quinta-feira, 29 de março de 2012

Sinfonia Mutisse

Confissões

Confesso: já me incomodava o “título” de “Pai das meninas” (agora fica para o mano Elísio Macamo) que quase tinha substituído o meu nome de baptismo no vocabulário de muitos amigos e conhecidos.

Para piorar, mesmo os que, por mero acaso, tinham logrado fazer gerar um varão se tinham transformados em consultores especializados sobre “como” fazer um rapaz. Havia ainda a pergunta: “para quando o rapaz” e o gozo do Khossa que, 11 meses depois do casamento, recebeu como “prenda”um Khossinha, quando eu, 48 meses depois continuava com o título de “Pai das meninas”.

Confesso: o momento/o quando deveria vir um novo membro nunca foi consensual. Quando era bom momento para mim não era para ela e VV.

A notícia da gravidez caiu-me que nem uma bomba boa. Já sabia o que me esperava… três meses chatos! Desta vez mais chatos ainda. Só por mero exemplo, depois do banho tinha que ficar longe dela para evitar os assumos de náuseas, tinha que usar o desodorizante fora de casa, a noite tinha que tomar banho com sabão mainato e às sextas uffff… dormia sozinho na cama. Coisas conhecidas. Já passara pelo mesmo antes, duas vezes. O pior foi quando passaram os três meses NORMAIS e, ao invés de abrandar, a tendência piorou e, com isso, os problemas de saúde dela que transformaram aquela gravidez em gravidez de risco.

Confesso, nunca tinha visto Kakana e/ou Tihaka guisada. Nunca tinha visto ninguém comer couve quase crua. Quando vi, temi que, a qualquer altura, me mandassem procurar asa de passarinho.

Desengane-se quem acha que isso foi o pior. O pior foi, à entrada do 8º mês, sermos confrontados com a notícia de que afinal, não é um Mutisse são dois. Como seria possível? Tantas consultas, tantas ecografias, tantos exames com siglas estranhas etc? Não havia tempo para perguntas; tínhamos que nos habituar àquela realidade. Não sei se isso explica os mal estares do príncipio ao fim da gravidez, não sei se isso um dia encontrará uma resposta sobre o como um dos mutisses gerados naquela gravidez passou despercebido por longos 8 meses. Mas isso pouco importa. Os meninos chegaram com saúde e, graças a Deus, também, não tiraram a saúde da mãe que as trouxe ao mundo dia 27 de Março de 2012, data de aniversário da minha menina mais velha.

Posso me orgulhar de ser dos poucos pais do mundo com 4 filhos, 3 dos quais nascidos no mesmo dia. Há outro aqui? Que se revele.

Aos meus amigos presentes no Nkobe Pork Festival, aos que me ouviram falar de gémeos, juro que era pura brincadeira. Ainda não sabia de nada. Mas estão aí.

Espero que não haja orquestra noturna. Eles sabem que papai tem que trabalhar.