quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Em Que é que Darão as Eleições na OJM?

Depois da candidatura de Basílio Muhate a liderança da OJM lançada há alguns dias e referida e comentada aqui, com o processo de apresentação de candidaturas a encerrar hoje, mais dois candidatos se apresentam à corrida: Manuel Formiga e Sérgio Matos.

Se, conforme referido aqui, Basílio Muhate pretende "imprimir nova dinâmica no seio da organização, motivando-a para enfrentar os desafios da actualidade: pobreza, habitação, empreendedorismo e o elevado custo de vida", apostando numa “OJM que seja parte integrante da solução dos problemas do país,” “aberta e inclusiva, englobando os diferentes estratos sociais” ao mesmo tempo que quer “juntar toda a camada juvenil” para atacar os problemas que afligem a juventude do país, os outros candidatos já lançaram o seu repto.

Sérgio Matos tem como objectivos estratégicos a “agricultura, dominando os meios e instrumentos de produção para um desenvolvimento sustentável, no contexto da luta contra a pobreza.” Este candidato se compromete a “promover uma habitação condigna, acessível e bonificada para os jovens, através do estabelecimento de parcerias público privadas.

Por sua vez, Manuel Formiga, pretende “instar a juventude a participar de forma activa, com projectos concretos, no processo de desenvolvimento.” Formiga diz saber que “temos hoje uma agenda nacional concreta, daí a necessidade de consciencializar todos os jovens para a necessidade de se envolverem em projectos concretos e em acções concretas de combate à pobreza” e se propõe a “capacitar do ponto de vista institucional as nossas bases, refiro-me aos distritos e postos administrativos, para que, efectivamente, a juventude possa participar de forma proactiva nos desafios de hoje, que nós assumimos como sendo aqueles que são os grandes problemas da juventude, nomeadamente a habitação e o acesso ao emprego. De mãos dadas, queremos superar essas dificuldades.”

Estão lançadas as intenções para os membros da organização que tem o dever de sufragar um de entre estes três candidatos para dirigir a organização num determinado mandato.

O eleito deverá ser aquele que, conhecedor da natureza, especificidades e objectivos da organização nos dias que correm e numa perspectiva de futuro, apresente o melhor programa, que seja realista e/ou se apresente ao eleitorado como a melhor solução para a organização.

Tenho reais expectativas neste processo. Tenho noção do que eu gostaria que saísse deste processo conforme referi no post anterior sobre a OJM. Tenho a impressão de que podemos aproveitar o esgrimir de argumentos entre os três candidatos da OJM para todos nós, enquanto jovens, repensarmos o nosso papel perante a nação e os desafios que nos esperam pela frente. Podemos aproveitar o debate que se seguirá para, sugerir estratégias, abordagens, acções, lobbies e outras formas de participação, afinal, deste conjunto de jovens que se pretendem irreverentes (como característica própria da juventude) no discurso, nas acções a empreender, sairá aquele que de dentro do Partido governante e maioritário tem maior potencialidade de influenciar decisões que podem ter influência na vida de todos nós.

Debate? Sim. Creio que haverá debate. Me parece que Basílio se predispõe a isso. Quando num dos comentários no meu post anterior ajunta que “queremos trabalhar com todos e colaborar com todos e dialogar com todos...bons e maus, militantes e não militantes, público em geral...e com a juventude Moçambicana...” mostra essa vontade não só agora como quando for eleito SG da OJM.

Debate sim porque mais do que o Basílio que foi o primeiro, temos agora o Matos e o Formiga com intenções de serem também SG com base num programa que apresentarão para sufrágio dos delegados e, sendo uma organização de jovens questionadores por natureza, procurarão saber das estratégias de materialização do que cada um promete, qual galã apaixonado.

De certeza se procurará saber do Matos a questão do “estabelecimento de parcerias público-privadas”; o significado disso tendo em conta a natureza da OJM. De certeza se questionará ao Formiga o seu entendimento sobre a “agenda nacional concreta” que é a luta contra a pobreza e as estratégias inovadoras que ele propõe, não só a juventude, mas, também, aos decisores políticos para que essa luta seja mais eficaz e retire da condição de pobre mais de metade da população que como se sabe, é coberta pela faixa etária que a OJM representa. Procurar-se-á saber do Basílio como é que uma estratégia “inovadora e proactiva,” aliada uma nova atitude e rigor, com critérios claros na gestão e planeamento institucional a implementar na OJM pode ter os reflexos esperados para a Juventude e como isso pode ser replicável a todas organizações com reflexos para o país na esfera da liderança da OJM a toda uma juventude.

Das respostas as questões que forem colocadas em sede própria pelos jovens da Frelimo aos candidatos a liderança da sua “J” bem como do debate paralelo que podemos iniciar inspirado neste podemos atalhar caminho e descobrir em que é que poderão dar estas eleições. Eu tenho o meu palpite de que destas eleições emergirá uma OJM diferente, com “uma nova atitude e rigor”, com critérios e ideias claras sobre o que se pretende com esta juventude que pode se assumir como dona dos destinos desta nação e impulsionadora de políticas, actos, soluções de que o país ainda carece para o almejado desenvolvimento. Tenho o meu palpite quanto ao vencedor. O meu palpite baseia-se em vários factores, sendo um deles a predilecção por quem coloque a organização como “parte integrante da solução dos problemas do país” e não como a própria solução… infelizmente não voto.