terça-feira, 18 de agosto de 2009

Temas de Campanha

Gonçalves Matsinhe, na sua coluna "Politicando" do Jornal "Escorpião" desta semana, escreveu sobre os temas que devem dominar a campanha eleitoral.

O discurso de Afonso Dhlakama que as TV's publicitaram ontem fez me pensar no que o Matsinhe escreveu e me disse ao telefone; tal como ele espero sinceramente, sinceramente, que as armas de arremesso usuais nestes períodos de campanha sejam as verdadeiras ideias (ou a falta delas), os projectos políticos de cada partido para fazer a pérola do índico um país em que, tal como o colonialismo, a pobreza passou a história.

Tal como o Matsinhe, espero que os tempos de "antena" e de "entretenimento" nas campanhas não sejam dominados por:

  • Homens armados da renamo em Maringue e Cheringoma;
  • Uso de meios do Estado;
  • Acusações sobre corrupção;
  • Patética afirmação da idade de cada candidato;
  • Aliciamento de funcionários públicos para determinado partido etc.
Os partidos e/ou candidatos a Presidente da República, devem ter a capacidade de ultrapassar estas questões que são afirmadas desde as eleições de 1994, apresentando formas de corrigir ou propostas concretas de como podemos fechar estas páginas.

Matsinhe afirma que "nnum país em que os jovens apelam por uma política habitacional realística, ainda não discutimos os critérios e os modelos efectivamente aplicáveis a nossa realidade." Matsinhe acrescenta que "ainda não falamos do fomento da habitação de qualidade mas de baixo custo que seria uma das saídas viáveis tendo em conta as nossas limitações."

Para Matsinhe o mesmo é aplicável quanto às questões de emprego; o ideal é aumentarmos emprego. Para ele, "quando os políticos lançarem estes números e prometerem dar empregos a todos é necessário que sustentem esse osso com um pouco de carne para nos pôr ocupados a pensar e a degustar essa ideia. Como aumentar empregos? Que áreas oferecem maior possibilidade de aumentar empregos? Que políticas devem ser tomados em conta para o efeito? Que reflexo tem a recorrência no nosso contexto económico de investimentos de CAPITAL intensivo ao invés de investimentos em MÃO DE OBRA intensiva?"

Haverá capacidade nos concorrentes a tudo para discutir estes assuntos com propriedade?

Serão os nossos partidos e candidatos capazes de nos presentear com discussão de questões prementes de economia, políticas legislativas, habitacionais, financeiras etc?

Que alternativas nos restam de, faltando esta capacidade, forçarmos que os nossos enseios sejam discutidos na campanha?

23 comentários:

Reflectindo disse...

Amigo Mutisse

Assim muitíssimo apressado diria que concordo 100 % contigo com o ponto que diz respeito homens armados em Marínguè e Cheringoma. O ponto sobre a idade posso também concordar contigo se for mesmo aquela forma patética que acompanhámos nas anteriores campanhas e aí diria nada de falar-se aquilo que as pessoas íntimas lhes dizem: muito bonito, etc. Porém, julgo a idade algo importante no sentido de modernidade mental, isso que notamos ou eu noto em Mandela com mais de 90 anos de idade.

Quanto ao uso de meios públicos, bens de todos nós, acho importantíssimo que os nossos candidatos tenham em conta e por favor que não os mexam sem a devida autorização. A corrupção também deve-se falar dela porque afinal seria não dar ouvidos aos concidadãos que são vítimas. Também que não aliciem os funcionários públicos tirando-se obrigatoriamente da produção para campanhas de determinados partidos. Todos queremos ser livres.

Contudo, para os pontos acima, sou da opinião que não sejam tocados como se queixando aos eleitores para aprisionar o outro candidato, porque afinal todos já gozam imunidade. Neste sentido concordo contigo. O que os candidatos devem dizer para todos nós registarmos e depois pedir contas aos vencedores é como concretamente resolverão aqueles problemas. Que eles digam algo que nos convença neste sentido.

Também concordo contigo que há muito mais que se deve falar/incluir no manifesto eleitoral se é que pretendemos ser sérios aos objectivos de governação: habitação, emprego, saúde, JUSTIÇA (hehehehe, tinhas que dar prioridade o teu sector), educação de qualidade e não menos profissional, etc. Entretanto, penso que nenhum candidato seja onde for pega em temas muito complexos quando não lhe é exigido. Tudo depende do que o eleitorado exige.

Abraço

Matsinhe disse...

Reflectindo, na carta que o Mutisse cita, enfatizo que não é que desmereça qualquer das situações listadas, acho que devemos passar da simples constatação para a apresentação de respostas/propostas claras cada um dos problemas que identificarmos.

é por isso que, tanto quanto para ti meu amigo, o importante para mim também é que, de facto, "os candidatos devem dizer para todos nós registarmos e depois pedir contas aos vencedores é como concretamente resolverão aqueles problemas. Que eles digam algo que nos convença neste sentido."

Os desvios devem ser sempre denunciados mas, em minha opinião, estas denúncias/acusações ocupam tanto espaço no discurso dos candidatos que perdemos tempo de ouvir dos candidatos ideias sobre economia, finanças, emprego, habitação, acesso a educação (a todos os níveis), melhoria dos cuidados de saúde entre outras coisas.

Estarei a dizer que os homens da RENAMO são bem vindos em Maríngue e Cheringoma? Não. Mas se em 15 anos não movemos uma palha para os tirar de lá não servem como matéria para discurso de campanha. É uma matéria sensível e, de certeza, o Estado tem estado habilmente a lidar com o assunto mas, os mesmos que tem responsabilidade de tornar a RENAMO igual aos demais, isto é, guarnecida por pessoas da polícia ou de qualquer outra força oficial, não podem vir lançar a público a sua incapacidade de os remover de lá, quer integrado na polícia quer mandados capinar aquelas matas para produzir comida.

Estarei a dizer que o uso dos meios do Estado para campanhas ou actividades partidárias é legítima? Evidentemente que não. Mas essa tecla está gasta; é necessário avançar para uma plataforma que mostre que há outras alternativas.

Possivelmente estarei aqui a delirar. Se alguém com a ossatura intelectual de um Edwin Hounou já lançou esta forma de debate em época eleitoral, que fará Afonso Dhlakama e outros analfabetos políticos que polulam por aqui?

JOSÉ disse...

Estou ansioso por ouvir e ler propostas eleitorais sérias e convincentes que possam responder às preocupações legítimas do Povo (pobreza, habitação, educação, saúde, etc., etc.).

O discurso habitual que tresanda a demagogia, cansa-me e até irrita, concordo que precisamos de um tipo de discurso novo.

Porém, duvido que seja possível a implementação de qualquer manifesto eleitoral sem combatermos vigorosamente os dois cancros que envenenam o tecido social: a corrupção e os abusos causados pela partidarização da sociedade. Gostaria de conhecer propostas concretas para resolverem esses dois problemas.

Julio Mutisse disse...

Precisamos dessa viragem discursiva para embarcarmos numa nova era.

Eu também penso que um discurso bem passado sobre as perspectivas de futuro pode galvanizar os moçambicanos fazendo-os sentir parte de um projecto.

A despartidarização do Estado é um processo. Os primeiros anos de independência, do partido único, da FRELIMO como guia etc., criaram condições para o que hoje chamamos de partidarização do Estado. As mudanças serão graduais não acontecerão de noite para dia. As células não são de hoje, são de há muito... o que tem que acontecer é que os demais partidos ganhem inserção em meios onde a FRELIMO se impõe. Infelizmente nenhum partido me parece ter essa capacidade de se afirmar como alternativa ou, pelo menos, disputar espaços com um PARTIDO implantado em todos os lugares inclusive nas empresas privadas.

Por causa desta incapacidade, o que resta é o coro de chorilhos dos demais partidos porque, na verdade, nada fazem para inverter o cenário.

Reflectindo disse...

As células do partido nas empresas públicas não de hoje, elas vem deste o tempo do partido único, e nessa altura chamado partido marxista-leninista, partido de vanguarda do povo moçambicano. Concordo com o amigo Mutisse e antes de eu prosseguir apenas queria lhe lembrar que mesmo a Frelimo de hoje não aquilo, isto para não falar do país. Mas se notarem e quiserem concordar comigo (discutível, claro) verão o seguinte: a) elas existiam em pequena escala. Por exemplo, no distrito onde trabalhei até 1984 haviam duas células em instituições de ensino e elas eram centros internatos; b) desde a segunda metade da década 80 que as células da Frelimo nas instituições públicas começaram a desvanecer; c) após a entrada em vigor da Constituição da República de 1990, acabaram as células da Frelimo em muitas instituições públicas e era forma de dar lugar o pensamento pluralista; d) a revitalização e criação de novas e mais células da Frelimo nas instituições públicas recomeçam com a indicação de Armando Guebuza para candidato presidencial e Secretário-Geral da Frelimo. E a partir deste momento, as células da Frelimo só se podem comparar aos grupos dinamizadores nos bairros e empresas ou unidades de produção durante o governo de transição 1974-75 ou primeiros anos da independência nacional. Isto pode ser que tenha acontecido apenas na província de Nampula que muito bem conheço? Não me parece, mas posso saber das outras experiências.

Portanto, podemos construir um gráfico e havemos de ver a curva e a tendência para determinarmos se o fim das células da Frelimo é um processo ou não. A outra questão é se sendo um processo, será que é necessário? Segundo a minha opinião, não é nada necessário que isso seja um processo porque em nada afectou negativamente quando a célula da Frelimo foi desmantelada no Conselho Municipal de Nacala-Porto, em 2004, por exemplo. Entretanto, como eu escrevi lá em cima, algo estranho aconteceu no CMNP, pouco antes da 2a volta deste ano, para lá regressou a célula e a convivência pluralista a que Manuel dos Santos havia instaurado terminou. Quem é culpado?

Ainda é necessário observar que nesta questão de partidarização do Estado Moçambicano é agudo e sem precedentes na governação de Armando Guebuza. Assim aproveito responder ao amigo Matsinhe que Edwin Hounou dá exemplos da governação de Joaquim Chissano e adianta com sugestões para estancar a pressão ao funcionário público para alinhar-se ao partido no poder. Eu digo que o actual governo é sem precedentes na partidarização do Estado porque mesmo no período do monopartidarismo, no tempo de Samora Machel, muitos exerciam chefias nos seus postos de trabalho sem que fossem pressionados a serem membros da Frelimo. Fui director de escolas, incluindo uma escola secundária e centro internato onde havia uma célula da Frelimo sem que eu fosse membro deste partido. Assim eram também muitos amigos directores de Unidades de Produção naquele distrito. Mesmo na altura de Machel bastava o profissionalismo e dedicação ao trabalho. APROVEITO também dizer que o LAMBE-BOTISMO era menor precisamente os méritos para a chefia eram estes últimos.

A minha experiência em sociedades democráticas é que não há células de algum partido nas instituições públicas ou nos locais de trabalho. A pessoa trabalha anos e anos sem saber em que partido um colega vota se ele não estiver engajado directamente a um partido. A pessoa sai da escola da universidade sem identificar a cor partidária dos seus professores, reitores ainda que eles são exigidos a serem o mais imparciais possível. Isto a excepção Campus que são residências de estudantes maiores de 18 anos.

Por último, queria dizer que o uso dos bens públicos e pressão/aliciamento de funcionários públicos para determinado/s partido/s é uma das causas de tal “inexistência” de oposição alternativa e sufoca todo o processo democratico. Eis um ponto.

Escrevi muito, desculpem-me.

Um abraço

Shirangano disse...

Amados,
Perdoe-me pelo tom rude com que aqui me dirijo a vós.

Não devemos enganar a nós mesmos e aos outros. Estaríamos a ser hipócritas ao afirmarmos que os moçambicanos votam por causa do conteúdo dos projectos políticos de cada partido. Por isso, vamos acabar com esses argumentos-mentiras de que os partidos devem apresentar propostas concretas ao invés de se atacarem.

Está claro que cada um de vós votará num determinado partido porque foram domesticados, desde o berço, desde a infância, a votar nele. Ou não votarão a um certo partido devido ao trauma e sequelas provocadas por esse partido. E, ainda, votarão consoante a quantidade de capulanas, camisetes ou outras ninharias que adquirirem ao longo da campanha.

Em nenhum momento irão olhar para o manifesto de cada partido, mesmo que um partido faça copy-paste do manifesto de OBAMA e ajuste para realidade moçambicana, vocês não irão olhar para isso. Vocês nunca votar(am)ão pelo tema!
Quem dentre vós alguma vez votou por causa do manifesto, se pronuncie...eu irei felicitar a esse mentiroso.

Portanto, convêm aos jovens como eu, que irão votar pela primeira vez numas eleições presidenciais e legislativas, a não se deixar iludir e muito menos enganar com essas reiteradas e rotundas mentiras.
Um abraço!

Anônimo disse...

Caro Mutisse,

É complicado não poder concordar consigo e com o Matsinhe, depois de levantarem problemas e questões pertinentes.

Torna-se também complicado dizer ao Shirangano que eu voto em programas, e muitos existem que votam em programas, uns até votam nulo exactamente porque não ouviram programas ou porque os programas que lhes são apresentados são irrealísticos.

Lembra-me o Silvério Ronguane quando concorria ao Municipio de Maputo tinha no seu programa construir uma estação de METRO numa cidade em que os autocarros vulgo TPM ainda são insuficientes, porque não existem meios para adquiri-los, a cidade ainda não estava preparada sob ponto de vista infraestrutural para esse tipo de empreendimento, e claramente esse programa não foi votado, por ser bastante desadecuado a nossa realidade.

Caro Shirangano,

Eu já ví alguns manifestos que são aliciantes, aliás, o meu último texto que podes ler aqui revela que por exemplo a Frelimo inquestionavelmente nos seus manifestos contempla acções que desencadeariam um processo de crescimento, que largamente respondem aos anseios da população, mas invariavelmente o que acontece é que os mesmos não são executados na medida que se espera, a equipe partidária que se cria para realizar os planos muitas vezes não está a altura do que se pretende.

Meus Caros,

Recordam-se de ter ouvido falar de governos sombras da Renamo e da Oposição construtiva de ya kub Sibindy que por sinal apresentou um programa de governação? Eu me recordo, mas infelizmente esses governos sombras desde a sua criação não apresentaram uma contraproposta para a resposta a criminalidade, não apresentaram uma alternativa para credibilização da justiça, não mostraram como poderiamos baixar os combustíveis ou controlar, como poderia ser levada a cabo a Revolução verde, isto é, uma série de actuações que foram flagrantemente falhadas pelo governo da Frelimo.

Agora
Mutisse e Shirangano

A mim me parece que não basta querermos ouvir bons manifestos, porque eu pelo menos os tenho ouvido e lido nalgumas vezes, temos é que questionar quem e como os vai executar, temos é que sermos uma sociedade civil verdadeiramente sociedade civil, e fazermos o check and balance temos que vigiar permanentemente o governo, temos que questionar aos partidos políticos onde eles andam e a fazer o que, porque se não seremos meros receptores de planos bonitos, que todos estaremos convictos que no final não existirão ovos suficientes para fazer omoletes.

Convido-vos a irmos um pouco mais nas nossas exigências, isto é, PARA ALÉM DOS MANIFESTOS

Martin de Sousa disse...

Shir, não quero crer que tu, na infância do século XXI, com formação, acesso a informação (até fazedor de informação e opinião) portanto, capaz de votar por outras razões ainda espere por capulanas para votar. Eu quero votar pelos conteúdos e gostava que tu não votasses por frustração. Gostavas que votasses consciente de que o seu voto é direccionado para o candidato certo, aquele que pode responder aos seus anseios e do país.Tenho feito isso ao longo destes anos de democracia VOTISTA.

Reflectindo,Sempre que falamos de células da FRELIMO nas instituições públicas me pergunto se são proibidas células de outros partidos nessas instituições; me pergunto por vezes se a função pública é, essencialmente, composta por gente que ostente o cartão vermelho da Frelimo. Me pergunto se o coro de choramingas em relação a este assunto não será pela incapacidade de penetração em certos locais a semelhança do que acontece em Gaza (tido por bastião da Frelimo).Mesmo neste caso, mais do que constatar as curvas do gráfico é necessário contextualizar a razão das coisas. A concorrência política obriga os partidos a irem atrás de potenciais membros onde eles estejam...

Anônimo disse...

Caro Mutisse e comentadores

O comentario a seguir ao Shirangano e seguido pelo Martin de sousa e meu Noa Inacio tive algumas dificuldades em colocar o nome, desculpem-me. Do mesmo modo dou indicacao para encontrar um texto que nao consegui postar o sitio que e noainacio.blogspot.com.

Pelo anonimato indevido e involuntario, desculpas.

NOA INACIO

Reflectindo disse...

Caro Martin de Sousa

Penso que fui capaz de explicar as razões das inconveniências de células de partidos nas instituicões públicas. Acredito que dei exemplos que partem do tempo imediatamente a independência ao Conselho Municipal de Nacala-Porto. Falei disto estar a sufocar a democracia se é que realmente a queremos. Portanto, não creio que o meu amigo procurou responder ou contrapôr o que expus que seria muito bom se o fizesse.

Eu não tenho dificuldades em afirmar que torna-se quase impossível que os funcionários públicos manisfestem o seu apoio a um partido da oposicão se estes querem fazer carreiras profissionais. A incapacidade de penetracão vem daí.

Eu preciso é saber se nem que implicitamente, não é proíbido ter células partidárias nas instituicões públicas? O que quer nos dizer a lei eleitoral que interdita propagandas políticas nesses locais? Se não está claro, não seria bom que ficasse claro que células partidárias são proibidas nas instituições públicas? Os funcionários não têm local de residência onde podem exercer actividades políticas nos tempos livres?

Se há incapacidade de se penetrar num espaço sempre há razões e são essas que devem ser investigadas, penso eu.

Caro Noa Inácio

Obrigado pelo reparo
concordo contigo que temos que ir um pouco mais nas nossas exigências, isto é, PARA ALÉM DOS MANIFESTOS. Mas pergunto-te se eleicões servem também para rever o cumprimento do manifesto anterior? Se não fizermos isso não estariamos a apreciar o novo manifesto pela beleza externa?

Caro Shir

Embora misturado a brincadeiras, tens até certo ponto muita razão. Se pegarmos resultados eleitorais e analisarmo-los chegaremos a conclusão que os motivos de votacão variam muito. É dificil aceitar o teu desafio: "muitos votam num determinado partido porque foram domesticados, desde o berço". Alguns já sabiam desde Dezembro 2004 em que partido iriam votar em 2009, independemente de sismo político. Não é uma questão excepcional de Mocambique. Claro que há também alguma mobilidade (alguns eleitores), dependendo do que vai acontecendo durante os cinco anos. Deste modo há os que votam num partido por manifesto, mas este é um passo a dar e quem sabe, a partir de agora.

Abraco a todos

Shirangano disse...

Bem...parece que alguém se escandalizou com a minha posição e mostrou ao ultimo extremo a demência por que ainda se rege. Confesso que não fiquei surpreendido! Portanto, não escrevo com agressividade, mas para satisfazer o capricho infantil de má percepção congénita e de má memória no que diz respeito aos verdadeiros motivos que, pelo menos, eu acredito, levam a votação “compulsiva”.

Eu não disse que esperava por capulanas para votar mas disse “e, ainda, votarão consoante a quantidade de capulana...”- o que é bem diferente.

A população moçambicana, incluindo a ti, Martin, e muitos outros que se dizem, até a náusea, ilustrados, foi amestrada/domesticada, desde o berço, para viver nas rotinas e no automático e, por sua vez, continuarem disponíveis, nos dias de campanha eleitoral, para encher camiões e, no dia das eleições, culturalmente votar num determinado partido. Mas nunca foi ensinada a crescer em consciência critica e fazer escolha segundo o programa como mentirosamente voce defende.

Martin de Sousa disse...

Shirangano, foi você que escreveu "Não devemos enganar a nós mesmos e aos outros. Estaríamos a ser hipócritas ao afirmarmos que os moçambicanos votam por causa do conteúdo dos projectos políticos de cada partido. Por isso, vamos acabar com esses argumentos-mentiras de que os partidos devem apresentar propostas concretas ao invés de se atacarem." Não fui eu.
Não sou eu que pretendo continuar na penumbra e na ignorância de não exigir propostas sérias para a governação do país.
É para si que bastam uns caritos alegóricos qual carnaval à moçambicana para escolher. Eu quero mais do que isso. Quero suco. Quero saber as coisas que o Mutisse e o Matsinhe sugerem. É claro que, como diz o Inácio temos que ir para além dos manifestos, há que ver a exequibilidade e a seriedade de quem as apresenta.
Se ficássemos só nos manifestos ficávamos contentes com uma promessa de um candidato há anos de expulsar os Machanganas para RSA e de um seu comparsa de dividir o país pelo Save... cresça. Você destila veneno até quando é desnecessário e se esquece rápido do que escreveu.
Reflectindo, as minhas perguntas são, de alguma forma, para contrapor o seu argumento. Quando falamos de partidarização até parece que todos os funcionários públicos ostentam um cartão vermelho. Quem imaginava a MCEL (passe a publicidade) a investir tanto na publicidade como agora que já tem concorrência? A concorrência a obriga a produzir conteúdos que captem o interesse de diversos segmentos do mercado. É isso que a FRELIMO faz, vai onde estão pessoas que podem engrossar as suas fileiras. Vocês falam de instituições públicas, mas o que representam essas no universo de eleitores? Pouco. O que se faz ai, multiplica-se em muitos outros sectores a tal ponto que a FRELIMO é esse monstro que muitos aplaudem e outros odeiam e lhes causa úlceras como, me parece, ser o caso do Shirangano que é incapaz de escrever uma linha sem lançar farpas a FRELIMO e a nós que a sustentamos, inclusive com ideias que devem estar a ser aprovadas hoje na Matola.

Martin de Sousa disse...

Noa, a nossa geração não pode se contentar com carros alegóricos em época de campanha. Para exercer cidadania temos que olhar e pensar programas e votar em função desses e nossas convicções. Como diz o Reflectindo, 5 anos depois temos que cobrar a confiança depositada. Se parecer que fomos mandados a maneta e as nossas expectativas não foram satisfeitas, mandamos lixar.

Mas isso nunca será feito por um tipo como o Shirangano que é e quer continuar a ser um dos muitos moçambicanos (que ainda existem fruto da ignorância, analfabetismo, e deficiente acesso a informação) que não querem ser hipócritas afirmando que votam por causa do conteúdo dos projectos políticos de cada partido; que pretendem MATAR qualquer DEBATE ou argumentos (que consideram mentiras) de que os partidos devem apresentar propostas concretas ao invés de se atacarem. Ingenuidade pura, só desculpável pelo facto de ser a primeira vez que vai votar. Deve ser da idade. Está emocionado.

Reflectindo disse...

Não vejo algum mal em alguém falar do comportamento eleitoral. Por enquanto fico de lado a ler os comentários.

Abraço a todos

JOSÉ disse...

Parece-me que algumas pessoas continuam a ter problemas com a liberdade de expressão dos outros, um direito que custou tanto a conquistar.Uma regra básica de civismo é que devemos respeitar as ideias dos outros mesmo quando não concordamos com elas.

Fica bem patente a dificulade de diálogo e debate quando certas pessoas se sentem donas da verdade e recorrem com ligeireza ao insulto aberto ou subtil.

Devemos combater somente as ideias, não as pessoas, o ataque pessoal é inaceitável.

Júlio Mutisse disse...

Ilustres, ora viva.

Parece que o debate ficou bem quente. É sinal de que o tema é interessante.

Shir, é um facto a maioria dos eleitores em Moçambique não olha à mínima aos manifestos eleitorais ou se os olha, se calhar, não faça o que o Noa sugere que é, exactamente, fazer a análise (indo para além deles).

Mas devemos continuar por aqui? Devemos baixar os braços e dizer, pois é, somos assim?

Creio que não, podemos ser poucos com capacidade e até interesse em olhar manifestos e analisá-los mas temos que exigir, até para, pelo menos, influenciarmos as escolhas no seio das nossas famílias ou círculos de amigos onde aparecem muitos que não olham a mínima a essas coisas.

É evidente que num país com o déficit de cidadania como o nosso, motivado, em minha opinião, grandemente pelo analfabetismo, fraca circulação de informação etc., é difícil fazer passar a ideia de que devemos votar por projectos e não assinar cheques em branco de 5 em 5 anos. É difícil mas não impossível.

Pedindo isso Shir, não me estou a enganar nem a ser hipócrita, estou a ser o que apregoo neste espaço: cidadão militantes, activo e consciente.

Estás desculpado quanto a rudeza. Quanto ao seu desaguizado com o Martin, é normal. Vocês são ambos apaixonados e com génios para o "choque" é impossível não se "morderem" mas o essencial dos vossos pontos de vista ficou.

Júlio Mutisse disse...

Reflectindo, neste espaço não tens que te desculpar por escrever muito. Escreveste muito e deste o seu ponto de vista que deve ser analisado tendo em conta o caminho que devemos trilhar para sermos ou termos a sociedade que idealizamos.

Infelizmente, mais do que leitura com base na história do país desde 1975, ou, se quisermos, da época do partido de vanguarda até a abertura ao multipartidarismo é me difícil falar com exatidão sobre células aqui e acolá e/ou contrapor o que disse mas, convirá comigo que se vivemos, crescemos num ambiente do partido de vanguarda, guia da nação, ao qual todos devíamos seguir, estando no activo nas instituições públicas pessoas (não falo do topo) que vêm dessa época primária e intermédia da nossa história, dizer basta a certas coisas se torna difícil. É um processo; requer compreensão inclusive do processo em que embarcamos desde 1990 e incrementado com o AGP. Portanto é um processo mesmo.

Júlio Mutisse disse...

Noa,

O questionamento é fruto de nos reconhecermos como verdadeiros cidadãos e que temos um papel activo na definição dos destinos da pátria amada. O Estado papá acabou e muitos ainda não se aperceberam da inversão dos papeis.

O povo tem o poder e o exerce de 5 em 5 anos escolhendo quem, em cada momento, é o melhor para conduzir os destinos do país. Infelizmente ainda não sabe manejar esse instrumento até por algumas das razões que apontei acima.

Júlio Mutisse disse...

Martin, Vieste com tudo ok. Acho que o essencial do seu ponto de vista ficou. Lá no campo onde te movimentas bem, faça passar a mensagem de que, mais do que distribuir capulanas e camisetes, as campanhas servem para apresentar os manifestos, os programas e/ou projectos concretos para 5 anos ou mais.

José, o respeito pelas posições alheias deve ser mútuo. A primeira actuação das pessoas não pode ser apenas ATACAR. Tem que ser analisar os méritos e a falta deles do posicionamento um do outro.

Não quero fazer juízos de valor mas, por favor, leia os comentários e voltaremos a conversar.

Quanto ao debate em si, o país precisa de alternativas e estas não se devem medir, pelo menos para nós que estamos onde se forma a opinião, pela quantidade de roupa se qualidade que for distribuída.

Noa Inácio disse...

Martin - Shirangano & Mutisse

Os Manifetos de que falamos eles tem existido, probres ou ricos, tem existido. Hoje brilhantemente estamos de forma incipiente a evoluir para uma fase em que ate apontamos o que nao pretendemos ouvir, isto porque achamos que a coisas mais centrais que se podem referir.

Meus Caros,

E bem verdade que grande parte da populacao mocambicana e rural, e como alguem disse, nao esta na Funcao Publica, e estamos erroneamente a concluir que essa populacao nao vota em manifestos, vota sim mas nao na mesma percepcao de manifestos que a nossa.

E preciso compreender que tanto quanto eu, no meio rural o voto de alguma forma e feito na perspectiva custo beneficio. Posso dar exemplo de muitos de nos, viemos das areas rurais os nossos avos, pais nao estudaram, mas sempre incutiram em nos que e na escola que teremos o nosso futuro, alguns nao diziam isso em Portugues, porque mal falam a lingua de Camoes.

Companheiros

A questao da alternativa e das mais bicudas ao longo do nosso processo de escolha de manifestos. Se esta provado que a visao de um bom manifesto no meio rural e acompanhado de capulanas e camisetes, como os nossos vovos vao votar para Presidente da Republica um grupo ou alguem que nao consegue lhes dar camisetes e capulanas, para eles, passa a ser um indicador de que nao conseguirao construir escolas e hospitais.

Meus Caros,

Manifestos existem, podemos ate ser chamados a fazermos a sua avaliacao e vermos que o "peixe com legumes" que escolhemos da ultima vez nao estava bom, mas quando de seguida nao temos mais outra opcao, so pode-se dizer "sim e isso que escolhemos peixe com legumes".

Noa Inacio

Shirangano disse...

Já estou habituado a esses géneros de comportamentos demagógicos, entretanto, a atitude de verdadeiro azedume de Martin-“beato”, de certa maneira, não me surpreende. E desta vez – repito – demonstrou á saciedade toda sua demência-demência.

Várias vezes expressei a minha profunda discordância em relação ás politicas moralistas, ilusionistas e terroristas apregoadas pelo seu partido e continuarei a discordar se elas permanecerem desumanas, em solidariedade para consigo e para com outras vitimas-estupidificadas, visto que foste doutrina e politicamente enganado.

Nunca escondi a minha aversão a certos partidos políticos, ao contrário de ti, meu caro Martin que escondeu as suas simpatias e só revelou por ter sido espevitado ou por se sentir escandalizado.

E, pelos vistos, meu irmão Martin, preferes continuar nas suas mediocridades habituais de um individuo inconscientemente inconsciente que, ao invés de crescer em sabedoria á medida do envelhecimento, opta por um ataque desumano.

Quando me inclui na frase que citas, procurava ser menos rude e não porque me revejo nela como erradamente percebeste.

Mas porque estás a ser psicanalista de janela? Porque agredi as suas convicções?
Tenho pena, muita pena de ti, meu irmão, pelo ar triste e amargurado que transmites nos seus comentarios e pela ingenuidade com que defendes as sua convicções.

Ainda és assim tão ingénuo? Parece-me que meu irmão é capaz de acreditar que “Jesus Cristo foi baptizado no rio Zambeze”, só porque o teu partido reuniu-se e chegou a essa conclusão. Eis a sua desgraca para infelicidade do seu partido.

Não lhe escrevo em respostas aos seus ataques. Escrevo-lhe – repito – por pena, muita e muita pena pela falta de lucidez e emoção erótica. Pela tamanha manifestação de infantilismo partidário. Pela tamanha insanidade mental. Pela tamanha febre de frelimismo incapaz de aceitar uma posição contrária.

Diga-me lá: julga-te parceiro homossexual de Guebuza? Até quando continuarás consagrado na estupidez? Até quando continuarás subserviente, infantilizado, vassalo, irresponsável, domesticado, castrado, mentalmente estéril, sem iniciativa, oco, artificial, falso, cheio de nada, sem graça e alienado?

PS1: Sorry Mutisse por usar o teu cantinho para salutar provocação.
PS2: Não zanguem comigo, importante é acolher a mensagem. Desculpa a todos.
PS3: Não reparem para a contracção.

Anônimo disse...

A Pobrez ainda nao ficou para historia. onde ´que foi buscar essa ideia?

o "colonialismo" tambem nao!
a "colonizaçao" mudou apenas de patrao!
vie-se pior que no passado
Amen

Voz da Revolucao disse...

Caros
O Manifesto Eleitoral da FRELIMO e compromisso do candidato ARMANDO GUEBUZA já estão disponíveis para consulta em www.frelimo.org.mz

vozdarevolucao