Nunca aqui na blogosfera, foi discutida qualquer ideia sem que entre o chavão “prostituição intelectual.” O mesmo, é colocado, sempre que alguém aparece com uma opinião contrária. Já clarifico; as opiniões certas em algum círculo da blgosfera são as contrárias à FRELIMO, sendo que, qualquer uma, que vá de acordo com os posicionamentos deste partido é, de imediato, conotada como a de um prostituto intelectual, de alguém com "pressão, mal-estar, prisão de ventre e problemas de coração" (usando algum palavreado do mais novo Shirangano) independentemente das razões que lhe assistem ou não.
Não quero tirar o mérito de quem usa e abusa deste chavão, dos motivos por detrás do uso deste, queria somente, chamar atenção aos factos na prática para depois voltarmos e rediscutirmos este tema.
O que diz a prática:
Assistimos há pouco, a um movimento desusado de membros do partido Renamo, que, cada um inventando seus motivos, correu para um divórcio litigioso, com o seu antigo partido.
Para alguns, a pressa no divórcio, foi tanta que, antes mesmo da dissolução do seu anterior matrimónio (com a RENAMO), já serviam o novo marido (MDM). (dispensamos os exemplos).
Este servilismo, foi acompanhado por todos, alguns, ainda tentavam esconder o óbvio mas, viajar e divulgar as supostas qualidades do novo companheiro, sem ter dissolvido o matrimónio com aquele era, para nós outros, revelador de uma total falta de carácter, escrúpulos, ganância, desejo irreprimível em querer o que é novo, mesmo que se desconheça esse novo. Para além disso é revelador de desprezo pelo antigo companheiro, ainda que este o mereça!
Outrossim, escreveram recados em forma de cartas explicativas para a imprensa, dissolvendo o seu matrimónio em público, como se, aquando do início de namoro, tivessem feito cartas para a imprensa. E não as fizeram, sabemos todos. E a pergunta que não cala seria: porquê é que o fazem e a quem, se justificavam?
Se fosse para o seu anterior companheiro, que sentassem, na mesma mesa onde antes contrataram, para falar. A fazerem-no em público, tentavam lavar suas imagens, perante nós, o povo. E de novo, outro questionamento: faziam-no por respeito ao povo, ou por mera descarga de consciência?
Esqueciam-se estes, que estavam a lavar a roupa suja em público, o que é contrário, ao princípio secreto do seu namoro.
Alguns, chamaram nomes ao antigo marido, digo partido, claro, bajulando o novo de democrata, como se não o fosse, qualquer novo companheiro que está ainda na fase da conquista.
Outros, os mais perigosos, porque não sabem o que vai produzir este novo marido, não o assumem claramente, ficando porém a alimentar as suas expectativas, esperando, pela possível bonança, para se declararem.
Os que ficaram com o antigo companheiro, digo partido e lembro aqui a propósito, as declarações do Viana de Magalhães, justificavam-se dizendo que “não somos prostitutos políticos”.
Assim respondiam, ainda que implicitamente, aos seus colegas, que logo que viram o novo, saíram a correr. E talvez perguntasse eu que tenho a mania de perguntar: e se daqui há dois anos assistirmos ao nascimento de um novo partido com tentáculos fora de Moçambique? Será que estes mesmos, não se comportarão nos mesmíssimos moldes que se comportam hoje?
Os novos Messias da rotulagem surgem de entre estes ou dos que, indistintamente, os apoiam. Na ânsia de nos terem a cantar de galo fazendo-nos crer no seu evangelho, ter opinião contrária como tocar batuque e comer maçaroca passou a ser pecado mortal; passou a haver necessidade de escopro e martelo para os entendermos e se posicionarem.
Bom, deixemos, isso, mas talvez, seja agora, a altura certa, para vermos o conceito de “prostituto.”
Mas antes, digam-me senhores, é proibido ter convicções políticas nesta terra sem quem nos chamem nomes depreciativos, sem nos adjectivarem?
Porque o apoio de milhares de pessoas à FRELIMO e seu candidato é tomado como significando luta para não “perder o pão e água?” (palavras emprestadas de Shirangano).
Porque é que os que não morrem de amores pela FRELIMO se outorgam ao direito de se apresentarem como Messias cujas opiniões devemos, nós os apaixonados pela FRELIMO, tomá-las “do tipo abrir os olhos aos cegos”? (palavras, novamente, emprestadas de Shirangano).
O que é que cria tanta intolerância com os que se identificam com o partido FRELIMO?
Acreditam mesmo que muitos dos apoiantes da FRELIMO que dão a cara dependem do "pão" dado por esta formação partidária?
Não acreditam que se apoie um partido, seja ele qual for por convicção? Ou a FRELIMO é o único dador de “pão e água” e/ou com potencialidades de sê-lo o que retiraria desta categoria de caça “pão e água” os apoiantes de outros partidos novos ou antigos?
Acreditam mesmo que muitos dos jovens fervorosos apoiantes do Partido FRELIMO estão a procura de um lugar ao sol na função pública ou algo que o valha em substituição dos seus empregos no sector privado, ou das suas empresas onde decidiram empreender?
O que faz crer a quem não está com este partido, que está com a verdade?
Porque será que os que não apoiam a FRELIMO se tomam a si mesmos como os puros, os que fazem tudo por convicção, despegados de qualquer interesse, e aqueles que destilam verdades em contraposição com as mentiras dos outros? (para o meu amigo Shir, são mesmo opostos, puros, "especificamente, repito, especificamente os partidariamente descomprometidos (se concordares que existem), pois estes não se deixam mover por amor partidário que cega e torna hipócrita, apenas vêem a realidade como ser humanos, comovem-se, emocionam-se e emitem a sua opinião com base nisso" - God uffffffff. Santíssimos senhores... hein)
Ser da FRELIMO seria sinónimo de não mais discutir ideias? Não errar e/ou acertar na discussão dessas ideias?
Mas bom, voltemos a prostituição e, atendendo ao referido acima, dito por gente mais ilustre do que nós outros, pode afirmar-se que: não é de descartar a hipótese de existirem prostitutos na FRELIMO, mas o MDM e pelos factos acima, representa, na categorização reinante, um verdadeiro viveiro de meretrizes da política.
Valerá a pena a esta fase conceitualizar prostituição intelectual/político?
31 comentários:
Júlio, esta estória de prostituição intelectual a mim me repugna e muito. Mas chamo-lhe atenção a um facto Júlio: esta, faz parte de uma estratégia, primeiro, para fazer emergir falsos messias.
Já me explico, esta gente, faz-te crer que estando num certo partido que não o deles e neste caso a FRELIMO, está se numa gruta de escuridão, onde ninguém consegue ver nada até o ‘obvio, daí a necessidade de um Messias, para nos tirar dessa gruta. Pudera!
Segundo, usam uma estratégia de estigma, como se fosse doença ser da FRELIMO. Como se os únicos membros da FRELIMO fossem somente os que estão no poder e os outros, só o são e aderem a este partido, porque aspiram também o poder. Pudera!
Esta é para mim, uma tentativa desesperada de construção de uma classe de iluminados, pessoas excepcionais, únicos na visão do que é correcto. Pudera!
Volto Júlio.
Caro Mutisse,
Deveras interessante a análise que fazes. Mas se fores a reler o que escreveste verás que caíste no mesmo círculo vicioso quando chamas os que não se alinham com Frelimo como supostos messias. Isso porque, se os que se alinham com a Frelimo são considerados ora prostitutos intelectuais ora cegos, então, como acabaste de afirmar, os que não se alinham com a Frelimo são messias (assim como disseste).
A ser assim, fica em vão conteúdo a sua análise nesse texto.
Enfim, estamos todos no mesmo círculo vicioso, enquanto uns são messias, apóstolos da desgraça, reaccionários e outros são e assim serão prostitutos políticos.
E deixo uma reflexão para o meu colega bloguista Mutisse. Vamos discutir os termos completos. Se calhar vamos elaborar duas listas completas com todas as designações possíveis. Uma para os que se alinham com o partido no poder e a outra dos que não se alinham. Tudo feito, o Mutisse terá de me explicar: “Porque os que nunca se alinharam com Frelimo foram considerados reaccionários?” Não quero falar de Urias Simango, nem de Jorge Abreu, muito pouco de Lázaro Nkavandame. E depois verá porquê então os outros retribuiram e chamam hoje os que se alinham com a Frelimo como “ prostitutos intelectuais”
Abraço.
Leovigildo
Respeitado Mutisse,
Levantas um assunto importante. De facto há muita falta de ética na nossa política e nos subsequentes comentários dos bloguistas. Não vou aqui parafrasear o Leovigildo que, para mim, disse tudo.
Mais: o Edson Macuacua também deve abandonar a estúpida expressão "auto-vitimizar-se" que, não raras vezes, foi utilizada tanto pelos defensores da Frelimo como os da oposição.
Os que consideram que os defensores da Frelimo fazem-no para garantir “pão e água” deve-se ao facto de que, nas instituições do Estado, as malditas células que lá foram instaladas agem como verdadeiros SNASPs, prontas a repreenderem qualquer manifestação contrária à Frelimo. O que restará aos funcionários, se não fingirem que gostam da Frelimo …?!
Portanto, as rótulas são antigas: vêm da época colonial. Inclusivamente a Frelimo teve (“turra” ou "comunistas") e depois esta deu rótulas à Renamo (“bandidos armados”) e, agora com o MDM, já se fala de “dissedentes da Renamo” como se na Frelimo não existissem membros provenientes de dissidências (e por questoes eticas nao quero colocar nomes).
Mas, concordo que devemos parar de usar essas expressoes porque incomodam a todos e inibem a emergencia de um debate salutar e construtivo.
Orlando
Esse tipo de addjectivacao surge quando acabam os argumentos. Reparem quando os Shiringanos, os Nelsons, os Jonathans, os Reflectindos, os Venancios e outros accionam este tipo de desargumento. Eh quando o debate nao lhes corre bem.
Uma coisa eh os politicos se chamam uns aos outros de comunistas, corruptos, reacionarios, apostoleiros da graca e outros nomes feios. Isto eh intinseco da sua natureza. Mas jah eh inaceitavel quando esse truque barato eh accionado por jovens aprendizes de intelectuais.
Ninguem eh proprietario da verdade e nenhum sonho se constroi com falsidades e com tergiversacoes.
Ilustre Júlio Mutisse, tem a certeza que conhece bem a génese do MDM? Sem me querer alongar em factos que podem ser facilmente verificados, quero apenas afirmar que mesmo depois do tsunami na Beira, não houve intenção de formar um novo Partido, pelo contrário, houve várias tentativas de reconciliação. Sabe mesmo o que se passou? Investigue e talvez fique surpreendido! A sua versão de que houve um divórcio litigioso e que o MDM é fruto da ambição e oportunismo de alguns indivíduos mais parece fazer parte daquela campanha de diabolização que tem revoltado tantos moçambicanos.
Já agora, eu não acredito que todos os simpatizantes da Frelimo sejam oportunistas e corruptos.Há patriotas convictos na Frelimo! Também não sou tão ingénuo para acreditar que todos os simpatizantes da Oposição são uns santos imaculados.De igual modo, há patriotas convictos na Oposição! Mas há algumas situações que continuo questionando: quem insiste na partidarização da sociedade em que os moçambicanos são catalogados consoante a cor do seu cartão partidário? Quem tem apostado num clima de intolerancia em que os opositores são considerados inimigos?
A minha proposta continua a ser a mesma de sempre: ninguém é dono da verdade e devemos respeitar as opiniões divergentes, repudiando os ataques pessoais. O País precisa de diálogo leal e devemos capitalizar mais no que nos une em vez de promovermos a desunião.
Alberto Chipande em Agosto 2009 “os dirigentes da Frelimo fizeram a luta armada para se tornarem ricos”.
Alberto Chipande, na Beira “Daqui não saímos, daqui ninguém nos tira. Nem com as eleições nem com a dita democracia ninguém nos tira”.
Alberto Chipande, na Beira “A campanha que estamos a fazer é para as eleições de 2014, visto que para as eleições deste ano já ganhámos”.
Restam dúvidas de quem é ambicioso? Restam dúvidas?!
E depois vão tentar me convencer de que a CNE e o CC agiram dentro da lei? Não está claro que as eleições de 2009 já foram carimbadas antecipadamente pela Frelimo? Há dúvidas de que o Estado Moçambicano foi sequestrado? Querem mais argumentos para perceber porquê é que a Polícia não actua, diante da violação da lei, pela Frelimo? Querem mais exemplos para perceberem as razões da impotência da PGR, diante de atropelos da lei por parte da Frelimo? Não conseguem entender porquê é que os bens e os funcionários do Estado estão a ser mobilizados pela Frelimo para a sua campanha? Não ficam claras as razões das agressões aos membros da oposição?
É este o Estado de Direito? É aqui onde ninguém está a cima da lei?
Craveira
cmcraveira@gmail.com
Ilustres,
Thanks por terem passado por aqui. Retiro do José algo que eu julgo essencial para nos olharmos olhos nos olhos e, nos diversos pontos de vista, encontrar uma plataforma válida de pensarmos o país, influenciar decisões e caminhar para frente.
Diz o José: "Há patriotas convictos na Frelimo! Também não sou tão ingénuo para acreditar que todos os simpatizantes da Oposição são uns santos imaculados.De igual modo, há patriotas convictos na Oposição!" é pois como "patriotas convictos" apoiantes da FRELIMO, MDM, RENAMO, PLD, PDD e outros que devemos vir debater e pensar o país.
Viva o debate; viva a democracia.
Meu caro Mutisse,
Vou comentar o teu texto:
Dizes “Assistimos há pouco, a um movimento desusado de membros do partido Renamo, que, cada um inventando seus motivos, correu para um divórcio litigioso, com o seu antigo partido.”
As dissidências são tão antigas como a Humanidade. Nada de estranho nem de anormal há nisso. Ainda bem que os dissidentes da Renamo estão vivos. Os da Frelimo ...
A mim espanta-me que Mutisse estranhe situações tão óbvias em sistemas democráticos: “dissidências de membros”, “fusões de partidos políticos”, “coligações de partidos políticos”, “mudança de linha de orientação até mesmo de ideologia política”, etc. São fenómenos normais a qualquer democracia.
Dizes “Este servilismo, foi acompanhado por todos ... sem ter dissolvido o matrimónio com aquele era, para nós outros, revelador de uma total falta de carácter, escrúpulos, ganância, desejo irreprimível ...”
Parece que Mutisse só vê o que quer! Nas fileiras da Frelimo, quantos “divorciados” estão? Um deles até fugiu com “meios” das forças portuguesas. E de resto, não anda a Frelimo todos os dias a “receber” esses “divorciados” de partidos da oposição? Até reservam um momento especial para essa “cerimónia”, nas campanhas eleitorais.
Insinuas que a Renamo tem falta de escrúpulo: conheces bem a Frelimo? Leia e oiça muito bem sobre esse partido. Fez muitas sujeiras e hoje sequestrou o poder. Um deles até apregoa “daqui ninguém nos vai tirar”. O que isso revela? Acaso haverá mais falta de escrúpulo e de carácter que suplante isso? Há ganâcia que ultrapassa essa? Digam qual?
Dizes “Outrossim, escreveram recados em forma de cartas explicativas para a imprensa, dissolvendo o seu matrimónio em público, como se, aquando do início de namoro, tivessem feito cartas para a imprensa.”
Aqueles a quem a Frelimo está a receber, os “divorciados” dos outros partidos, também o fazem em público, em comícios. Mas quando se filiavam à Renamo não o fizeram em público.
Dizes “... e se daqui há dois anos assistirmos ao nascimento de um novo partido com tentáculos fora de Moçambique?”
Onde está o problema de nascer um novo partido e, quem assim o desejar, filiar-se nele? Por acaso é ilegal? Cada um nasce livre e é livre de se filiar em partidos ou grupos que desejar.
“Tentáculos fora de Moçambique?” A Frelimo não nasceu, cresceu e ficou “adulta” fora do país? E não teve apoios explícitos da ex-URSS, China, Cuba, Zimbabwe, Tanzânia, inclusivamente militar? A Frelimo não alojou o ANC, ZANU-PF, SWAPO?
Dizes “... ter opinião contrária como tocar batuque e comer maçaroca passou a ser pecado mortal...”
Isto é o que toda a gente hoje diz. Veja o que os “camaradas” estão a dizer nesta campanha eleitoral. Veja o que Chissano foi fazer na AEU-UEM, no ICS-HC/Maputo, nada mais do que intimidar os estudantes e os enfermeiros, respectivamente. Veja a postura dos membros da Frelimo. E até contam com a Polícia neste esforço maquiavélico, de deter membros da oposição para depois asfixia-los numa das suas celas. Há “pecado mortal” mais mortal do que ser morto porque se é da oposição?
Dizes “O que é que cria tanta intolerância com os que se identificam com o partido FRELIMO?”
Eu pergunto o mesmo, substituíndo “o partido Frelimo” por “os partidos da oposição”.
Dizes “Valerá a pena a esta fase conceitualizar prostituição intelectual/político?”
Eu pergunto: valerá a pena violentar os adversários, excluí-los das eleições? Valerá a pena fazer política como temos feito, sem respeito nenhum pelo adversário? Usando e abusando de bens do Estado? Criando terror nas instituições do Estado a todos aqueles que não confessam ideias da Frelimo?
E valerá a pena juristas e outros ficarem serenos diante de tudo isso? É aqui onde nasce o conceito “prostituição intelectual” pois so agem quando os implicados são os da oposição. Queres mais “prostituição intelectual” do que isso?
Craveira, Carlos Mendes M.
cmcraveira@gmail.com
Carlos Mendes, o meu comentário anterior usando (emprestado diga-se) algumas sábias palavras do José, sumariza o que pretendo(ia) com este post: que deixemos de adjectivações e, nas diferenças de opinião, filiação partidária etc, encontremos o que nos une enquanto gente desta pátria amada.
Acho que é possível, acredito mesmo, ter convicções políticas nesta terra sem quem nos chamem nomes depreciativos, sem nos adjectivarmos.
Em nenhum momento insinuei que "a Renamo tem falta de escrúpulo" aliás, nesse texto não insinuo nada. Disse, isso sim, que "viajar e divulgar as supostas qualidades do novo companheiro, sem ter dissolvido o matrimónio com aquele era, para nós outros, revelador de uma total falta de carácter, escrúpulos, ganância, desejo irreprimível em querer o que é novo, mesmo que se desconheça esse novo." Onde entra a Renamo aqui? Parece que leu o texto às pressas.
Quanto ao resto, remeto-te ao meu comentário anterior na crença de que sejas, tal como eu e muitos outros, um patriota convicto que terá sempre espaço aberto para neste mundo virtual e mesmo no real, discutir o país.
Bem vindo ilustre.
Meu caro
De facto li o seu texto as pressas e ja agora vou me desculpar pela passagem erradamente citada.
Quanto ao resto, tentei provar aquilo que o Jose disse. Todos os partidos tem nodoas, alias, e proprio do ser humano. Ninguem esta imaculado. Mas o teu texto inicial nao vai nessa direccao.
Os meus cumprimentos e o meu publico reconhecimento de que es um patriota e es muito tolerante. Ha blogues em que ideias adversas nao passam. Parabens.
Estamos juntos
Craveira
Seja bem vindo ilustre. Mal de mim se abrisse este espaço para receber comentários concordantes. Nada aprenderia e não acrescentaria nada nestes espaços onde precisamos, permanentemente, de dialogar para construirmos um futuro risonho para todos.
Mutisse.
PS: por acaso já não me maço em comentar em determinados blogs onde mesmo quando concordo, as minhas ideias não passam. Fui negramente listado.
julio, estas de novo de parabens por esta intervenção. acho muito confrangedor que seja dificil o debate de ideias na nossa terra. custa muito discutir e ao mesmo tempo expor o argumento de modo a que as pessoas não se interessem apenas por saber de que lado estou a falar, mas que sentido faz o que eu disse. abandonei a blogosfera activa sem ter conseguido ajudar a criar esse tipo de postura no debate. triste. em agosto li no semanario zambeze o artigo de alguem, cujo nome ja esqueci, que dizia que o verdadeiro intelectual eh aquele que esta no mdm, todos os outros não são. algo assim. a opinião não me incomodou; incomodou-me que seja possivel fazer esse tipo de pronunciamentos sem que o autor fique envergonhado. mas vai lutando por uma outra cultura de debate que um dia a moda vai pegar. abraços. abraço especial ao mpoyombo. estou a curtir bem a musica!
e. macamo
Orlando e Cravinha tiraram-me a palavra. É pena que o meu amigo Mutisse não tenha respondido os pontos que aí estão colocados como resposta profunda ao que nos deu para consumir.
Há um ponto chave que coloquei lá no Shir. Isso que penso que te fez escrever este artigo e eu acho que devemos mesmo discutir com profundidade por dizer respeito a todos. Coloquei a questão da seguinte forma:
"Mesmo na discussão sobre convicção partidária há o que não se responde. Como é que eu posso saber quantos e quais membros das direcções de escolas, chefes dos postos de saúde, professores, enfermeiros, em suma funcionários públicos têm o cartão de membro da Frelimo por convicção? Como é que um consultor de sucesso com cartão da Frelimo pode me convencer que é por suas capacidades se outro é muitas vezes preterido por ser da oposição? Como é que podem me convencer que os directores das instituições públicas são os mais competentes se sabemos que a condição para a promoção é ser membro da Frelimo? Porquê tentar-se negar o que o Shir escreveu "procura de pão e água ou defesa do que tem" se sabemos que mesmo para fazer comercío privado com sucesso é preciso ter cartão de membro? Todos os moçambicanos têm as mesmas possibilidades como está consagrado na Constituição da República?"
Há muito por discutir seriamente neste aspecto, pois que na verdade, afecta também aos partidos da oposicão mesmo que seja em pequena escala.
A outra questão é que o meu amigo Mutisse fala de adjectivacões sem reconhecer que usa muitas vezes e neste texto há muitos adjectivos. Paradoxalmente, a tua última afirmacão é muito válida para todos nós. Falo da seguinte afirmacão: "Mal de mim se abrisse este espaço para receber comentários concordantes". Terão os que concordam contigo visto as adjectivacões neste texto e se viram quiseram te alertar nem que doutra forma? A diversidade é mesmo coisa boa.
Entretanto, podemos admitir que nem todos os discordantes são úteis, pois nem todos trazem algo senão ataques pessoais. Para esse tipo de pessoas ainda que se escondem em anonimato prefiro ignorá-las.
Um abraco
Meu irmão Mutisse,
Chegou a sua mensagem.
Com este seu texto, diga-se tão fechado á realidade (desculpa, mas é o que vejo), vejo claramente que esbarrou naquele meu post intitulado “ Um bicho papão chamado MDM”, particularmente nas hipotéticas adjectivações e especificamente na expressão “pão e água”.
Parece que nada mais leu no texto de, mais ou menos, 3.500 caracteres que o ajudasse a entender aquela minha reiterada tese. É sempre assim. Quando não queremos ver, nem sequer toda a dimensão visível da realidade, dos factos, das ideias a gente vê.
A realidade moçambicana é tão real que eu prefiro viver de olhos abertos, ter os pés no chão e a cabeça apoiados no real que só se vê com os olhos da mente, do coração e não se confundi com aquela realidade que se vê com os olhos e as ideologias idolátricas que roçam ao fanatismo doentio ou devoção.
Por exemplo, Guebuza conduzindo uma viatura, despista-se e atropela um guarda nocturno que está sentado no seu posto de trabalho. Face a essa situação, Shir, como cidadão e movido por compaixão, diz que é uma crueldade e que nunca viu tamanha demência humana; um membro da Renamo dirá que ele é um bêbado, assassino e aproveita exigir que ele renuncie o cargo e que se se dissolva o parlamento. O membro do MDM dirá que se fosse o seu partido isso nunca iria acontecer e coisas seriam diferente, e o membro da Frelimo, por seu turno, dirá que a culpa é do guarda: “quem foi que lhe mandou sentar ali e aquela hora", em, ultima instancia, dira que aculpa eh do carro.
Desaparece a lucidez, a dignidade humana. Fica em seu lugar os interesses partidário-politicos em todo seu esplendor de hipocrisia, corrupto e ladrão do povo e, ainda, se fazem passar por benfeitores. Assiste-se aos indivíduos de mão estendida, a vida inteira e de geração em geração, um país de ajeitar-gravata-do-chefe, politicamente ingénuos que confundem o partido e estado, convicções com idolatria.
Tudo isto nos é dado a ver, a olho nu, mas ninguém quer ver. Pois são partidariamente movidos que nem sequer uma montanha a frente dos olhos conseguem ver, mesmo que essa montanha cai-lhes em cima, esmaga-lhes e eles nem assim vêem.
Meu mano Mutisse,
Saiba que os deuses-partidos, de que fala este seu texto, eu sou ateu. Terá de se actualizar no discurso anti-adjectivações e despojar-se da ideologia/idolatria, para poder ver a realidade, nas suas dimensões visível e invisível, pois, se continuarmos com os sentidos embotados por causa de ideologias, nunca chegaremos a deslumbramo-nos com a realidade. Eu prefiro ver a realidade sem muros nem ameias ideológicos, pois sempre desejei deixar-me surpreender pelo realidade todos os dias.
Fique com a minha paz
Reflectindo,
Este país não pode ser feito de trincheiras intelectuais a partir das quais nos assumimos como os puros, melhores que os demais.
É importante que as pessoas se assumam. Eu sou membro da Frelimo e apoio a Frelimo; quererá isso dizer que esse é o critério de validade ou invalidade dos meus argumentos? Não. Não tenho essa presunção mas, acredite, há quem pensa assim.
O José disse, e muito bem: "Há patriotas convictos na Frelimo! Também não sou tão ingénuo para acreditar que todos os simpatizantes da Oposição são uns santos imaculados.De igual modo, há patriotas convictos na Oposição!" Temos, meu irmão que continuar a debater este país até encontrarmos o que nos une.
Sobre o resto creio que te respondi lá no blog do Shir embora, diga-se, ache que anda a acompanhar mal o país. Há acções concretas tendentes a resolver muitos problemas que afectam os funcionários públicos, sejam eles frelimistas ou não.
Elísio meu irmão,
A batalha por uma postura no debate público ainda só começou. Continuamos com argumentação que visa a pessoa. Assumir-se da FRELIMO e ou seu simpatizante faz recair sobre si a compaixão dos oftalmologistas prontos a "abrirem te os olhos" já que tudo o que pensas ou dizes revela cegueira, hipocrisia etc. A FRELIMO é o poço de todos os defeitos então, para muitos, todos os que apoiam são defeituosos e o que eles dizem não merece ser tomado em conta. Epa cansa.
Mas vamos continuando. Não podemos parar.
Shir,
Embora na sua santa sabedoria Deus não nos tenha posto olhos na nuca, isso não implica que não possamos ver o que está nas nossas costas. Para isso Deus deu nos mobilidade. Tanto podemos virar o pescoço até quase o torcer como podemos virar o corpo todo e contemplar o que a limitação do raio de visão, de frente, não nos permite.
Isto para dizer o quê? Que há vida para além da caixa em que tu vês a sua "realidade". Há vida para além das percepções que te chegam sobre determinados fenómenos; procure captar esses fenómenos para além do senso comum.
Ninguém te pode impingir crenças. Crês no que queres. É legítimo. Mas, quem não tem as mesmas crenças que tu não está, necessariamente, errado ou cego. O errado e o cego podes ser tu mesmo.
Não acredito que olhes para os milhares de apoiantes da Frelimo como aspirantes a "pão e água" em contraposição com os santos dos não apoiantes dessa mesma Frelimo sendo, totalmente, apartidário. Seria ingenuidade demais da minha parte.
Defenda os seus pontos de vista. Funde as conclusões que tiras em algo de concreto... diga com que bases chegas a conclusão de que "Pois, para muitos, significa perder o pão e água e, por isso, têm aversão à opinião do tipo abrir os olhos aos cegos" Quem são, para si, esses muitos? Quem os abriria os olhos? De que pão e água iriam esses ser despojados?
Meu Camarada Mutisse!
Escreves e muito bem, e nos fazes acreditar que o fazes simplesmente para promover o debate. Cantas vivas ao debate, e à democracia mas no fundo, no meu humilde entender, baseando-se na forma selectiva do teu "approach" aos assuntos, percebo que escreves de forma muito tendenciosa(impressão minha provavelmente). De forma "inteligententemente súbtil" e talves sem querer e sem perceber, acabas atacando certas pessoas e ou posições.
Quando no teu texto por exemplo falas de "viajar e divulgar as supostas qualidades do novo companheiro, sem ter dissolvido o matrimónio com aquele era, para nós outros, revelador de uma total falta de carácter, escrúpulos, ganância, desejo irreprimível em querer o que é novo, mesmo que se desconheça esse novo", achas que quem pode não ter entendido que te referes a "malta"Ismael Mussá que logo depois da constituição do MDM viajaram com Deviz Simango à Europa? . É essa a tua "legitima" forma de ver as coisas, se movido pela tua simpatia ou antipatia partidaria não interessa. É esse o "legitimo" juízo que fazes dos actos dos outros(Mussa, Ussore, Moreno etc).
Se me disseres, e eu concordar contigo, que estás no direito de pensares e julgares como bem quiseres os actos dos outros, vou ter que concordar quando em sua própria defesa(contra atacando), os visados(os que se sentem atacados por teus escritos, mesmo que não os tenhas atacado explicitamente) vierem ao tereiro pensar e dizer oque bem quiserem em torno do que escreves.
Quem "semeia ventos" como fazes nos teus escrito, camarada Mutisse, não devia se supreender quando na época da colheita tiver nos seus celeiros fortes tempestades.
Viva o debate, mas que seja sinceiro esse tal de debate!
Caro Júlio, eu continuo a acreditar que há patriotas convictos na Frelimo, assim como os há às catadupas na Oposição.Podemos concluir então que é possível encontrarmos plataformas de diálogo para discutirmos os problemas que afligem o País. Esse diálogo é uma necessidade absoluta e terá de ser feito na base da honestidade e do respeito mútuo.
O grande problema é que torna-se difícil saber se um frelimista é convicto ou oportunista, devido à partidarização da sociedade em que há pessoas que são beneficiadas por serem da Frelimo.
Também sabemos que na Frelimo existe uma linha dura que é intolerante e anti-democracia. O lamentável é que os frelimistas moderados e patriotas não são corajosos e vocais para se distanciarem dos camaradas com tendencias intolerantes , anti-patrióticas e anti-democráticas. Por exemplo, é perturbador que os frelimistas patriotas se mantenham silenciosos perante os discursos de Alberto Chipande e outras personalidades da Frelimo. Que eu saiba, estas situações não são discutidas a nível interno na Frelimo.
Mesmo na blogosfera, todos sabemos das intervenções intolerantes e despidas de respeito com que alguns frelimistas nos brindam. Este seu texto também não ajuda porque de forma subtil faz afirmações tendenciosas.
O diálogo e o debate são possíveis mas só acontecerão com sinceridade, tolerancia e respeito. Até que isso aconteça, o País está condenado a ser adiado pois é impossível avançarmos num clima de constante guerrilha.
Há patriotas na Frelimo sim, mas como conseguiremos distinguir e separar o trigo do joio?
Viva a democracia e Viva o diálogo!
Um abraço!
Caro José, eu entendi a frustração do Júlio neste texto, na verdade o seu desabafo. Júlio quis mostrar que ninguém se deve arrogar ao direito de enxovalhar o outro e que, não podemos achar que a razão nos assiste, só pelo simples facto de estarmos do outro lado, como se outro lado fosse o melhor e/ou produzisse o melhor (argumento que serve ao Júlio, como a qualquer outro).
Júlio, até quis produzir empate, (nem que o mesmo não seja salutar para o debate), no sentido de que o que usas como arma contra mim pode-se revelar uma grande arma contra si. E claro que quando se chega a este estágio, terá razão quem falar mais alto.
Mas eu penso, que esta situação de empate nos insultos Ainda que subtis, trazem um novo dado: uma análise igual a esta que o José traz, no sentido de que devemos matar todo e qualquer discurso de insulto e vamos ao que é útil ao povo. E ai concordo consigo meu caro, totalmente.
Quero acreditar que este post, seja o selar de um novo compromisso de debate baseado no respeito mútuo (se é que é possível)
Ao debate de ideias, porque o melhor está nelas.
P.S. Agora, se o debate de “prostituição, de escovas e companhia” voltar, penso que o Júlio não pode ser o único nestas bandas a cultivar o bom senso.
Mutisse,
Continuo a perceber que a frase “Pois, para muitos, significa perder o pão e água e, por isso, têm aversão à opinião do tipo abrir os olhos aos cegos", de certa maneira, causa-lhe desconforto. Mas porquê será? Será por se tratar de senso comum? Não acreditas que possa existir essa corja, na sua maioria, com objectivos de fazer face ao clientelismo que, não só se faz sentir no Estado, também nas empresas onde o Estado e algumas figuras do governo tem uma determinada posição accionista? Achas mesmo que muitos dos fervorosos apoiantes tem consciência de que não passam de meros votos para legitimar uma dúzia de indivíduos que, a primeira coisa que fazem quando chegam ao poder, invariavelmente é ampliar os seus privilégios e negócios ate para lá do pecado?
Entretanto, morro de jubilo por saber que me baseio em senso comum, pois creio que me sentiria triste se me apoiasse em documentos, estudos, boletins partidário-infantilizadoras cientificamente concebidos, gerados e paridos para alienar e entreter ignorantes.
Queres que eu me pendure em estudos? Os mesmo estudos que quando beliscam a Frelimo, o caro Mutisse, afirma que se trata de formas de descredibilizar o governo da Frelimo. E quando fazem carícias, se pendura neles e começa a baloiçar!
Saiba que já percebei que o camarada Mutisse quer que eu interiorize o seguinte: o meu irmão apoia, com unhas e dentes, a Frelimo por convicção e não por que espera tirar dividendos, uma vez que nasceu ou cresceu num sitio onde se respira e se tosse Frelimo. Tudo bem, já entendi!
“Há vida para além da caixa em que tu vês a sua "realidade" – evidentemente que sim, assim como há vida para alem da “realidade” que se vê debaixo de uma papaieira ou a vegetar no sovaco da OJM e OMM.
Não me diga que tu e a sua confraria pretendem ditar as regras de pensamento aqui? Por acaso querem que sejamos a vossa imagem e semelhança para deixarmos de ver a realidade distorcida e vermos o paraíso que vocês vêem? Querem que sejamos cordeirinhos ao invés de lobos? Não acha que é uma pretensão insana lutar contra o binário universal: o bem-mal, anjos-demónios, duro-mole, quente-frio, etc? Ou e' senso como achar que uma coisa e, fria ou quente?
Renovo a minha paz!
Caro José, a sua afirmação e crença de existência de patriotas neste país me conforta. Pensei que até isso já fosse duvidável. Se reparares segurei me nas suas palavras para vincar a necessidade de nos olharmos como patriotas na discussão que é necessário que tenhamos para desenvolvermos este país.
José, o contexto histórico não pode ser ignorado quando falamos de um forte pendor frelimista na sociedade moçambicana. O regime implantado nos primeiros anos de independência, a propaganda, o ideal de a FRELIMO ser a "força dirigente do Estado e da Sociedade" não foi SÓ algo escrito no art. 3º da Constituição da República POPULAR de Moçambique, foi algo implementado e disseminado.
Essa partidarização não nasceu hoje portanto; vem de há muito.
É lógico que actualmente as coisas mudaram; há outros partidos que começam a disputar espaço com a FRELIMO, que buscam apoios no mesmo espaço. Julga o meu amigo que a FRELIMO deve baixar a guarda? Que deixe as coisas por aí? Não. Ela continua a querer salvaguardar os membros que tem e conquistar outros mas sempre dentro do jogo político reinante.
Os partidos que emergiram de 1990 para cá devem encontrar estratégias de suplantar a FRELIMO; o que acontece é que me parece que não estão a trabalhar no sentido de traçar estratégias viáveis passam a vida a queixar-se da partidarização da sociedade como se ignorassem o contexto moçambicano, como se a FRELIMO tivesse implantado isso desde 1990 ou desde 2004.
Há muito a fazer José. E parte disso é pensarmos no futuro... olharmos o passado como referência.
Eu se fosse de um partido da oposição me perguntaria qual é a génese do frelimismo convicto e até do frelimismo hipócrita que também existe ou, inclusive, do frelimismo oportunista e traçaria as minhas estratégias em função disso para conquistar membros convictos da minha ideologia e, se possível, afastar os hipócritas e oportunistas pois estes, existem de todos os lados...
Nelson, obrigado por cá vires. Obrigado pelo reparo. O que pretendia com este post está sumarizado no post seguinte.
Shirangano,
Acho que é importante contextualizar as coisas. És inteligente Shir; acredito nisso.
A cidade, por vezes, funciona como uma caixa; agente vê os fenómenos que ocorrem aqui e os projectamos para um país. Olhamos, por exemplo, para a cidade de Maputo e/ou Matola "centros do universo" político, económico e industrial e projectamos o Sul do país (como um todo) como o privilegiado em contraposição com o centro e norte completamente desnivelados... são formas de pensar.
Sabe Shir, pessoas como eu, que, nestes fóruns, assumem a cor paridária representam uma minoria no universo dos apoiantes da FRELIMO. Mesmo nessa minoria, poucos são os que vivem e/ou dependem de ordenado proveniente da função pública ou de empresas públicas ou ainda participadas pelo Estado. No universo dos apoiantes da Frelimo nós os urbanos e/ou urbanizados somos uma minoria mas o partido tem largos milhares de jovens apoiantes por este país fora, nas localidades, postos administrativos etc que o fazem por convicção, por ser a Frelimo e por ser essa a força que personifica as realizações a sua volta. Quererão os jovens frelimistas da minha localidade ser Ministros? Têm escola por perto, hospital, estrada boa e sonham que mais pode ser feito e confiam que quem pode fazer isso é a Frelimo. De certeza dirás que são cegos... hehehehe mas se calhar têm mais visão que muitos de nós juntos. Que os demais os conquistem se poderem; por isso aquela frase que repetes há meses me incomoda.
Oportunistas existem em todos os lados. Acreditas mesmo que todos os que se bandearam da RENAMO para o MDM o fizeram por convicção ou por acreditarem ser essa uma plataforma de chegarem perto de onde os recursos jorram? Acreditas na santidade de todos os que abandonaram a FRELIMO, RENAMO, PDD para se filiarem a FRELIMO? Acreditas que não o fizeram por pensar nos ganhos que o furacão beirense não se desvaneceria e os poderia levar, por exemplo, para o parlamento? Já imaginaste a frustração dos que abandonaram a RENAMO para se filiarem ao MDM na crença de chegarem ou manterem-se no parlamento? Não imaginas que esses possam ser um problema num futuro próximo para este partido?
Shir, as pessoas têm consciência de quem pretendem que continue a governar ou de quem gostariam que viesse governar. Devolveria-te a pergunta: ACHAS QUE OS APOIANTES DA FRELIMO NÃO TEM TEM CONSCIÊNCIA DE QUE SÃO MEROS JOGUETES, "meros votos para legitimar uma dúzia de indivíduos que, a primeira coisa que fazem quando chegam ao poder, invariavelmente é ampliar os seus privilégios e negócios ate para lá do pecado" EM CONTRAPOSIÇÃO AOS APOIANTES DO MDM QUE SÃO CONSCIENTES E SÃO OS VISIONÁRIOS QUE VÃO COLOCAR VERDADEIROS MESSIAS? É isso? Então?!!!
Pendure-se em estudos credíveis Shir. Em estudos feitos com rigor e por gente que conhece o país. Tens que ter dúvidas e aquilatares te quando descobres que um relatório feito por uma agência como a USAID de 2009 desconhece que temos um código comercial recentíssimo, do século XXI e refere que "muitos dos códigos são do tempo colonial ( como é o caso do código comercial de 1884) necessitam de actualização". Na verdade, este é um lapso. O Código Comercial em vigor na República de Moçambique foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 2/2005, de 27 de Dezembro. Uma vez que o relatório é de Fevereiro de 2009, era suposto que os autores tivessem esta informação. Em quanto mais não HERRAM esses UMANUS?
Vou te aconselhar uma leitura interessante e não propagandística: as avaliações do Tribunal Administrativo à Conta do Estado; Acoordãos do CC, as "notas" recentes do CIP feitas com um rigor invejável e com conhecimento da realidade.
Apoio a Frelimo por convicção. É verdade que os que opinam política entre os que vieram do mesmo ventre que eu o fazem sempre pro-frelisticamente. Mas cada um pelos seus motivos; cada um com a sua consciência.
Até hoje a FRELIMO me realiza, me representa. Quando sentir que não o faz mais... tenho consciência mas, não será amanhã, pois a FRELIMO ainda não tem, a meu ver, alternativa no presente. Gostaria até que o MDM fosse essa alternativa por motivos que já dei antes.
A minha opinião sobre a OJM conheces. Ai da OMM um dia descobrir o potencial do poder que tem... São organizações inseridas no meu partido que, a meu ver, não fazm o que, verdadeiramente, deveriam fazer: ser, dentro do partido, uma voz representativa da classe que, por natureza deveriam representar; serem o vector da formação, dentro do partido, das políticas que devem nortear os seus membros. A minha papaieira é outra: a minha consciência, a minha visão, a minha capacidade.
Não há que ditar regras de pensamento, mas sempre podemos dizer basta a certas coisas. chega de se apresentarem (no vosso anti frelimismo) como a lixívia que vai lavar as mentes dos que pensam diferente; chega de se apresentarem como os superdotados e se colarem a insultar tudo e todos.
É bom ser diferente... mas ser diferente demais faz com que nos olhem com desconfiança...
Caro Mutisse
Afirmas isto: "Essa partidarização não nasceu hoje portanto; vem de há muito."
E depois prolongas, até ao que pensas que a Oposicão devia fazer. Quando quiseres tocar neste assunto que muitas vezes esquivas, minimizas o efeito da partidarizacão da funcão pública, alegando que esta não incorpora a maioria dos moçambicanos. Muito bem, mas eu digo que é o maior sector empregador em Mocambique, que é lá onde está a administração do pública (o executivo) que chega até a aldeia onde moram os meus pais; é na função pública onde está o poder judicial e os efeitos de partidarização são bem sentidos pelos camponeses de Chipene de Nairoto.
Mas porquê não os podias minimizar se os efeitos da partidarizacão da função pública não te abalam? Precisavas de conhecer dezenas de pessoas com cartão vermelho a dizerem que o têm para assegurarem aquele posto de direccão daquela escola (subsídio de direccão + o salário miserável = pão e água), mas é possível que não tenhas essa possibilidade, por qualquer razão. Eu tenho essa possibilidade, estou sempre em contacto com pessoas que vivem nessa condição, quiçá em depressão. Eu conheço pessoas que sofreram depressão devido a exclusão e que queriam resistir abertamente e hoje não estão entre nós. Pessoas muito validas para contribuição no desenvolvimento do país. Conheço mesmo pessoas e que muitos dos leitores aqui conhecem.
E tu não discutes isto porque não conheces os excluidos. Conheces apenas os que não conseguem isto e aquilo por razões óbvias. Muito bem, meu irmão.
O que esperei que manifestasses, apoiando-te na tua conviccão, era que me dissesses que tu e eu vamos construindo um Moçambique mais justo.
Por último, juro que não te entendi sobre o que a oposicão devia fazer para a despartidarizacão da funcão pública. Queres que a oposicão o assalte a mão armada? Porquê não concordas que as células da Frelimo não têm razão de existir nas escolas? Já há tempos escrevi neste blog sobre o historial das células nas escolas, pelo menos na província de Nampula. Portanto, não concordo com as desculpas de que elas sempre existiram lá. Até há sensivelmente cinco anos, elas não existiam na maioria absoluta das escolas em Nampula.
Espero que discutamos só isto e nunca entrares subtilmente a minha pessoa. E se entrares, diz-me quem anda a falar sobre mim.
Aquele abraço
Reflectindo, Quando me formei em 2004 concorri e entrei para o centro de formação jurídica e judiciária (curso que não conclui por causa da saúde da minha filha) e tive como colegas pessoas que vinham comigo da Faculdade de Direito da UEM que nunca esconderam o seu amor pela Renamo (depois PDD) e nem as mágoas de pretensos erros cometidos pela Frelimo que os tinham magoado. Estes colegas e amigos meus concluiram o curso e andam por este país a trabalhar para melhorar a administração da justiça no país como juízes ou procuradores.
Há de se perguntar porque lhe conto isto. Talvez até duvide da sua veracidade. Está no direito; mas, para mim, aquela foi uma prova de que o que releva é competência e não amores ou filiação partidária; entramos 40 bons (só podíamos ser para entrarmos naquele exame, sem falsas modéstias) juristas que aspirávamos fazer carreira nas magistraturas independentemente da filiação partidária aliás, outra alternativa não havia, já que a nossa actuação tem que ser baseada na lei: condena-se o absolve-se com base na lei em vigor e não no cartão de membro que ostentamos.
Eu acredito na competência. Juro te que me recuso a ver em cada chefe de sector, de departamento, director um fervoroso membro do Partido no poder. Prefiro ver nele uma pessoa que foi colocada ali por mérito. É sempre assim? Não, é óbvio mas isso não é exclusivo da função pública. No sector privado já trabalhei com gente sem skills para liderar seja o que for... por incompetência pura.
A oposição não tem que assaltar nada a mão armada; a oposição tem que fazer um trabalho meritório que passa por sensibilizar a sociedade sobre a sua visão do país; criar consciência de cidadania; dinamitar as resistências à diferença; conquistar mais membros verdadeiros, que se assumam sem medo de absolutamente nada; que digam o que pensam e que tenham coragem de, onde estiverem, tal como fazem os membros da Frelimo, procurarem conquistar mais gente para a sua causa.
Já agora Reflectindo, tu e os seus não querem ser membros da Frelimo?
Amigo Mutisse
1. Não quero ser membro da Frelimo.
2. Conquistar mais gente para a causa do país passando por MDM, concordo e é o que faco. Mas o que está em questão ou o que eu coloquei aqui é a questão de partidarizacão do Estado. Para mim, isso não passa pela conquista dos funcionários públicos para as fileiras partidárias. Esta pergunta esquivas muito. Achas que células de partidos são necessárias nas institucões públicas? Eu não acho, porque os funcionários estão no servico para trabalhar e actividades políticas podem eles fazer nas zonas residenciais. Lá, eles contribuem melhor para os problemas dos bairros onde eles vivem.
3. Estamos a discutir a questão de carreiras profissionais, incluindo cargos de chefias. Sei que há juristas, professores, técnicos que se simpatizam com a oposicão. Mas estes chegam a ser juizes-presidentes, procuradores chefes, directores de escolas, chefes de seccão no local onde trabalham, enquanto não conseguirem fingir que são membros do partido no poder? Eu estou a dizer que conheco muitos que a luz do dia exibem cartão da Frelimo, mas de noite não se simpatizam com ela. Agora podes me dizer se entre esses teus ex-colegas simpatizantes do PDD ou Renamo há quem é juiz-presidente ou procurador-chefe sem necessariamente mudar de simpatias partidárias?
Fracassei nesta tentativa de te frelimizar. Mas não vou desistir.
As instituições públicas estão ao serviço do cidadão. Não são lugares de politização. Mas, os funcionários públicos são cidadãos conscientes e que tomam opções por um o outro lado. O que defendo e insisto é que se o MDM quer acabar com a partidarização (se é que em absoluto existe como afirmas) que conquiste esses cidadãos e faça deles seus membros verdadeiros e não hipócritas. E que a Frelimo expurgue esses que de dia são seus membros e a noite "mdmizam-se" ou "renamam-se". Isso tem que ser feito nas instituições públicas? Não.
Reflectindo, os meus colegas de que te falei, todos iniciaram as suas carreiras nos distritos mais recônditos deste país como procuradores chefes e como juízes presidentes a esse nível. O sistema de ascensão nessas carreiras não é similar ao da empresa onde trabalho tem critérios próprios. Não é de crer que, nenhum deles, chegue amanhã a juiz presidente provincial ainda tem que comer muita poeira e ganhar tarimba dentro dos critérios definidos para isso. Entende?
Deve estar a pensar que as coisas se passam da mesma forma em todo o lado... não meu caro.
Este país está a mudar para melhor.
Enquanto a conversa for útil continuaremos a falar.
1. Não es culpado em não conseguires me frelimizar. Mas olha, já escrevi no Reflectindo que me simpatizei com a Frelimo, pelo menos ela como frente. Por tantas razões já tive aproximações e desaproximações com a Frelimo. Tudo isto indica que não sou inimigo da Frelimo, mas que em nome da democracia, serei seu oponente. Desaproximações aconteceram e acontecem sempre em momentos das minhas exigências à seriedade. Podia te contar sobre um episódio que se deu em 1985, mas não o faço aqui. Só quando estivermos frente-a-frente e tu quiseres saber disso.
2. Embora eu não tenha te entedido muito bem quanto à possibilidade de se ser juiz presidente provincial fica, presumo que é o que se passa em todos os sectores. Ora, eu sei muito sobre a área de educacão que chegar até a director de distrital ou provincial de educação não é das coisas muito fáceis. Tenho amigos, colegas e até familiares que já trabalham nas direcções distritais há mais de 20 anos sem daí progredirem. Alguns aproveitam ou aproveitaram a progressão com estudos ou nível académico. A minha preocupação quanto à progressão na carreira profissional no sector da educação, vai mais para a escola. Ser membro da direcção, precisa mesmo de confiança política?
3. Mas fica gravado que a minha luta é que tanto nas direcções distritais, provinciais e nacionais como nas escolas de todos os níveis se alcancem as chefias por concursos públicos.
4. Não tens culpa que não notes as consequências da partidarização do Estado. É isso que escrevi nos comentários anteriores. Podes imaginar que sabes, mas garanto-te que não sabes até como a situação é grave e perigosa para a nação. Não sabes porque não tens contacto com os mais afectados, e, nem há franqueza por parte dos que são membros da Frelimo e têm contactos directos com os que sofrem pressão. Embora eu me comunique muito bem contigo, digo-te francamente que escrevo sobre este assunto superficialmente, protegendo alguns amigos e colegas ligados à Frelimo por conveniência e outros que por aí sofrem. Deves saber que ser reconhecidamente da Frelimo por convicção, pode ser também uma desvantagem. É o mesmo para nós que somos opositores da Frelimo por convicção. Somos obrigados a evitar conversar com certos amigos em público. Se eu tivesse coragem ou uma confiança total em ti para descrever-te e até com nomes, talvez visses os efeitos da partidarização do aparelho do Estado. Meu amigo, até há altos governantes que manifestam amargura sobre a partidarização da função pública. Há muitos altos governantes sim, muitos mesmo. Entretanto, quando estão entre camaradas, todos eles fingem e se possível manifestam o contrário, uma postura que vem desde o tempo colonial.
Eis a razão pela qual te convido a reflectir MUITO BEM SOBRE A DESPARTIDARIZAÇÃO DA FUNÇÃO PÚBLICA. Em Moçambique, já estamos a viver o ambiente entre Coreia do Sul e Coreia do Norte. Não podemos continuar a viver nessa situação. É perigosa, sobretudo para nós que vivemos e praticamos o multipartidarismo dentro das nossas famílias e círculos de amigos.
Bom fim de semana
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