Por causa da leitura deste blog sugerido por um amigo por email, cá estou eu de volta a um tema que me fascina: jornalismo.
Compatriotas, que jornalismo temos em Moçambique?
No blog que sugiro tem os seguintes statements:
- O mau jornalismo não presta serviço à sociedade.
- O mau jornalismo não procura a verdade.
- O mau jornalismo é pago para propagandear.
- O mau jornalismo é feito para fazer lavagens cerebrais.
- O mau jornalismo não procura o onde, quando nem o porquê.
- O mau jornalismo NÃO APAGA a memória nem branqueia crimes.
- O mau jornalismo é um fait-diver.
Que relação existe entre o listado acima com o jornalismo feito em Moçambique? Reconhecemos algo do nosso jornalismo nesses ou em algum desses dizeres?
Um abraço.
(espero que a Zenaida, o Mapengo, o Milton, O BULDOZER - sabem de quem falo hehehe - e outros grandes jornalistas e comunicadores passem por cá... e que não me trucidem)
8 comentários:
Julio
O nosso jornalismo apresenta também estes pontos que levantas e que consideras “mau jornalismo”. Penso que esta é uma profissão de compromissos e, o que arrolas levantas a simples questão de “com o quê” o jornalismo deve se comprometer. Penso que é com “a verdade” até onde for possível se chegar.
No nosso jornalismo há muitos que estão comprometidos com a verdade, que querem que o jornalismo desempenhe a sua função de construtor de memória social. No entanto, muitas das vezes, os nossos jornalistas fazem uso desse papel como simplesmente uns privilegiados. Por várias vezes em conversas ouvimos algumas figuras importantes do nosso jornalismo a repetirem linguagens como “quero tramar esse tipo, conheço muitos podres dele.”
Realmente ele conhece muitos “podres” – neste caso se refere a “verdade”. Penso que a utilização de factos/verdades neste caso para “tramar” estamos perante UM MAU JORNALISMO. Se prestarmos atenção, os nossos jornais me parecem mais um espaço de perseguição e vingança.
Atenção Júlio, este é um outro ângulo de jornalismo que podíamos ocupar um tempo a interpreta-lo através dos artigos que aparecem nos nossos órgãos, que não sendo mentira não tem nenhum interesse social. Daqueles artigos que acabados de ler se pergunta: “e depois?”
Mas há também um bom jornalismo, me refiro aquele que está preocupada com a construção de uma sociedade, que está comprometida com a verdade não pra tramar nem para julgar mas sim para trazer os factos, relatar os acontecimentos.
Se me perguntasses se temos um BOM JORNALISMO EM MOÇAMBIQUE, a minha resposta seria
SIM, OBVIAMENTE QUE SIM!
Temos em Moçambique, bons e maus jornalistas. Os maus foram bem caracterizados pelo Mapengo, os bons são aqueles que ponderam antes de escrever, são aqueles que nos trazem factos reais, que nos falam do país e do mundo de uma forma honesta, são aqueles que sabem que a sociedade lhes respeita e procuram retribuir com boas noticias, são aqueles que servem a profissão e não a interesses obcuros, são aqueles que nos trazem noticias e não fofocas dscabidas
Muitos jornalistas devem larger a mania de se verem no espelho de suas vaidades. Devem também parar de serem dependentes da fortuna de quem paga.
Parar com jornalismo de malabarismos verbais de colaboradores de fingimentos, do distanciamento com o cidadão: principal alvo da sua actividade.
Penso que o jornalista não deve castrar a voz do cidadão, mas sim, dar a voz ao mesmo,para que seja este, na primeira pessoa, a denunciar.
Mas temos muitos bons jornalistas,excelentes, mas a mim o problema situa-se no facto dos bons não usarem a excelência para o fim a que se propõe um bom jornalismo,mas antes, distorcendo a verdade, deixando que a militância venha ao de cima, que as paredes do ódio interno acumulado contra este e aquele prevaleçam.
......volto a repetir, temos excelentes jornalistas e por falar em excelência quem não se curva ao editorial do jornal Domingo(Matine)...uma autêntica escola.....
Acho que sabem o fascínio que o jornalismo exerce sobre mim. Acho que, com estes debates, podemos dar bons passos para termos o jornalismo ideal, aquele que todos pretendemos e verdadeiramente comprometido com a verdade.
Mapengo,
Como mudar o cenário? Como transformar o jornalismo dos que se julgam privilegiados e muninciadores dos "tramanços" num jornalismo construtor da memória social?
Amigo Jorge, há bons jornalistas em Moçambique. É verdade que começam a rarear e é igualmente verdade que mesmo entre estes bons por vezes, alguns, perdem o focus e caem para a lama a ponto de não os reconhecermos.
Saiete, o Moiana, o Fernando Gonçalves, o Jossias (o Lourenço), o meu amigo Rogério Sitoi são todos excelentes jornalistas. Mas quantas vezes não vimos em alguns semanários (sejam eles verdes, avermelhados etc) manchetes que nos fazem questionar se os que nomeei acima trabalham ou são donos desses jornais?
São os compromissos e, ate certo ponto uma questão de sobrevivência.
Wena Amosse,
O boom das empresas jornalísticas em Moçambique pode não ter sido precedido de uma avaliação correcta do mercado e do focus do negócio: informação/verdade.
Estas empresas deviam prestar nos um serviço público informando-nos com rigor e comprometidos com a verdade como sublinha o Mapengo no seu comentário.
E há um clientelismo exagerado e um apego ao escândalo, ao que choca mais no sentido de vender papel do que, na verdade, de informar. Por vezes fico com a sensação de que alguns semanários têm "inveja" e gostariam de seguir a linha do Leandro Paul e do seu "o Popular Fim de Semana" com as suas notícias bizarras e mirambolescas.
Deves estar recordado do que assistimos no período eleitoral e os posicionamentos de certos jornais e certos jornalistas, a agenda desses jornais e jornalistas quanto a mim, demonstravam um compromisso com tudo menos com a pátria... mesmo a forma como certas verdades eram ou foram transmitidas... epa.
Mas é o que temos e a minha questão é: como mudar o cenário?
"...agenda desses jornais e jornalistas quanto a mim, demonstravam um compromisso com tudo menos com a pátria..."
Podes explicar essa passagem mais claramente?
ola a todos, acho que os problemas apresentados pelo nosso jornalismo não são unicos. nestas bandas tambem ha jornalismo que so arrepia, incluindo imprensa dita de qualidade. uma coisa que me parece susceptivel de disciplinar melhor os jornalistas eh a qualidade de leitura. os leitores têm que ser mais criticos, mas aqui eh onde reside o nosso principal problema como, alias, podemos ver em muitas discussões mesmo nos blogues onde continuam a verificar-se casos de gente que não lê atentamente o que os outros escrevem, mas sente-se habilitada a fazer comentarios profundos. no meu defunto blogue investi algum tempo e esforço a atacar esse problema, mas em muitos casos foi em vão. portanto, julio, esqueça os jornalistas. concentra-te nos leitores! aproveito desejar boas festas a todos!
e. macamo
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