As minhas actuais funções dão me o privilégio de organizar e/ou participar em muitas reuniões. Há dias participei numa da qual, entre outras coisas, retive uma reflexão interessante no sentido do exposto no título deste post.
Sugeria um dos participantes que se deve mudar o paradigma salarial no país: as pessoas não devem ser pagas pelo que sabem; devem ser pagas pelo que fazem com o que sabem.
Interessante não é?
Nestes termos não bastaria o diploma para almejar salários altos; seria necessário usar (bem) os conhecimentos atestados pelo diploma para almejar tais níveis salariais.
Eu acho interessante…fecharia a corrida ao diploma para abrir a corrida ao conhecimento com ganhos para o país e, em especial, para a função pública que está (e estará) num processo de reforma.
Sugeria um dos participantes que se deve mudar o paradigma salarial no país: as pessoas não devem ser pagas pelo que sabem; devem ser pagas pelo que fazem com o que sabem.
Interessante não é?
Nestes termos não bastaria o diploma para almejar salários altos; seria necessário usar (bem) os conhecimentos atestados pelo diploma para almejar tais níveis salariais.
Eu acho interessante…fecharia a corrida ao diploma para abrir a corrida ao conhecimento com ganhos para o país e, em especial, para a função pública que está (e estará) num processo de reforma.
22 comentários:
"as pessoas não devem ser pagas pelo que sabem; devem ser pagas pelo que fazem com o que sabem"
As recentes mexidas no governo podem(acho eu) dar-nos alguma luz essas questões.
Quis AEG que José Pacheco fizesse parte de sua equipa. Oque dizia o diploma de Pacheco? Porque não foi posto na agricultura logo a primeira?
Bem talvés eu esteja a misturar alhos e bugalhos mas acho que temos muito a reflectir sobre isso. Eis algumas questões que me saltaram à mente:
1.Será que actualmente as pessoas são pagas pelo que sabem ou apenas pelo que dizem(seus diplomas) saber?
2.Será que as pessoas sabem realmente oque os seus diplomas dizem que sabem?
3. Como fica a tão propalada "confiança política"?
Bom, a ideia é bastante discutível. Seria razoável e justo que as pessoas fossem pagas pelo que sabem e fazem. Seguramente, num mundo justo e sem compadrios (que não é o nosso) o pagamento plo trabalho feito seria um estímulo ao abondono da ociosidade e do deixa andar (termo emprestado ao PR). Seria o fim daqueles que vão ao serviço para jogar paciência, em grandes gabinetes, na última e em computadores de última geração. Juro que a produtividade aumentaria e competiríamos com a china (talvez na china produz-se mais por haver grandes restrições de internet). Mas este modelo poderia acrescentar novos problemas na administração pública. Se não vejamos
1- É um facto a prevalência de práticas de nepotismo, clientelismo e paternalismo na maior parte dos serviços de administração pública. Agora imaginem se o mesmo dirigente que pratique o retromencionado tivesse ainda a prerogativa de avaliar os seus subordinados e mandasse pagar nos seus parametros! Parece-me que a única safa para os zés ninguem conseguirem sobreviver no actual sistema é justo este modelo salarial (camisa de forças em ordem ao certificado).Infelizmente os preguiçosos aproveitam-no para ganhar sem fazer algo.
2- Não sei se o modelo proposto não abriria mais espaço para o famoso lambebotismo para se ganhar mais no vencimento.
Mas já que falamos de salários da administração pública, tenho algo mais a dizer. Talvez seja necessário, primeiro, corrigir as disparidades salariais na mesma função pública. Até agora, existe sectores de 1ª, 2ª, 3ª....
Pergunto: porque os salarios do Ministério x, y ou z tem que ser mais elevados que dos ministérios h, i ou j? ´Porquê o jurista, economista, servente ou motorista do Ministério das finanças chega a triplicar o vencimento do seu colega do ministério da saúde? Qual é a culpa de um técnico xtar a trabalhar na ágricultura e não na autoridade tributária, por exemplo. que culpa tem o guarda da PRM por não ser guarda das alfândegas? Penso que todos servem ao mesmo Estado e devia haver igualdade ou as disparidades deviam ser reduzidas. Não me chamem de caranguejo porque não estou a sugerir que os salários de uns baixem para o crítico nível dos outros. o ideial seria subir o dos críticos e depois exigir trabalho e avaliá-los objectimente.
Mais não disse.
Bom, a ideia é bastante discutível. Seria razoável e justo que as pessoas fossem pagas pelo que sabem e fazem. Seguramente, num mundo justo e sem compadrios (que não é o nosso) o pagamento plo trabalho feito seria um estímulo ao abondono à ociosidade e ao deixa andar (termo emprestado ao PR). Seria o fim daqueles que vão ao serviço para jogar paciência, em grandes gabinetes, na última e em computadores de última geração. Juro que a produtividade aumentaria e competiríamos com a china (talvez na china produz-se mais por haver grandes restrições de internet). Mas este modelo poderia acrescentar novos problemas na administração pública. Se não vejamos
1- É um facto a prevalência de práticas de nepotismo, clientelismo e paternalismo na maior parte dos serviços de administração pública. Agora imaginem se o mesmo dirigente que pratique o retromencionado tivesse ainda a prerogativa de avaliar os seus subordinados e mandasse pagar nos seus parametros! Parece-me que a única safa para os zés ninguem conseguirem sobreviver no actual sistema é justo este modelo salarial (camisa de forças em ordem ao certificado).Infelizmente os preguiçosos aproveitam-no para ganhar sem fazer algo.
2- Não sei se o modelo proposto não abriria mais espaço para o famoso lambebotismo para se ganhar mais no vencimento.
Mas já que falamos de salários da administração pública, tenho algo mais a dizer. Talvez seja necessário, primeiro, corrigir as disparidades salariais na mesma função pública. Até agora, existe sectores de 1ª, 2ª, 3ª....
Pergunto: porque os salarios do Ministério x, y ou z tem que ser mais elevados que dos ministérios h, i ou j? ´Porquê o jurista, economista, servente ou motorista do Ministério das finanças chega a triplicar o vencimento do seu colega do ministério da saúde? Qual é a culpa de um técnico xtar a trabalhar na ágricultura e não na autoridade tributária, por exemplo. que culpa tem o guarda da PRM por não ser guarda das alfândegas? Penso que todos servem ao mesmo Estado e devia haver igualdade ou as disparidades deviam ser reduzidas. Não me chamem de caranguejo porque não estou a sugerir que os salários de uns baixem para o crítico nível dos outros. o ideial seria subir o dos críticos e depois exigir trabalho e avaliá-los objectimente.
Mais não disse.
As grandes organizações como o Estado, ou os grandes conglomerados empresariais da actualidade são forçados a ter criterios objectivos de avaliação dos candidatos ao emprego.
Que critério objectivo Julio Mutisse conhece, para alem do Diploma para avaliar funcionários públicos? Como defenderia os Chefes da acusação, que iria aparecer, de que só estão a dar bons salários às suas amantes, primos, mulatos, do sul, do norte e brancos?
Enquanto não surgir um critério insuspeito, o Diploma é o pior, mas o menos caótico. Já agora, numa pequena empresa, de sua propriedade, Júlio Mutisse pode adoptar o critério que achar mais conveniente, incluindo sua própria avaliação pessoal do candidato ou do colaborador.
"fecharia a corrida ao diploma para abrir a corrida ao conhecimento com ganhos para o país e, em especial, para a função pública que está (e estará) num processo de reforma."
Bravo.
Zicomo
"fecharia a corrida ao diploma para abrir a corrida ao conhecimento com ganhos para o país e, em especial, para a função pública que está (e estará) num processo de reforma."
Interessante colocação, corrobora com o modelo da competência, proposto por Zarifian (2003). Totalmente de acordo.
O Cumbefeliz apresenta uns pontos muito interessantes.
"devem ser pagas pelo que fazem com o que sabem"
E como quantificariam oque se faz com o saber?
Assseguir um "pedaço" do que o tal de PHILIPPE ZARIFIAN sugere:
"No século XVIII, com o início da industrial, desencadeou-se um processo de separação do camponês e do artesão de suas atividades. Para eles, trabalhar significava integrar-se naquilo que faziam, de maneira que não se podia distinguir entre o trabalho e o indivíduo nele empenhado. O trabalho era a expressão direta e imediata da inteligência prática do indivíduo, aplicada à realização de um produto de qualidade ou ao cultivo de seu campo. Veio o industrialismo e inventou o 'trabalho', ou seja, um objeto chamado trabalho, executado pelo 'trabalhador', aquele que possui capacidades funcionais necessárias para a realização dessa função. O desafio que o modelo da competência se propõe enfrentar é o da 'volta do trabalho para o trabalhador'. Este reabsorve o trabalho, assume responsabilidades, toma iniciativas, compartilha informações. Mobiliza os recursos da organização, mas também seus próprios recursos de sujeito que age"
A todos thanks por passarem por aqui.
De facto o diploma eh um criterio objectivo e qualquer outro poderia, de facto, criar azo a toda a panoplia de desconfiancas a que estamos habituados. Porem, nem por isso, deixa de ser interessante a ideia de pagar as pessoas pelo que fazem com o que sabem e nao pelo que sabem como eh nos casos em que aplicamos o criterio objectivo do Diploma.
Parece que nos atamos a teoria da dificuldade: seria dificil encontrar um mecanismo exequivel de avaliar logo dispensamos a ideia de pensar no como poderiamos fazer para la chegar.
De facto nao me ocorre ainda uma ideia de como poderiamos fazer mas se ultrapassarmos a ideia de que eh dificil, neste debate podemos avancar para uma ideia que nos permita valorizar o saber fazer e nao apenas o saber.
Mutisse.
PS: Viriato, afinal podemos concordar em alguns assuntos hehehe. Folgo em saber.
Cumbe, bem vindo a este espaco. Vamos la dar um passo em frente a ideia sempre presente em muitos de desconfiar de tudo e todos.
A primeira repercussao directa e que reduziriamos o poder de compra de algumas familias em detrimento de outras.
Ok. Mudar os criterios salariais para que o que eu faco no meu posto de trabalho possa valer o mesmo que o que meu homologo na Autoridade Tributaria aufere.
Justica Laboral?
Caro Mutisse,
Nunca deixei de admirar os teus pontos de vista.
Diferentemente do Neves, tens arcabouço humano e intelectual.
Mesmo quando entras demasiadamente para o ventre partidário, consigo perceber que és um homem forte.
Há futuro aí...
Zicomo
Thanks Viriato.
Caros compatriotas, continuo mesmo a pensar que, de facto, o diploma eh ainda o criterio mais objectivo existente.
Em organizacoes enormes como o Estado e ate as autarquias, e tendo em conta a nossa organizacao actual o diploma continuara a vingar.
Mas nao eh completamente despropositada a ideia de as pessoas serem pagas pelo que fazem com o que sabem e nao pelo que sabem embora seja de dificil materializacao em organizacoes enormes como o Estado. Estou a sair dos sonhos para a realidade, realidade em que estou, inclusive a trabalhar. Mas continuarei a sonhar com essa possibilidade.
Ha porem um desafio. Nao podemos ter um ginecologista a receber como tecnico superior a fazer trabalho de uma secretaria. Nao. Temos que colocar os diplomados a fazerem o trabalho para oqual, potencialmente tem competencia, a julgar pelo diploma.
Eh ou nao eh?
Noa, em que medida reduziriamos o poder de compra?
De certeza ha fundamentos para a diferenciacao entre a AT e outras instituicoes... de certeza nem foi por decisao de um lider especifico, ha regulamentacao para o efeito. Sendo esse o caso, dura lex sed lex.
Justiça laboral ou igualdade absoluta?
Li o post e leio os comentários, mas tenho dificuldades em comentar. O ponto de vista do Guambe Feliz é na minha opinião para ter em conta. Há provas de muito desperdício agora e o que melhoraria com vencimentos? Muitos quadros reconhecidos com seu trabalho andam por aí preteridos, postos na lixeira por qalquer razão que não serve à nacão e a única coisa que os faz sobreviver como pessoas é o facto de terem seus vencimentos de acordo com o diploma. Em Mocambique, umas das vias de melhorar a vida é diploma. O que aconteceria se os prejudicadores passassem a decidir também nos salários dos tantos prejudicados?
A ideia em si pode ser boa e é aplicável e aplicada em certos países, por exemplo nos nórdicos, mas a realidade actual mocambicana diz que não, porque iria subjugar ainda mais o cidadão.
Brother Reflectindo bom te ver aqui.
Os nordicos atingiram um nivel organizacional tal que podem se dar ao luxo de usarem este criterio. Nao sei se a maquina administrativa estatal eh tao grande como a mocambicana a ponto de ser o maior empregador. So este facto, para mim, eh revelador de uma distorcao...
Brother, o diploma continua sendo o criterio objectivo no nosso actual nivel organizativo. O nivel de quadros que vao atracando no sector publico permite nos pensar objectivamente um caminho que pode nos conduzir a esse lado bom...
Pessoalmente nao gosto da ideia subjacente na afirmacao de que "quadros reconhecidos com seu trabalho andam por aí preteridos"... parece empurrar nos para a ideia de que ha pessoas cujo principal papel eh prejudicar os outros. Nao me parece.
Cada um monta as suas equipes de acordo com a dinamica que pretende imprimir. Muitas vezes nao cabem todos nos lugares de direccao (que eh onde nao estao os tais quadros reconhecidos com seu trabalho que, no seu dizer, andam por aí preteridos) mas que prestam a sua colaboracao indispensavel quando a humildade os permite (muitos, a partir da sua saida de um campo de direccao, afastam-se das instituicoes).
Cheguei à conclusão que para mim o problema não é que o diploma seja o "measuring stick" para as escalas salariais mas sim, o facto dos diplomas nem sempre reflectirem fielmente o saber dos detentores. E ai o problema é bem maior pois envolve onde e como foram adquiridos.
Santo Agostinho disse:
Nelson, a ideia de pagar pelo que se faz com o que se sabe parte, para mim, exactamente dessa ideia de que "diplomas nem sempre reflectirem fielmente o saber dos detentores"... isto propicia que se paguem pessoas que ostentam um diploma mas pouco ou nenhum conhecimento. Pagamos pelo diploma e nao pelo saber concreto e aplicado a actividade em questao.
Este eh o precco que temos que pagar nas condicoes de paises como os nossos onde, nas questoes de emprego, toda a economia anda a reboque do Estado.
Mutisse, estou numa correria
Mas estou pretendendo dizer que para chegar até lá é preciso passar pela questão do eventual avaliador. Veja o exemplo que dei dos países nórdicos, os avaliadores chegam até lá por concurso público transparente e com base nas qualidades técnico-profissionais. E, ainda o funcionário é avaliado no seu respectivo local de trabalho. Mas volto
Julgo que o Nelson colocou o verdadeiro problema digno de ser abordado a priori, isto é, antes de definirmos o critério mais adequado para a remuneração dos trabalhadores: De facto, a questão fundamental, quando olhamos para as admissões e remunerações em ordem ao diploma, esta em saber se existe coerência óptima entre a enunciação constante no diploma e os conhecimentos, competencias ou (se quisermos ser mais humildes)as potencialidades do detentor. Aqui é onde, no meu entender, ainda há muito trabalho. Temos, infelizmente,sobretudo na administração pública, muitos casos de desfasão entre o diploma e as competências. Quem está neste sector tem alguns exemplos do tipo: o João facilitou o provimento joazinho para vaga de Técnico de planificação. O Joazinho tem certificado apenas! Conhecimentos nada! resultado, uma vez provido, o joazinho acaba sendo madado para qualquer secretaria. Todavia, continuará com o salário. Isto tem mesmo que acabar. O RESPONSÁVEL PELA VIRAGEM NESTE ESPECTÁCULO DE DIPLOMAS SÃO AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO.
Agora, quanto ao comentário do Ilustre Mutisse sobre o facto de os salários da AT, por exemplo, terem sido estabelecidos por lei e por isso dura lex sed lex, gostaria de recordar que a lei é feita por pessoas. Então as pessoas podem ajustá-la, sempre que necessário, à realidade. o Homem, enquanto legislador, tem que fazer este exercício, sempre. Não é por acaso que se está a rever a constituição. A BOLA, NESTE DOMÍNIO, É PARA O LEGISLADOR. MAS PARA DESPERTÁ-LO, OS REPRESENTANTES DOS TRABALHADORES DEVEM ENTRAR EM CENA. É ALTURA DE TERMOS UM SINDICATO DA FUNÇÃO PÚBLICA DE FACTO.
mais não disse...
Sempre que oiço a expressão latina "dura lex sed lex", minhas antenas levantam porque muitas vezes tem sido usada para defender leis mal concebidas ou até injustas em vez de, como é o sentido original, referir-se à necessidade de se respeitar a lei em todos os casos, até mesmo naqueles em que ela é mais rígida e rigorosa. Por isso para variar gosto da do Santo Agostinho, "An unjust law is not law at all"
Ya Mutisse, esgotou o meu pensamento, isso só é possível se as pessoas serem colocadas em posições proporcionais ao que sabem.
Ora, trago um exemplo do MISAU, por ignorância do Gestor mais alto, devolvia Biólogos, Psicólogos e Gestores apenas porque foram formadas pela Universidade Pedagógica.
Veja só, qual é a diferença deste com alguém que saiu da UEM? Apenas o Mito de que os primeiros vem duma instituição vocacionada para o ensino!... Porém o mesmo não acontece no MEC com os que vem da UEM e de outras instituições de ensino.
Portanto aqui começa a marginalização, acantonamento, depois atribui-se qualquer classificação. O mesmo acontece com os que tem diplomas Europeus ou americanos em relação aos internos.
Para dizer que o que se sabe só pode ser usado deixando-se fazer sem preconceitos.
Mutisse, você acha mesmo que Moçambique ainda tem falta de quadros? Talvez especialistas! O que não há no país é honestidade e ética profissional. Há que desafiar os quadros existentes.
Ainda consigo Mutisse, Por acaso Já me questionei variadíssimas vezes sobre a diferenciação entre instituições e o pessoal da Administração Publica! Pode haver lógica possível mas na prática não há.
Indo pela via de determinação de salários por sectores a agricultura é a base de desenvolvimento mas é onde menos ganha-se!
Para dizer que mesmo o pessoal do BM não encontro razão em termos produtivos que os tornem os bem pagos!
Mas enfim, é o que se convencionou...
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