O Elísio Macamo escreveu, no seu blog "ideias críticas" um texto interessante "Fenómeno da Bicha V" que tinha como mote o incendio do Ministério da Agricultura.
Uma das passagens marcants desse texto é aquela em que o Dr. Macamo refere que o que o leva a fazer a reflexão no contexto do que chama de “fenómeno da bicha” "é justamente este problema de atribuição de responsabilidades."
Sobre o problema de atribuição de responsabilidades, sou de opinião de que quando todos nós situados do país real que, segundo Elísio Macamo é "onde se forma a opinião pública" emitirmos conscientemente "OPINIÃO" e a fazermos valer, as coisas vão, verdadeiramente, mudar em Moçambique.
Quando a dita "sociedade civil" a que, supostamente, todos pertencemos (digo"supostamente" porque muitos se demitiram ou não conhecem o seu papel numa democracia como a que pretendemos construir) deixar a cómoda apatia perante o fenómeno político nacional, acredito que as coisas mudem.
Quando todos nós deixarmos de ver os governantes como "chefes" e os olharmos nos olhos como nossos empregados, principescamente pagos a custa do nosso suor, da nossa contribuição para a sociedade Estado em que nos inserimos, acredito que a cultura de responsabilização se enraizará em Moçambique.
Enquanto isso não acontecer os paióis vão explodir, ministérios queimar, veremos bombeiros apagar fogo com baldes etc, e as pessoas continuarão (cara sem vergonha) a aparecer na TV sorridentes a anunciar progressos apenas visíveis nos papeis. Sabes porquê meu caro?
Porque apesar de todo o moçambicano que acompanha os fenómenos desta terra saber e sofrer com as consequências do rebentamento do paiol (quantos de nós não albergamos tios, sobrinhos, avos etc?) por exemplo, poucos são os que levantam a voz e clamam por responsabilização e, num país que reina a catalogação, as poucas vozes que se levantam e clamam por responsabilização são, inclusive, ridicularizadas por aqueles que deviam ser os primeiros a apoiar.
Isto é assim porque muitos dos que estão situados "onde se forma a opinião pública" têm medo de criticar os erros políticos ou de governação porque almejam lá estar; porque pensar para muitos desses é um exercício perigoso que os pode afastar do seu objectivo. Porque pensar e expor pensamento próprio, para muitos, caiu em desuso.
Porque para muitos o que interessa é dizer o que interessa ao poder, repetir chavões como se isso fosse certificado de competência. Quando formarmos uma verdadeira sociedade civil e consciencializarmo-nos do nosso papel, os cargos políticos queimarão à mesma proporção dos ministérios e paióis. As pessoas terão a dignidade de dizer basta, não consigo fazer este trabalho por isso vou embora.
7 comentários:
Caro Mutisse,
Gostei do pensamento expresso no teu artigo... e seja bem-vindo a "blogosfera".
... na verdade, se queremos um Moçambique verdadeiramente "melhor", então temos que "cultivar" a mente (a maneira de pensar).
Abraço.
SM
O que me custa mais é ver a nossa geração disperdiçar a sua oportunidade de se afirmar como uma força, como um poder.
O que me custa é ver que estamos encostados numa esquina política sem ideias nem peso na sociedade em que vivemos.
Porquê? Porque nos limitamos a agradecer as migalhas que nos dão, sem nos preocuparmos em conquistar o nosso espaço.
Até quando estaremos nesta latergia de ideias como jovens que somos?
Força!
Bem VINDO A BLOGOSFERA.
Abraços e estamos juntos.
Tudo bem júlio, vamos embora sim, mas com calma.Eu como gestor acabei aprendendo que não vale tomar decisões inexequíveis na pratica. Precisamos de um instrumento que serve de ligação entre o pensamento "sim senhor" e o pensamento real para estimular a nossa vontade de dizer o real e servir para influenciar alguma decisão ou atitude do "empregado politico". Não estou frustrado, mas cançado. Parabens pelo blogg e Vamos embora. Jaime Langa
De facto meu caro Jaime Langa, "não vale tomar decisões inexequíveis na pratica."
Precisamos sim de um instrumento que sirva de ligação entre o pensamento "sim senhor" e o pensamento real (bem dito) para estimular a nossa vontade de dizer o real e servir para influenciar alguma decisão ou atitude do "empregado politico". É exactamente o que defendo.
Só que precisamos sair da sombra da bananeira em que nos encontramos ideologicamente refastelados, e buscar esse instrumento.
Embora o país não se possa ainda orgulhar de ter quadros suficientes, pode se orgulhar de já ter formado alguns com capacidade... o que defendo que a nossa geração deveria fazer é usar esse conhecimento adquirido para buscar/idealizar o tal instrumento de que falas para servir "de ligação entre o pensamento "sim senhor" e o pensamento real para estimular a nossa vontade de dizer o real e servir para influenciar alguma decisão ou atitude do "empregado politico"."
Creio que seguimos na mesma via... apenas em veículos diferentes.
Um abraço.
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