segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A Propósito dos 61 Anos de Miragem

A propósito de Direitos Humanos: 61 Anos de Miragem, um post publicado no Blog do meu amigo Custódio Duma, e trazido a debate via email pelo desaparecido Salema (o Ericino), o Milton Machel colocou algumas questões que julgo importante ampliá-las por esta via para benefício dos que não receberam o Email. Reproduzo igualmente a resposta do Ericino ao Milton.

Basílio e Salema, meus caros. Algumas inquietações de ocasião:

O que significa, de facto, quando proclamamos A Luta Continua? (vamos continuar a fazer as mesmas coisas, a lutar do mesmo jeito?)

O que é isso de Geração da Viragem que somos agora (que viragem pretendemos induzir e conduzir)?

Que Utopia nos impele e compele a Lutar por Moçambique (para Moçambique ser o que)?

Por que Direitos afinal estamos a lutar? Em que etapa da Luta pelos Direitos Humanos estamos? Como estamos a lutar?

Qual o sentido de autocrítica nessa Nossa Luta pelos Direitos Humanos?

Ate que ponto somos, os mais esclarecidos, os mais privilegiados, os mais mediáticos, agentes dessa Causa em cada acto público nosso?

Andamos a pregar, palestrar, debater os Direitos Humanos, mas que pedagogia dos Direitos Humanos realmente praticamos?

Será mesmo o mais importante que A Luta Continua, qual praxis...ou como continuar a Luta?

Se me conseguirem responder ao meu Estado de Inquietude patente neste questionário, ser-me-ão de grande ajuda... há um pensamento em mim que se quer organizar sob a orientação desse puzzle de questões, mas não encontro a bússola manos, ajudem-me a acha-la!!!

Bem, retorno a minha reclusão sabática na companhia do Obama (A Minha Herança) e do Amin Maalouf (As Identidades Assassinas)...prontos, the struggle must continue...but what struggle, and How?

Aquele abraço, MM

Caro Milton,

Em prefácio à primeira edição do “Compêndio de Documentos-Chave dos Direitos”, Julia Dolly Joiner, comissária para os assuntos políticos da União Africana, refere que os Direitos Humanos, a segurança humana e o desenvolvimento humano são interdependentes, indivisíveis e inter-relacionados, constituindo, assim, elementos inseparáveis na demanda de África pela prosperidade.


O continente em que o nosso país se situa continua, hoje por hoje, a enfrentar sérios desafios no que diz respeito aos Direitos Humanos. O genocídio de 1994 no Ruanda, diz Julia Joiner, é a mais vívida recordação da necessidade urgente de reforçar a nossa determinação e os mecanismos para a concretização dos Direitos Humanos para todos em toda África.


Por cá, é por demais óbvio que há muita luta por ser levada a cabo, para que os Direitos Humanos sejam sinónimos de segurança humana e de desenvolvimento humano. Sem, nisso tudo, nos esquecermos do facto de o Estado ser o único sujeito activo do crime de direitos humanos.


Quando se diz a luta continua, não se pretende, penso, significar que, no campo da comunicação social, por exemplo, continuaremos a dar o nosso contributo sem investigação; que, no campo do acesso à justiça, continuaremos a ‘conviver’ com inúmeras almas impedidas de aceder à justiça, devido às elevadas custas judiciais; que, no domínio da efectivação do direito à habitação, continuaremos a achar ‘normalíssimos’ o convívio com juros proibitivos. Continuar a luta é alterar o status quo, onde tal se mostra necessário. Sempre, mas sempre mesmo, com a necessária sofisticação e determinação.


No campo dos media, em particular, conforme explicava há meses em entrevista ao “Bantulância”, de Josué Bila, a luta no domínio dos Direitos Humanos não pode ser somente feita com um ‘jornalismo pão e manteiga’…


Outra vez, mano Milton, “A Luta Continua!”, como canta a saudosa Miriam Makeba. Venceremos? O mundo da utopia pode nos proporcionar óptimas respostas a esta indagação…que nada tem de helénico!


Pergunto: o caminho está claro?

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