quinta-feira, 17 de maio de 2012

O Porco Unificador

O Porco Unificador

Júlio S. Mutisse

Ideiassubversivas.blogspot.com

Julio.mutisse@gmail.com

Terminei o último texto sobre as epopeias do Pork Festival dando parabéns ao Bamo. Hoje quero começar o texto por ai: obrigado Bamo. Quem nos acompanha pelas redes sociais, vê e/ou lê posicionamentos muitas vezes divergentes sobre vários assuntos e no tom em que são apresentados, deve pensar que quando no mesmo local, andaremos constantemente a paulada.

Graças a Deus não tem sido assim e, este pork festival, veio provar que podemos conversar sobre tudo, de filhos a amantes, de política ao desporto, de nós mesmos num ambiente fraterno sem prejuízo da diversidade de ideias e opiniões.

Mais uma vez, um Porco uniu tanta gente; mais uma vez, um porco reuniu à volta da mesma mesa gente que, normalmente, não se encontra no mesmo bairro, no mesmo bar, na mesma sede política ou nas mesmas salas de reunião. Reuniu gente que não fala a mesma linguagem profissional, gente que não gosta do mesmo tipo de mulher, gente que não tem a mesma província como terra natal. Mais uma vez o porco (e outros animais) reuniu gente que nem sempre canta pela mesma pauta política. Não falo de gente da mesma religião… afinal Jaime Langa esteve lá e não conheço a sua predilecção pela religião.

Mais uma vez um Porco uniu moçambicanos de raças, culturas, religiões, credos políticos, preferências matrimoniais diferentes no mesmo espaço. O espaço do Bamo. A sua casa que ele e sua família uma vez mais nos abriram. Nem as crateras da rua que leva a Nkobe conseguiram demover aqueles compatriotas que juntos, formaram um pequeno Moçambique unido na diversidade. Sim, eli estava o país em miniatura.

A paixão, sempre presente nos nossos debates facebookianos e/ou dos blogues há anos existem, é um facto, mas levamos a coisa mais na desportiva, mais descontraídos e pouco agressivos. Afinal não estamos lá para brigar e ou andar às turras. Não. Não andamos às turras. Nem por isso. Garrafas existiam muitas (que Bamo vai rentabilizar) e o máximo que aconteceu foi chegarmos com elas cheias e deixámo-las vazias. Não vi nenhuma voar em direcção a ninguém, nem esventrar quem quer que fosse.

Discutimos as crescentes abstenções nos actos eleitorais moçambicanos. Quais são as causas? Ismael Mussá tem as suas teorias que lhe desafio, desde já, a compartilhar com o país. Egídio Vaz tem as suas. Foi eloquente o Vaz, sustentou as suas teorias em autores que ainda não li e foi persuasivo o suficiente. Se só a eloquência fosse o suficiente o Egídio Vaz teria razão todos os dias.

A nsikati Ximbitani não esteve lá, mas o Porco, o tal que nos uniu a todos, foi BEM TRATADO presumo que pela Sra. Bamo e sua equipa. Tal como doutra vez, não foram noticiados casos de intoxicação alimentar embora, alguns, devidamente identificados como Vânia Pedro, Jaime Langa ou mesmo o nosso amigo Edil da Matola (sim, ele também passou por lá) estivessem no grupo dos que suspeitávamos que não conseguiriam sair dali devido a quantidade de pedaços dos dois animais consumidos. É que houve um segundo. O Cabrito que não foi amarado e, por isso não comeu ali em casa do Bamo, e que foi directo à panela.

Que o Noa Inácio leve a sério o seu negócio. Espero que a sua empresa esteja registada e que o seu principal negócio servido como amostra na casa do Bamo seja inspeccionado. É um dos nossos principais produtos de exportação. Vou trabalhar afincadamente para me certificar disso. Que o Noa leve a sério desafio deixado por Venâncio Mondlane há 3 anos que não me lembro de o ver satisfeito. Continuo aguardando.

Ainda bem que conseguimos criar estes espaços informais onde podemos discutir ideias, verdadeiros espaços de cidadania, espaços onde podemos discutir ideias com paixão mas respeitando uns aos outros. O ambiente nos nossos festivais devia ser como uma escola para alguns quadrantes onde se reunem pessoas de proveniência político partidária diversa.

Espero que todos tenham chegado são e salvos a casa e que tenham gostado do reencontro. Tive que recorrer (forçosamente) a uma auto censura, se não o texto ficava longo demais. São muitas as memórias de um dia bem passado, na companhia de gente com quem é sempre um prazer com elas discutir ideias. Ja tenho saudades do proximo encontro. Espero que seja em Manjacaze.

Mais uma vez, obrigado Bamo.

PS: O Clube de Chibuto continua a fazer das suas. Para tornar o fim de semana mais interessante, o clube da minha província natal empatou com o campeão nacional (sorte deste) e mantém-se em segundo lugar na classificação. É possível aproveitar a euforia generalizada dos gazenses (e não só) pela performance da sua equipa para agregar mais valias que tornem o projecto sustentável? Até que ponto, na nossa realidade, um clube de dimensão local (Chibuto) pode aspirar a fazer um brilharete a nível nacional? Até que ponto a euforia das gentes do Chibuto pode ser usada em seu benefício não só do ponto de vista do 12º jogador, como da criação de sustentabilidade a médio longo prazo? Pode, o futebol ser um negócio rentável em Moz?

Pelo menos, o Chibuto tem conseguido levantar a minha auto-estima como natural de Gaza. Não ficamos a dever nada às outras províncias que, por ora, nos olham invejosamente no topo. Bem haja clube de Chibuto.