quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Greve, Dezembro & Férias

Greve, Dezembro & Férias

Júlio S. Mutisse

Ideiassubversivas.blogspot.com


Eu sou daqueles que pensam e acreditam que a música e a dança têm origens africanas. Nós cantamos na tristeza, na alegria, nas tragédias e até na guerra. Nas mesmas circunstâncias inventamos danças.

Encontramos forças para cantar quando carregamos cargas pesadas, dançamos para celebrar e para espantar tristezas. Cantamos nos casamentos, cantamos nos funerais. Cantarolamos até na privacidade do quarto de banho ou enquanto trabalhamos.

Como já deixei claro neste espaço, sou um apreciador e defensor do trabalho e da produtividade a tal ponto que até o Presidente da República faz eco do que digo sobre este assunto. São incontáveis as vezes que o Presidente repetiu esta questão do trabalho e produtividade que já foi tema neste meu canto de subersividades bastantes vezes.

Pena mesmo é que o Presidente continue a permitir tolerâncias de ponto a mais e, ainda, não ter proposto a redução do número de feriados existentes. Na verdade não o censuro de todo; acredito que no dia em que ele sentir que a mensagem sobre a necessidade de intensificarmos o trabalho e sermos mais produtivos está devidamente interiorizada no seu maravilhoso povo, não duvido que, em seguida, irá propor a redução dos feriados e colocorá freios nas inúmeras tolerâncias de ponto que se concedem. Nessa altura será mais fácil defender a ideia de que a prosperidade que desejamos, nós povo pobre, não se compadece com motivos para não trabalhar como actualmente ocorre em demasia.

Não o censuro também porque, como já disse um dia, gosto destas coisas de feriados, tolerâncias e/ou faltas justificadas. Seria hipócrita se dissesse o contrário. Casei e fiquei em casa 5 dias, gozei os feriados todos alguns dos quais calhavam dias que nos proporcionaram fins de semana longos, curti as tolerâncias de ponto concedidas na páscoa, no dia da cidade etc., e, sinceramente, gostei.

Enquanto escrevo este último post do ano, os jornais noticiam greves. A greve é definida na Lei do trabalho vigente como a abstenção concertada, em conformidade com a Lei, da prestação de trabalho com o objetivo de persuadir o empregador a satisfazer um interesse comum legítimo dos trabalhadores envolvidos. Embora implique não trabalhar (algo a que todos deveríamos estar engajados), há uma coisa em particular que gosto nas greves ligada ao que disse de início: as greves, pelo menos em Moçambique, revelam um pouco da nossa realidade enquanto moçambicanos/africanos. Nas greves canta-se, dança-se, revelam-se talentosos instrumentistas e improvisadores (já que toca-se de tudo, de lata a tambor), revelam-se poetas, cantores, declamadores de poesia até trovadores. Interessante.

Uma parte dos selecionados para os festivais nacionais da cultura deveriam ser encontrados nos movimentos grevistas. Existirão estatísticas de greves (no conceito legal do termo) em Moçambique? Há estatísticas de quantas seguem o preceituado na Lei?

Seja como for, a ausência de actualização deste espaço não deveser achacada a qualquer greve. Nada disso. Simplesmente vou de férias. Vou procurar me desligar de muitas coisas para curtir a família, ficar de papo no ar e curtir o ócio. Quem trabalha deve descansar como alguém um dia disse. Durante esse tempo não quero ter dores de cabeça por isso não vou pensar; pensar dói. E como para actualizar este espaço preciso pensar ele ficará desactualizado até que as minhas férias terminem.

Quem me acompanha aqui entenderá este meu desejo de descanso.

Nessa perspectiva não podia sair de mansinho, pelo apresso que toda a gente que por aqui passa me merece eu tinha que anunciar este facto.

A todos festas felizes, que 2012 ao acabar dele retenhamos os aspectos positivos que os devemos multiplicar em 2013 e que, nesse novo ano, não deixemos de lutar por multiplicar as conquistas de 2012.

Que as eleições autárquicas desse ano sejam momentos de mudanças reais e que, a partir daí, o municípios se constituam, verdadeiramente, como organizadores da participação dos cidadãos na solução dos problemas próprios das suas comunidades e promover o desenvolvimento local, bem como o aprofundamento e consolidação da cidadania e, a partir desta, da democracia. Que em 2013 fortifiquemos a consciência de cidadania e, como cidadãos conscientes, criemos em cada um dos nos nossos municípios um vínculo ao nível mais próximo (municipal, em contraposição ao nacional), através do qual influenciamos positivamente a tomada de decisões com impacto nas nossas vidas.

À minha filha Lethicia, aniversariante de Dezembro, fica a certeza de que não dividirá o pai com o trabalho no seu aniversário (pela primeira vez em 9 anos) e aos meus amigos e familiares também aniversariantes de Dezembro, ficam os meus votos que vivam o máximo que poderem curtindo cada dia com todo o fulgor.

Que Deus dê tudo de bom a toda a gente.