terça-feira, 8 de setembro de 2009

Blogers, Encontros, Morte do Debate & Holocausto Intelectualizado

Cada um no seu blog, dois amigos meus escreveram sobre os encontros dos bloggers e a necessidade de debate. O o Lázaro Bamo (Moçambicano & matolense convicto), lá no Insatisfação perguntou, Amizade excessiva ou morte de debate na blogosfera? e o Jorge Saiete transcrevendo passagens do Lázaro perguntou, lá no debate e reflexão, Cadê o debate?.

O Lázaro acha que a "A convivência entre os bloguistas cresce a cada dia que passa, e o preço que a gente paga é um tanto a quanto alto, morre a meu ver o debate na blogosfera, passamos a vida a trocar palavras de amor e a concordar com os nossos amigos."

O Lázaro, na sua humildade característica, já pede desculpas se estiver a ver fantasmas. Eu o desculpo pois, de facto, o meu amigo está a ver fantasmas.

Acho normal concordarmos uns com os outros de vez em quando, como é normal pelejarmos tantas outras sobre muitas coisas sem que isso, de per si, prenuncie a morte do debate. No meu caso, só para citar alguns exemplos, são normais as minhas altercações com o Shirangano, Egídio Vaz, Noa Inácio (que já os conheço pessoalmente e nos comunicamos com regularidade), Jonathan, Reflectindo (que não nos conhecemos mas não me inibo de os chamar a debate, sempre) mas, na medida do possível, continuaremos a conviver neste espaço que criamos, onde pensar diferente, mais do que factor de exclusão, é factor de união.

Os encontros dos bloguistas londe de matar o debate, multiplicaram espaços de debate. Os debates fluem via email, debatemos exaustivamente os nossos pontos de vista nestes encontros. E não são encontros de bloggers; são encontros de amigos que, em muitos casos, têm em comum ter-se conhecido nos meandros blogosféricos.

Os mesmos textos que publicamos nos nossos blogs são, muitas vezes, difundidos via email nos quais, acredito (porque usados para convocatórias diversas a que tanto o Jorge como o Lázaro tomaram conhecimento), tanto o Jorge como o Lázaro são copiados e, do debate que surge, podem, querendo e tendo tempo, emitir opinião. Os encontros, em minha opinião, ampliaram o debate; fizeram nos conhecer gente que não anda nos meandros da blogosfera mas tem opinião a dar sobre a realidade desta pérola do índico. Muitas vezes circulam emails e sms's a convidarmo-nos uns aos outros para um copo aqui e acolá e, nesses sítios, o debate flue. Lembro me de um numa famosa churrascaria com o Noa Inácio, Venâncio Mondlane, Inácio Chire, Nyikiwa, Egídio, e muitos outros em que nos BATEMOS até a exaustão (no bom sentido claro) e lançamos um desafio ao Egídio, ao Venâncio e ao Noa (que já cumpriu) para publicarem os seus pensamentos nos seus blogs para que o debate continue. E continua.

A propósito do debate, o meu amigo Nero AK47, posicionou-se no seu bunker e disparou com tudo contra os "intelectuais para os quais nada está bem e tudo deve mudar. Para eles tudo no país vai mal. A política não funciona, a governação é um caos, o povo não exerce o seu poder, a democracia é uma utopia, a educação vai de mal a pior, a segurança pública não existe, a corrupção tomou conta do Estado, o crime organizado é que nos dirige, enfim, o país não existe." Contra aqueles intelectuais que se "ascendessem ao poder com essa visão holocáustica das coisas, passariam a vida a identificar problemas, abraçá-los e ficar a espera que os outros encontrem as soluções. Cuidado com eles, são um perigo."

Engraçado, é que, num encontro em que o Nero não esteve presente, esta questão foi largamente discutida principalmente nesta perspectiva da necessidade de não só criticar mas, igualmente, apresentar as coisas boas que tem sido feitas.

Mas para mim, pouco me interessa que os "intelectuais holocáusticos" elogiem o que vai bem; interessa-me que a cada crítica do que vai mal, apresentem igualmente uma proposta sobre o que fazer para que as coisas mudem. Dessa forma, mais do que simples "anotadores de erros" esses intelectuais estarão a exercer a sua cidadania, dando o seu contributo/ponto de vista para o desenvolvimento do país.

Mas, infelizmente, o que nos é dado a consumir é o mesmo de sempre: interessa a muitos dar espectáculo, ser ovacionado como crítico mas sem, muitas vezes, apontar fórmulas claras e alternativas para remediar o que se aponta como indo mal.

É assim que queremos avançar?

Viva o debate.

PS: Este fim de semana fui a Manjacaze; não para tomar banho para ver se só ministeriável ou PCAriável já que as eleições estão há uma distância mínima, mas para festejar os 50 anos de casamento dos Srs. Serafim Mutisse e Helena Manhique Mutisse, meus pais e o renovar dos laços. Foi uma festança e tantos. Deu tempo para ir dar uma vista de olhos ao pomar daEscola PRimária de Chilumbele, onde estudei até ao meio da 4ª classe e comprovar que os meninos do lugar onde nasci, mereciam mais do que o 2º lugar: é que o pomar está mesmo lindo (ou não fosse da minha terra heheheheh).