quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Vivendo Época Histórica

De entre muitas coisas que vem ocorrendo no país e no mundo, quando as nossas cabeleiras tiverem a cor da neve que nunca vimos (muitos de nós) se não pela televisão, podemos nos orgulhar de, em uma semana, termos vivido dois factos históricos a nível mundial:


  1. Termos visto Lewis Hamilton sagrar-se campeão mundial da fórmula 1, tornando-se o primeiro piloto negro a vencer nessa categoria; e (dias depois)

  2. Testemunharmos a vitória de Barac Obama, que se torna o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos da América.

Uff. É muita coisa em tão pouco tempo. Mas qual é o significado de tudo isto para nós africanos?

Se a entrada de Lewis Hamilton para a fórmula 1 despertou em muitos de nós um maior interesse pela fórmula 1, o que significará a vitória de Obama nas eleições de 4 de Novembro?

Ficaremos, mesmo a distância, com a sensação do revigorar do orgulho racial por ver um descendente de africano se tornar Presidente da maior potência mundial?

O que é que os africanos esperam de Obama e/ou o que é que os africanos podem esperar de Obama.

Eu pelo menos espero que Obama seja o presidente dos americanos. A euforia que se apoçou de nós não pode nos levar a pensar que Obama é presidente dos africanos. Ele foi eleito pelos americanos para dirigir os destinos da nação americana definindo políticas que podem (ou não) ter reflexo para África.

Contento me por viver esta época histórica, de ver um filho de um filho de África como presidente dos Estados Unidos. A responsabilidade de definir políticas para o desenvolvimento de Moçambique e, quiçá, de toda África está em Guebuza e demais líderes africanos, com o eventual apoio do Governo de Obama.

Retenho o seguinte trecho do discurso de vitória de Obama: "Mas, acima de tudo, nunca irei esquecer a quem realmente pertence a esta vitória - ele pertence a vocês. [...] ela cresceu com a força da juventude que rejeitou o mito da apatia da sua geração, que abandonou as suas casas e suas famílias para empregos pouco remunerados e que ofereciam menos sono; [...]"

Isto é, algures os jovens acordaram e sacudiram o capote da apatia e ajudarm a eleger um presidente que lhes ofereceu uma causa na qual acreditaram, criando condições para que ocorra por lá, a mudança que eles querem.

Se calhar seja igualmente tempo de, como jovens assumirmos as nossas causas rumo a vitória, construída com a nossa força rejeitando, não o mito, mas a própria apatia que, creio, caracteriza a nossa geração.

Espero que os quenianos, voltem rapidamente ao trabalho depois que Mwai Kibaki, decretou que esta quinta-feira será feriado no país para celebrar a vitória de Barack Obama na presidência dos EUA, segundo a AFP.

domingo, 2 de novembro de 2008

Rankings - Liberdade de Imprensa (2)

Retomo o tema por achar que, sobre este assunto, ainda podemos avançar um pouco mais para entendermos o que é que se está a passar a nossa volta.

No primeiro post (veja: Rankings - Liberdade de Imprensa) sobre esta matéria coloquei as seguintes questões para reflexão:

  • Que critérios são usados para classificar os paises nesses rankings?
  • O que faz com que Moçambique não ocupe melhores posições?
  • O teria contribuido para que o país descesse no ranking?
  • Terá mesmo a ver com onda dos processos aos jornais e jornalistas?
  • Como um país exemplo de processo de democratização não consegue ser aberto a imprensa?
  • Os líderes moçambicanos sabem lidar com a imprensa?
  • Os jornalista sabem lidar com os líderes que temos?
  • Que condições devem ser tidas em conta para, seja qual for o critério, se classificarem os países no tal ranking da RSF? e, por fim, mas não menos importante:
  • Que papel joga a questão do acesso às fontes de infoemação oficiais no lugar que ocupamos?

Um comentador anónimo elucidou nos sobre os critérios de classificação (49 no total) e o debate seguinte "girou" em torno desses critérios.

Questionei:

  • que tratamento é então dado à informação assim obtida, e o que é que determinou por exemplo a queda de Mozie para o 90º lugar?
  • Censura? Acho que não há;
  • Intimidação? Critério deveras subjectivo; o que é que chamariamos intimidação? Processos judiciais? (Só Salomão Moiane tem 47 intimações mas nunca deixou de escrever e de criar os orgãos que lhe aproveram);
  • Controlo estatal sobre a mídia privada ou independente? É utópico...

Após a publicação do Ranking certa imprensa procurou dar grande relevância aos processos movidos contra determinadas publicações e determinados jornalistas. Porém, quando vejo os critérios não encontro nada que indique a relevância dos processos contra jornalistas como factor a ter em conta na rankização. Deve ser por se entender que fazem parte desta dinâmica de liberdade e responsabilização num Estado de direito.

Elísio Macamo em comentário ao texto que tenho feito referência referiu que "infelizmente, o nosso país tem uma esfera pública que torna o exercício da liberdade de imprensa algo difícil e, nisso, os próprios profissionais são também culpados. Este tipo de rankings tem que ser visto com alguma desconfiança porque tem um forte potencial de produção de artefactos da própria pesquisa. Os critérios são importantes, mas longe do seu contexto social, problemáticos. por outro lado, é importante saber a quem perguntaram ou onde foram buscar a informação."

Pergunto, o que podemos retirar como lição deste e outros rankings que se publicam de tempos em tempos?