Quando saí de casa a meio da tarde de sábado passado tinha a pretensão de resolver alguns assuntos e encontrar alguns companheiros para me actualizar uma vez que não me juntei a eles nas peripécias da sexta-feira por motivos que não cabem aqui e, em algum momento, acabei envolvido num debate interessante motivado pelo meu último texto publicado aqui sobre a necessidade de renovar constantemente os heróis para aproveitarmos os seus ensinamentos para os desafios actuais.
Confesso que fiquei inicialmente espantado pela abordagem mas satisfeito pelo modo como o debate correu provocado pela minha visão de que pensar Samora apenas na perspectiva do seu tempo de governação e das circunstancias históricas que a potenciaram e propiciaram é demasiado redutor para um homem cuja visão pode ser contextualizada aos tempos que correm.
Apimentou mais ainda o debate o meu apelo ao desapego a um saudosismo exagerado procurando compreender a dinâmica dos tempos, os novos contextos em que vivemos e, acima de tudo, procurando aplicar muitas das lições deixadas por Samora e muitos outros aos novos tempos.
Não pretendo negar as boas coisas que aconteceram no período de Samora. Longe de mim.
Nego sim a ideia recorrente de que “se Samora fosse vivo” isto e aquilo não ocorreria, como se aquele grande homem fosse uma ilha completamente alheia das dinâmicas internas e externas. Recuso a ideia também recorrente de olharmos aquele tempo como melhor que o actual sem a necessária contextualização do que propiciou esses tempos melhores a que apelamos.
Há um contexto em que a governação de Samora Machel ocorreu, como há um novo contexto em que a governação actual ocorre que devem ser compreendidos por todos, de modo a olharmos a construção do país como um processo, com as suas etapas, aproveitando o que de melhor existe em cada etapa.
Tudo isto me fez recuar aos debates que ocorreram no Ideias Subversivas, alguns dos quais da lavra de Tadeu Phiri em resposta a Machado da Graça.
Algumas das bandeiras que mais se agitam para apelar a ideia de “se Samora fosse vivo” são a criminalidade e a corrupção. Quem as agita esquece muitas coisas a volta desse tempo. Era de facto bom viver naquele tempo com criminalidade quase zero. Mas o que propiciava isso? Ninguém quer recordar que no tempo de Samora a sociedade era fechada, com a actuação omnipresente dos Chefes de Quarteirão, dos milicianos e de todo o género de autoridade. A atmosfera de vigilância e denúncias mútuas, submergia qualquer iniciativa, quer positiva, quer negativa.
A abertura económica e o consequente aumento da competição entre os indivíduos têm, necessariamente, que trazer novos desafios nestas matérias. Ouso dizer que, mesmo Samora, se fosse vivo nos dias de hoje, teria que enfrentar maior criminalidade e corrupção, fenómenos que, a meu ver, independem da sua personalidade e perfil tendo, isso sim, a ver com o relaxamento da pressão colectivista da sociedade e mais incentivos à iniciativa e promoção do individuo.
Tem a ver com a eliminação dos controles que um dia tivemos com os chefes das 10 casas, chefes de quarteirão, milicianos e outros agentes omnipresentes no modelo de ontem. Já diz meu amigo PC Mapengo num texto lindo intitulado "Manifesto Político" “Saudades sim mas ninguém quer voltar porque não podemos esquecer o tempo que passou... eram bons tempos aqueles que ninguém quer mais voltar.”
A abertura que se experimentou desde uma determinada altura teve muitas vantagens económicas e sociais. Desde logo, a circulação mais livre de pessoas, maior oferta de bens e serviços no mercado, maior crescimento económico, maior abertura no debate de ideias, etc., com as consequências que advém daí, sendo por isso completamente despropositada a comparação dos níveis de criminalidade e de corrupção entre tempos do socialismo e os tempos actuais.
Este é ano de celebrarmos Samora. De compreendermos os seus feitos e usarmos muito do seu legado para o desafio que temos em mãos nos dias que correm que é trabalhar para vencer a pobreza e fecharmos este ciclo. Se embarcarmos nos juízos de valor sobre um tempo e outro perderemos Samora, os que lhe antecederam e os que o sucederam com muitos prejuízos para uma nação que precisa de referências daquele calibre.
É preciso cantar odes a Samora Machel no seu ano interiorizando os seus ensinamentos procurando adequa-los aos dias que correm reiventando, desse modo, Samora Machel no contexto de hoje vendo como é que em pleno século XXI, na era da globalização, de mercados comuns, de HIV/SIDA , crise internacional, pobreza, se pode aproveitar a imagem, figura e ditos de Machel como catalisador nas várias batalhas que o Estado tem que travar rumo ao tão almejado bem estar.
Samora Machel pode ser reiventado, estudado de diversas formas. Adianto aqui que Egídio Vaz já o vê como quem “de facto arquitectou a Unidade Nacional. Porque foi ele, o Primeiro Presidente da República, pessoa que proclamou a independência nacional e pregou de lés a lés a ideia da Unidade na prática”. É um ponto de vista e, de certeza, existirão muitos outros que podemos trazer a debate neste ano Samora Machel.
Eu cá por mim vou praticando a ideia de fazer da escola a base para o povo tomar o poder aumentando meus conhecimentos e incentivando a descendência a estudar mais e mais. Só dessa forma podemos fechar determinados ciclos.
Confesso que fiquei inicialmente espantado pela abordagem mas satisfeito pelo modo como o debate correu provocado pela minha visão de que pensar Samora apenas na perspectiva do seu tempo de governação e das circunstancias históricas que a potenciaram e propiciaram é demasiado redutor para um homem cuja visão pode ser contextualizada aos tempos que correm.
Apimentou mais ainda o debate o meu apelo ao desapego a um saudosismo exagerado procurando compreender a dinâmica dos tempos, os novos contextos em que vivemos e, acima de tudo, procurando aplicar muitas das lições deixadas por Samora e muitos outros aos novos tempos.
Não pretendo negar as boas coisas que aconteceram no período de Samora. Longe de mim.
Nego sim a ideia recorrente de que “se Samora fosse vivo” isto e aquilo não ocorreria, como se aquele grande homem fosse uma ilha completamente alheia das dinâmicas internas e externas. Recuso a ideia também recorrente de olharmos aquele tempo como melhor que o actual sem a necessária contextualização do que propiciou esses tempos melhores a que apelamos.
Há um contexto em que a governação de Samora Machel ocorreu, como há um novo contexto em que a governação actual ocorre que devem ser compreendidos por todos, de modo a olharmos a construção do país como um processo, com as suas etapas, aproveitando o que de melhor existe em cada etapa.
Tudo isto me fez recuar aos debates que ocorreram no Ideias Subversivas, alguns dos quais da lavra de Tadeu Phiri em resposta a Machado da Graça.
Algumas das bandeiras que mais se agitam para apelar a ideia de “se Samora fosse vivo” são a criminalidade e a corrupção. Quem as agita esquece muitas coisas a volta desse tempo. Era de facto bom viver naquele tempo com criminalidade quase zero. Mas o que propiciava isso? Ninguém quer recordar que no tempo de Samora a sociedade era fechada, com a actuação omnipresente dos Chefes de Quarteirão, dos milicianos e de todo o género de autoridade. A atmosfera de vigilância e denúncias mútuas, submergia qualquer iniciativa, quer positiva, quer negativa.
A abertura económica e o consequente aumento da competição entre os indivíduos têm, necessariamente, que trazer novos desafios nestas matérias. Ouso dizer que, mesmo Samora, se fosse vivo nos dias de hoje, teria que enfrentar maior criminalidade e corrupção, fenómenos que, a meu ver, independem da sua personalidade e perfil tendo, isso sim, a ver com o relaxamento da pressão colectivista da sociedade e mais incentivos à iniciativa e promoção do individuo.
Tem a ver com a eliminação dos controles que um dia tivemos com os chefes das 10 casas, chefes de quarteirão, milicianos e outros agentes omnipresentes no modelo de ontem. Já diz meu amigo PC Mapengo num texto lindo intitulado "Manifesto Político" “Saudades sim mas ninguém quer voltar porque não podemos esquecer o tempo que passou... eram bons tempos aqueles que ninguém quer mais voltar.”
A abertura que se experimentou desde uma determinada altura teve muitas vantagens económicas e sociais. Desde logo, a circulação mais livre de pessoas, maior oferta de bens e serviços no mercado, maior crescimento económico, maior abertura no debate de ideias, etc., com as consequências que advém daí, sendo por isso completamente despropositada a comparação dos níveis de criminalidade e de corrupção entre tempos do socialismo e os tempos actuais.
Este é ano de celebrarmos Samora. De compreendermos os seus feitos e usarmos muito do seu legado para o desafio que temos em mãos nos dias que correm que é trabalhar para vencer a pobreza e fecharmos este ciclo. Se embarcarmos nos juízos de valor sobre um tempo e outro perderemos Samora, os que lhe antecederam e os que o sucederam com muitos prejuízos para uma nação que precisa de referências daquele calibre.
É preciso cantar odes a Samora Machel no seu ano interiorizando os seus ensinamentos procurando adequa-los aos dias que correm reiventando, desse modo, Samora Machel no contexto de hoje vendo como é que em pleno século XXI, na era da globalização, de mercados comuns, de HIV/SIDA , crise internacional, pobreza, se pode aproveitar a imagem, figura e ditos de Machel como catalisador nas várias batalhas que o Estado tem que travar rumo ao tão almejado bem estar.
Samora Machel pode ser reiventado, estudado de diversas formas. Adianto aqui que Egídio Vaz já o vê como quem “de facto arquitectou a Unidade Nacional. Porque foi ele, o Primeiro Presidente da República, pessoa que proclamou a independência nacional e pregou de lés a lés a ideia da Unidade na prática”. É um ponto de vista e, de certeza, existirão muitos outros que podemos trazer a debate neste ano Samora Machel.
Eu cá por mim vou praticando a ideia de fazer da escola a base para o povo tomar o poder aumentando meus conhecimentos e incentivando a descendência a estudar mais e mais. Só dessa forma podemos fechar determinados ciclos.
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