santos e/ou diabos. Da mesma forma que o José, sabiamente, afirma que "há patriotas convictos na Frelimo! De igual modo, há patriotas convictos na Oposição!"

É pois como "patriotas convictos" apoiantes da FRELIMO, MDM, RENAMO, PLD, PDD e outros que devemos vir debater e pensar o país.

Como disse ao Josué Bila um dia, a bem do debate não podemos fugir à qualquer questão que nos seja colocada. Estou ciente de que, em determinado momento, poderemos chamar a colação a condição de emigrante, membro de um determinado partido, originário de um local deste imenso país, residente daqui ou de outro lado mas, entenda-se, nunca para pôr em causa um argumento; os pontos de onde observamos o país não são meros espaços de permanência/residência/crenças/pertença; são espaços de experiências. Experiências que devidamente contextualizadas podem ser úteis ao país.

Vamos tornar as coisas fáceis. Como diz o Elísio Macamo num comentário ao Post anterior, "custa muito discutir e ao mesmo tempo expor o argumento de modo a que as pessoas não se interessem apenas por saber de que lado estou a falar, mas que sentido faz o que eu disse."

Mas continuemos a tentar. Eu pelo menos vou continuar.