sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Track Records - O ÚLTIMO SUSPIRO(?)

Recebi de um amigo, por email, a seguinte mensagem:

Estimados simpatizantes, amigos e todos aqueles que de uma forma directa e indirecta tem participado na construção e solidificação do nome Track Records formada por: BeatKeepa, Trio Fam, Elex, Nelson Nhachungue, First Class, The Dream, A2, Johnny, Amélia Conceição e Dj Junior. envio-lhe em anexo os resultados da nossa Sexta Reunião Geral (anual) porque nos sentimos comprometidos com todos vós e os mesmos podem ditar uma grande mudança no futuro da nossa “Label” chegando possivelmente ao encerramento.

Abraços, bom Trabalho

BeatKeepa

Abaixo transcreverei o conteúdo dos "resultados da nossa (Track) Sexta Reunião Geral." Confesso, desde já, que o que mais me entristece não é o "possível" fim da Track Records mas os motivos que podem conduzir a tão triste fim. Tais motivos estão, em minha opinião, bem explicados no texto que se segue.

O último Suspiro!!!!
Estimados simpatizantes, amigos e todos aqueles que de uma forma directa e indirecta tem participado na construção e solidificação do nome Track Records formada por: BeatKeepa, Trio Fam, Elex, Nelson Nhachungue, First Class, The Dream, A2, Johnny, Amélia Conceição e Dj Junior. É nosso dever vos fazer conhecer os resultaos da nossa Sexta Reunião Geral (anual) porque nos sentimos comprometidos com todos vós e os mesmos podem ditar uma grande mudança no futuro da nossa “Label”.

Depois de interminadas reuniões na tentativa de desenhar o “Plano Estratégico Para 2009” a ser implementado a partir de Novembro de 2008 chegamos a uma triste conclusão.

Estamos na eminência de fechar as nossas portas e terminar com este projecto que ao nosso ver é muito bonito pois alem de a produtora Track Records ser um grupo composto por jovens músicos que iniciam as sua carreiras e dão os seus primeiros passos, ela tem como objectivo principal transmitir uma mensagem de construção nacional aos jovens, moralizando-os, procurando salientar o positivo da vida na perspectiva de termos no futuro uma juventude académica responsável e munida de conhecimentos, ferramenta indispensável para a construção de uma nação.
Temos trabalhado nisso de forma bastante artística, provas evidentes são os temas que fazem parte do nosso reportório tais como:

· Au Sukê (do grupo Trio Fam e a nossa eterna Zaida Chongo que procurava falar da pobreza como uma realidade mas não obstáculo para a nossa luta);
· Dia Feliz (do grupo Elex no qual tentamos mostrar aos jovens que não é o dinheiro no bolso que nos faz feliz porque mesmo o pobre vive sorrindo);
· Se Deus Fosse uma Mulher (do grupo Trio Fam no qual valorizamos a mulher e condenamos hábitos de violência contra ela);
· Fazer Amor (do grupo Trio Fam e Anselmo Ralph, na qual tentamos convencer a juventude que o amor não é feito só de sexo e dentro da abstinência também se pode fazer amor na tentativa de combater a doença do século);
· Vou bazar (do grupo Elex e Nelson Nhachungue que tenta moralizar os jovens que viajam em cumprimento de alguma missão, seja ela estudos, para trabalho nas minas ou para a tropa).

Estes são alguns dos temas que foram e continuam a ser hinos entre a juventude e acreditamos que alguma mensagem positiva ficou retida.

Passo a explicar os motivos que ditaram a nossa triste conclusão citada anteriormente:

Começamos por fazer uma análise do estado actual da música em Moçambique. Como os senhores se devem ter apercebido a fasquia colocada pelas empresas que apoiam com relativa exclusividade os “grandes” da nossa música jovem está cada dia mais elevada (é de louvar o seu trabalho e empenho para o conseguir), falo de grandes produções de vídeo clips na ordem de milhares de dólares, capacidade de distribuir gratuitamente seus CD's singles promocionais na ordem de milhares de unidades, monopólio da agenda e boa remuneração (input para próximos investimentos) nos mais badalados espectáculos a nível nacional e uma capacidade financeira relativamente boa para manter uma carreira brilhante.
Tudo isso graças ao tão precioso apoio que algumas (muito poucas por sinal) empresas têm dado para suportar essas carreiras. Somos a favor deste crescimento mas pelo simples facto de estarmos ambos inseridos no mesmo mercado musical, acabamos tendo que disputar a atenção do mesmo público o que nos obriga a ter pelo menos o mesmo nível (financeiro) que a concorrência para que a nossa mensagem chegue ao destino, aí é que começam os problemas visto que em Moçambique não é o Povo quem escolhe os seus ídolos.

· Como iremos nós continuar a fazer os nossos vídeo clips com qualidade se os produtores aumentaram os preços ao nível dos "Grandes" (milhares de dólares) pois estes têm quem suporta os pagamentos?

· Como iremos fazer shows com grandes produções de modo a que consigamos manter o nosso público entretido e continuem a colher os frutos (mensagens) no nosso pomar?

· Quando vamos conseguir editar um CD com qualidade?

Resumindo, a pergunta foi "Qual Estratégia adoptar para 2009?", a primeira tentativa foi arranjar patrocínio para chegarmos lá mas de tantas portas fechadas acaba ficando claro que o caminho não é esse.

O que nos deixa triste é que está implantado um sistema na música nacional, numa estrutura corporativa que inclui empresas patrocinadoras, produtoras, empresas prestadoras de serviço, programas radiofónicos e televisivos que automaticamente desmoralizam a evolução de outros grupos a margem dos poucos escolhidos, o que nos obriga a ouvir sempre as mesmas músicas, os mesmos artistas (melodias diferentes sim mas a mesma rotina) e mesmos nomes todos os anos!!!!!

Avaliando pela manifestação pública em votações no Music Box, Vício Moz, etc concluímos sem muito esforço que a vontade do público não é a que está expressa na lista de músicos que lideram o mercado pois encontramos sempre grupos novos a liderarem os “tops” tal como o caso do grupo Elex que sempre que lança uma música vai automaticamente ao primeiro lugar tendo ficado 3 semanas consecutivas na primeira posição no Music Box apesar de competir com todos “grandes” da nossa música jovem, e o mais recente caso da Música “continência” do grupo Trio Fam que por informações que tivemos sobre as votações no site da Rádio 99fm eles lideravam com Mil e tal votos o que constitui 89% e os demais "Grandes" disputavam os restantes 11% numa lista de aproximadamente 10 concorrentes, tendo este grupo ficado com os prémios nas categorias de Melhor Música e Melhor Hip Hop e sem se esquecer que o mesmo grupo levou o prémio de Melhor Hip Hop ano passado, facto inédito nas galas da 99FM, um grupo jamais havia ganho duas categorias e salientar que na plataforma de votação pela internet o sistema não nos permite votar mais que uma vez utilizando o mesmo endereço IP, ou seja do mesmo computador não se pode votar duas vezes no mesmo dia.

Apesar dessa força toda e esse calor que recebemos do público estamos em maus lençóis pois já não vamos conseguir fazer video clips, por exemplo, e está cada vez difícil lançar trabalhos discográficos com o mínimo de qualidade desejável.

A reflexão no fim da nossa reunião foi a de que se não houver uma intervenção externa nós “os pequenos” corremos o risco de desaparecer pois estamos a ser engolidos. Se a estratégia dos que apoiam os nossos músicos é apoiar a Musica Moçambicana permita-me pedir que seja redefinida a estratégia que não está má no seu todo pois existem alguns concursos para descoberta de novos talentos que já é uma grande ajuda.
O que tinha que se corrigir/repensar é o facto de estarem a impor ao público nomes de músicos. O que consequentemente gera um descontentamento geral e sobretudo alas na classe musical. Seria construtivo criar um plano no qual os músicos competem entre si e eles (os patrocinadores) estivessem atentos para dar suporte aqueles que o público gosta e gerarmos dessa forma: competitividade, rotatividade, surgimento de novos talentos e deixarmos assim de ouvir sempre a mesma música!!!!!!

Em função disto tudo, a Track Records prepara-se para fechar as suas portas estando desde já somente a concluir com os trabalhos e compromissos contractuais relativos a 2008 não tendo sido aprovado nenhum plano para 2009.

Este foi o nosso posicionamento, conclusão tomada na nossa última assembleia geral e coube-me a mim a missão de vos passar esta informação de modo que não seja nenhuma surpresa a decretação do encerramento da Track Records.

Muito Grato pela atenção

BeatKeepa

6 comentários:

Mitumwane disse...

Céus! Os abutres estão no ar. Sempre tive fé nessa label e nos musicos a ela associados por terem musicas. Musicas mesmo, e nao essas musiquetas que mesmo o grande produtor de video reconhece que deviam estar no lixo.

Bom, fazer o quê?

Matsinhe disse...

Pelo teor da carta, me parece que estamos perante um apelo para uma nova ordem no apoio às iniciativas musicais.

Não me parece o anuncio de um fim, mas a possibilidade desse fim se nada for feito.

É um apelo bem feito mais do jeito ou temos apoios ou morremos. E não podia ser de outra forma porque a realidade é mesmo essa. Sem apoios morre-se.

Jorge Saiete disse...

Triste mas a economia do mercado 'e assim como opera. Em algumas das vezes nao conta muito a qualidade do produto mas sim a capacidade de se tornar cada vez mais escoregadio e de passar em espacos minusculos.

Parece que a Track nao consiguiu fazer isso e por isso vai fechar as portas. Pior 'e que a Track se esqueceu duma das suas mensagens: A VIDA ANDA COMO UM CARRO;
QUANDO O CARRO NAO ARRANCA, O QUE A GENTE FAZ?
TCHOVA, TCHOVA XITA DUMA....

abraco

Júlio Mutisse disse...

E que tal a questão reiteradamente referida sobre "um sistema na música nacional, numa estrutura corporativa que inclui empresas patrocinadoras, produtoras, empresas prestadoras de serviço, programas radiofónicos e televisivos que automaticamente desmoralizam a evolução de outros grupos a margem dos poucos escolhidos, o que nos obriga a ouvir sempre as mesmas músicas, os mesmos artistas (melodias diferentes sim mas a mesma rotina) e mesmos nomes todos os anos!!!!!"?

Este me parece ser o cerne da questão da TRACK. O facto de as empresas não terem critérios claros na escolha dos patrocinados, acabando por premiar a falta de qualidade, para além de inflaccionarem o mercado para aqueles que, não tendo o apoio depositado nuns, contam com as suas forças para fazerem algo com relativa qualidade.

O que pensam?

Anônimo disse...

se vo6 forem o hiphop vai junto

Anônimo disse...

s a TRACK s fOr.. eu vOu juntoooo!!!!