segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Que Dizer de Nós? Ontem e Hoje...

Os últimos pronunciamentos de grandes figuras do Partido Frelimo levantam a mim questões relevantes que devem merecer uma aabordagem crítica desapaixonada.

O nosso camarada Jorge Rebelo veio a público e "partiu a loiça" como se diz por aí, com críticas das quais nem AEG, ele próprio, escapou (afinal o "não corrupto" Dr. Ivo Garrido foi "corrido" por Guebas).

Estes pronunciamentos tiveram eco em determinada imprensa que não se coibiu de colorir as primeiras páginas com título parangonosos de aplauso a "rebeldia" interna deste destacado militante da Frelimo.

Se por um lado aplaudo o exercício democrático de, livremente, expressarmos as nossas opiniões, custa-me um pouco olhar para as comparações, reais ou aparentes, com o passado.

A abertura que se experimentou teve muitas vantagens económicas e sociais. Desde logo, a circulação mais livre de pessoas, maior oferta de bens e serviços no mercado, maior crescimento económico, maior abertura no debate de ideias, etc.
Nestes termos me parece falta de honestidade intelectual e política quando se comparam os níveis de criminalidade e de corrupção entre tempos do socialismo e os tempos actuais.
Nos tempos do socialismo todos vivíamos mal, com as bichas, com as carências de todo o tipo. A sociedade era fechada, com a actuação omnipresente dos Chefes de Quarteirão, dos milicianos e de todo o género de autoridade. A atmosfera de vigilância e denúncias mútuas, que o Departamento do Trabalho Ideológico incentivava submergia qualquer iniciativa, quer positiva, quer negativa.
A abertura económica e o consequente aumento da competição entre os indivíduos têm, necessariamente, que trazer novos desafios nestas matérias. Ouso dizer que, mesmo Samora, se fosse vivo nos dias de hoje, teria que enfrentar maior criminalidade e corrupção, fenómenos que, a meu ver, independem da personalidade e perfil de Samora tendo, isso sim, a ver com o relaxamento da pressão colectivista da sociedade e mais incentivos à iniciativa e promoção do individuo. Tem a ver com a eliminação dos controles que um dia tivemos com os chefes das 10 casas, chefes de quarteirão, milicianos e outros agentes omnipresentes no modelo de ontem competentemente chefiado pelo Camarada Jorge Rebelo propugnava com denodo. Já diz meu amigo PC Mapengo num texto lindo intitulado "Manifesto Político" “Saudades sim mas ninguém quer voltar porque não podemos esquecer o tempo que passou... eram bons tempos aqueles que ninguém quer mais voltar.”