terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O que Significa o Debate Sobre a Sucessão de Armando Guebuza Neste Momento?

É o tema do momento. Em muitas plataformas de debate a pergunta é recorrente: “quem será o candidato às presidenciais de 2014?” pergunta feita, praticamente, um mês após o início do mandato do governo saído das últimas eleições ganhas, precisamente, por AEG e pela Frelimo.

Não deixo de reconhecer legitimidade dos que questionam e problematizam os cenários vindouros como é o caso do meu amigo Egídio Vaz que até perde sono com alguns cenários possíveis, porém, não deixo de me questionar e buscar o significado deste debate a esta altura por duas razões.

(i) Me parece que, mais do que questionar quem, eventualmente, sucederá AEG, há um posicionamento claro contra uma possível emenda constitucional que permita a manutenção deste no cargo por um ou mais mandatos suplementares. A “bem da democracia interna” no partido libertador e da “sucessão” governativa pretende-se e reza-se para que AEG siga o exemplo de Chissano e, mesmo podendo “mexer” com a Constituição, não o faça e vá descansar. Nestes parece implícita a ideia de que mexer com a constituição é antidemocrático como se só essa medida garantisse, em eleições, a continuidade de AEG.

(ii) Me parece que outros o fazem pela curiosidade de saber quem será o próximo PR. Se o texto do Egídio (o tal dos cenários que o tiram sono) parece comedido a ponto de deixar certas questões apenas no interior da FRELIMo quando afirma que “estando Armando Guebuza de saída da liderança do país, a segunda parte da sua Governação poderá se caracterizar pela reorientação de políticas e prioridades, para atender tanto os interesses e agenda política do futuro candidato e da nova liderança do Partido” (sublinhado meu) outros há e de todos os quadrantes, que vêm nesse, o próximo presidente de Moçambique.

Esta visão não é de todo descabida se considerarmos o desintegrar da Renamo e o longo caminho que outra oposição política (porque existe a outra) nacional tem para se afirmar e constituir-se como alternativa válida ao poder de “um partido cada vez mais forte e avassalador” emprestando de novo as palavras do E. Vaz.

Mas ilustres,(i) faltando meses de distância do X Congresso do Partido, (ii) faltando escassos dias para conhecermos a agenda da AR bem como, eventualmente, as matérias que podem ser mexidas na Constituição que, já se disse, vai ser mexida o que significa neste momento discutir a sucessão do Guebas? O que se espera dessa discussão?

Não estaremos a secundarizar o modelo de gestão dos pleitos eleitorais e as recomendações do CC sobre a matéria? É que estas terão reflexos na eleição de qualquer candidato seja ele Guebas ou Simango. Não estamos a perder o tempo que devíamos usar a pensar num modelo eleitoral mais próximo da nossa realidade discutindo um possível candidato que terá que passar pelo crivo popular de acordo com algum sistema eleitoral?