quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ainda Sobre os Criticos: Ha Corruptos? Cortem Ajuda

Na entrada anterior debatemos exaustivamente questões ligadas ao nosso passado e ao nosso presente e, fundamentalmente, a forma contextualizada como devemos olhar para esse passado e o presente. Um debate interessante que se estende agora para este espaço do Agry White.

Tenho é a impressão de que algo ficou por dizer. Há corruptos no Governo como diz o camarada Jorge Rebelo. Para piorar, os honestos estão a ser corridos do poder (casos dos Dr.s Comiche e Garrido) em benefício dos corruptos.

Assim sendo, devíamos pedir o corte da ajuda externa. Ou não? A “greve” dos nossos brothers, a semelhança do ocorrido nos primeiros tempos do presente mandato, devia ser induzida por nós através destas constatações. Justo não é?



Estaríamos a prestar um serviço honroso a nação. Ou não?

Aproveitando e pedindo emprestado um questionamento do meu amigo Amosse no seu Facebook acrescento mais questionamentos: Como um Moçambicano deve tratar assuntos sensíveis do seu País, principalmente, quando está fora? Como transmitir alguns factos (negativos) que internamente sabemos que são reais (ou mesmo os que os sabemos irreais ou duvidosos) a quem é determinante para nós? (falo por exemplo da informação que possa ser prestado a países que ajudam no nosso orçamento).

13 comentários:

V. Dias disse...

Chamuale,

A ajuda é necessária, desde que seja aplicada com racionalidade.

O que temos vistos, situação deveras alarmanete, é que grande parte das ajudas canalizadas ao nosso belo País não chegam aos verdadeiros destinatários, aqueles que mais precisam.

O que vi enquanto estive em Moçambique é que as ajudas ficam a flutuar nos gabinentes dos chefes, aos necessitados chegam migalhas, tudo é afunilado em Maputo.

Portanto, é preciso repensar nas ajudas sim, se vale a pena alimentar mandíbulas caninas em detrimento do estômago doentio do povo em geral.

Volto à meada sobre Rebelo, há corruptos sim no Governo. Não vale a pena esconder o rabo no pilão como fazem os macacos. Veja-se o caso de Cambaza, Manhenje, quantos milhões de meticais não terão desviados em proveito próprio?

O aviso de navegação dado por Rebelo, parecendo que não Mutisse: eles servem para alguma coisa. É um chamariz de que vale a pena não ignorar.

Zicomo

Nelson disse...

"Como um Moçambicano deve tratar assuntos sensíveis do seu País, principalmente, quando está fora? Como transmitir alguns factos (negativos) que internamente sabemos que são reais (ou mesmo os que os sabemos irreais ou duvidosos) a quem é determinante para nós? (falo por exemplo da informação que possa ser prestado a países que ajudam no nosso orçamento)"

Este questionamento é muito interessante, infelizmente eu tenho é mais perguntas que resposta.Elas surgem da percepção que tive do questionamento.

1.Oque é um assunto sensível?
2.Porque deve um assunto sensível(seja lá oque isso significar)ser tratado de formas diferentes por Moçambicanos dentro e ou fora de Moçambique?
3.Devem os factos(negativos e ou posetivos)ser transmitidos de "forma especial" a "quem é determinante para nós"(leia-se países que ajudam o nosso orçamento)?
4.Porque esse cuidado?
5. Não teem direito os nossos ajudadores de saberem com realmente vão as coisas por aqui?

Posso ter sido induzido ao erro por uma leitura rápida mas me parece(ainda que de longe) que se sugere que as coisas feias de cá dentro não devem ser mostradas tal como "feiamente" são aos que nos ajudam sob riscos de sei lá deixarmos de ter a tal ajuda.

Nelson disse...

"Há corruptos no Governo como diz o camarada Jorge Rebelo. Para piorar, os honestos estão a ser corridos do poder (casos dos Dr.s Comiche e Garrido) em benefício dos corruptos"

Já que nesta postagem parece ainda estarmos na ressaca da anterior eu penso que o debate da postagem anterior infelizmente não tocou a questão da veracidade do que Rebelo diz em relação à corrupção, corruptos, honestos a serem corrido e etc.

Julio Mutisse disse...

Meu ilustre amigo Viriato,

O pais ainda precisa da ajuda externa nao hajam duvidas. Alias, neste Blog (neste link http://ideiassubversivas.blogspot.com/2010/01/o-que-estamos-fazer-para-prescindirmos.html) discutimos o que estamos a fazer para prescindirmos da ajuda externa a medio prazo e sairam dados interessantes.


Me parece que as coisas nao sao bem assim. Temos beneficiado da ajuda externa na implantacao de infra-estruturas e elas sao, de facto, implantadas, com os doadores de olho (se nao sao eles que fazem os desembolsos) em tudo o que se faz, temos beneficiado de ajuda para o orcamento do Estado e a verdade eh que o pais nunca parou porque a mola foi desviada e ha prestacao de contas para com os nossos AJUDADORES que, na greve que fizeram, alegaram falta de progressos em determinadas areas.

Me diga um unico pais que nao tenha na sua historia recente situacoes similares a que citas. Eh verdade que o que acontece extra murros nao nos deve interessar (ja dizia meu irmao quando eu era estudante: "meu educando es tu e nao os outros. Pouco me interessa que toda escola tire 0 quero que tu tires as melhores notas e positivas heheheh") devemos estar interessados em que isso nao ocorra. Tudo isso requer instituicoes fortes como alguem disse no debate anterior que, de momento, ainda estamos a construir com muitos a contexta-las neste momento.

Todos dizem haver corruptos no Governo, eh facil dize-lo. Apontem nos um e nos digam o que consubstancia o que se lhe imputa a ver se temos algo...

Nao quero dizer com isto que todo o mundo eh honesto mas conheco gente no nosso Governo de cuja probidade nao posso duvidar e creio ser extensivo a muitos elementos governamentais.

Julio Mutisse disse...

Nelson,

Yiwe pa, voce faz muitas perguntas rsssss. Ainda bem que as faz, se calhar assim fixamos algum entendimento sobre as coisas.

Ha varios assuntos sensiveis. Daria exemplo de um: a navegabilidade dos rios reclamada pelo Malawi. Julgo ser um assunto sensivel. Assunto da soberania do Estado. Acha que a abordagem deste assunto deve ser igual (para um mocambicano) estando aqui ou la? Julgo que nao. Requer muita ponderacao, dominio sobre o assunto. Ser comedido tambem ajudaria.

Imagine-se na Noruega a fazer eco da ideia propalada de que ha corruptos no Governo e que os nao corruptos estao sendo corridos de la: que efeitos sobre a imagem do pais julga que teria isso? porque o cuidado? Muitas vezes porque as coisas nao precisam ser apenas ditas; precisam ser demonstradas e/ou provadas.

Tem o direito. Ha muita critica ao que se faz em Mozie feita por mozies no estrangeiro bem fundamentada.

Sobre a veracidade do que o Camarada Rebelo disse sobre a existencia de corruptos e de os bons estarem a ser corridos ja tinha dito que Pode ser que, de facto, o Camarada Rebelo conheça tanto o Dr. Comiche como o Dr. Garrido e pode ter razão em sugerir a sua honestidade. Aliás nem eu tenho algo a apontar-lhes em contrário e, nesses casos, só posso ajuntar me aos muitos que os aplaudem. Da mesma forma nada tenho a apontar ao novo Ministro ou ao Dr. David Simango que indicie que sao corruptos, nem mesmo de qualquer outro membro do Governo incluindo um irmao e varios amigos, ex-professores etc. Nesses termos nao posso, nem a minha consciencia me permite propalar que sejam corruptos. Quem afirmar que ha deve provar ajudando as instituicoes a punir no tal plano de termos estruturas fortes.

Nao basta lancar suspeitas como, me parece, muitos fazem para merecer as palmas de uma imprensa cada vez mais livre e so possivel num contexto como o que vivemos.

V. Dias disse...

O problema de Moçambique não está na identificação dos corruptos, está na fragilidade da Justiça.

Esconder a verdade - para lavar a cara de Moçambique - ser complacente as falcatruas do Governo. O vedetismo, portanto, não ajuda.

A começar, que o PR desse o exemplo ao povo, demitindo José Pacheco e não transferi-lo para outro ministério.

Pode haver um maior insulto do que aquele proferido por José Pacheco?

Zicomo

Reflectindo disse...

Concordo com todo o questionamento do Nelson. E ainda não acho ter tido alguma resposta convincente do Mutisse. Não porque é o único que deve responder, mas porque a resposta que deu ao Nelson não me convenceu. Parece aquela volta há meses de chamar os outros (uns e não todos, pq quando foi a vez do veterano Marcelino dos Santos, nada ouvi) de anti-patriotas porque revelaram fora o que se passa no país, nomeadamente o lambebotismo.

Quanto ao exemplo de navegabilidade dos rios reclamada por Malawi, não entendi bem. Porém, ouso dizer que um caso deste é mais penalizante para quem está no Malawi que para quem está em Mocambique. Vou dar um exemplo: quando o governo mocambicano assinou o acordo de Nkomati com o regime do apartheid (África do Sul), em 1984, em Tvind, Dinamarca, estudantes sul-africanos (ANC) agrediram violentamente aos estudantes mocambicanos. Estes últimos só foram ajudados pelos zimbaweanos.

De facto, no debate anterior não quisemos falar de existência de corrupcão e a veracidade do que Jorge Rebelo e Graca Machel disseram. Acho é que bom que o nome da Graca Machel se mencione porque ela também diz algo igual que se publicou na imprensa. Ela também disparou, usando as palavras de Lázaro Mabunda. No meu último comentário, até eu disse que a questão não era de não acreditar no que ele dissera, mas no contexto em que ele disse.

"meu educando es tu e nao os outros. Pouco me interessa que toda escola tire 0 quero que tu tires as melhores notas e positivas" Mutisse.

Exactamente, o teu irmão estava a dizer-te bem e directo. É o que devemos fazer quando debatemos assuntos nacionais. Tenho sempre questionado a táctica de buscar-se o mal noutros países para servir de escudo. Afinal, mesmo quando vamos para fora do país para aprender é nas coisas boas.

Julio Mutisse disse...

Amigo Viriato,

Faz uns questionamento interessante sobre tribunais, procuradorias etc. Lembro que na entrada anterior alguem (com quem concordei) ter dito que quando as instituições são boas, a corrupção baixa. Quando as instituições são fracas (como é o nosso caso) a corrupção sobe. Ainda temos um longo caminho a percorrer no fortalecimento das instituicoes para chegarmos a um nivel de combate a corrupcao desejavel.

A partir daqui podemos olhar para as coisas e debater ate que ponto estamos a caminhar para o fortalecimento institucional que, em minha opiniao, passa por mais do que criar gabinetes especializados; passa por criar condicoes legais, materiais e outras para que as pessoas desempenhem as suas funcoes em prol dos objectivos preconizados.

Nao entro no debate sobre o juizo que se faz da "transferencia" de Pacheco de um Ministerio para outro por respeito ao criterio de quem define qual o melhor quadro para determinado sector dentro da equipa que lidera e que lhe da garantias de chegar onde pretende, no caso o PR. Nao acredito que o PR seja o tal teimoso que, simplesmente, tem que manter o Jose Pacheco no Governo. Devem haver qualidades que nos escapam e, como confio no chefe...

A justica tem a sua marcha propria meu caro amigo. Hoje julga se o caso CPD, amanha sera outro etc. As coisas nao podem ser medidas simplesmente em termos de "quanto tempo." Quem decide nao o pode fazer tambem sem sustentar a sua decisao... os orgaos da administracao da justica tomaram conta do assunto e, a seu tempo, julgaram o caso ADM condenando quem deviam condenar. O ideal era que a nossa justica fosse mais celere. O pais deve ter mais advogados que juizes e/ou procuradores (todos juntos) mas ha provincias sem um unico advogado residente. Somos 20 milhoes e onde ha 20 milhoes ha milhares de conflitos... imagine como ficam intupidos determinados canais. Nao tem nada a ver com corrupcao tem a ver com instituicoes ainda nao fortalecidas inclusive em termos de recursos humanos.

Nao sou apologista de esconder as coisas erradas que fazemos. Nem um pouco. Mas temos que ser responsaveis na forma como as abordamos. Mesmo um filho que erra, se nao formos responsaveis na forma como o repreendemos corremos o risco de, com ele, produzirmos um efeito perverso ao pretendido com a repreensao. Eh nesse sentido que vou.

A gente que conheco trabalha na busca de politicas eficazes no ambito do combate a pobreza, trabalha na busca de solucoes para os problemas que o pais enfrenta. Nao fala. Trabalha.

Julio Mutisse disse...

Brother Reflectindo,

Reitero a ideia de que temos que ser muito mais responsaveis na forma como abordamos o pais alem fronteiras. Ha uma gama de mocambicanos que ate se identificam como tal mas que, infelizmente, tudo o que fazem eh dizer sobre o que anda mal no pais e, muitas vezes, levianamente. Falemos dos erros politico-governativos, falemos dos erros do Ministro X e Y mas sejamos responsaveis na abordagem, saibamos dizer que enunciamos uma opiniao que esgota na forma como vemos cada coisa sem a pretensao de sermos os arautos da verdade.

Facco das palavras do meu irmao um guiao de vida meu caro amigo. Quero o melhor para Mocambique independentemente do que ocorre com o Malawi ou qualuqer outro.

amosse macamo disse...

a ideia que se segue eh do nosso mano Egidio Vaz e achei melhor traze-la aqui e na esteira da pergunta que fiz e que Mutissse levou para este debate. aqui vai: "Amosse, isso depende da consiciência cidadã de cada um. O recomendável seria de colocar os deasfios alcançaveis em vez de expor os problemas, muitas vezes ideológicas. Doi pensar nesse sentido, mas julgo ser a forma mais profícua de repotar.... Eu proprio confesso que foi dificil ter este ponto de vista, mas o meu trabalho na SADC ajudou-me a perceber a necessidade de informar com responsabilidade. Porque, podemos pensar que ao falarmos tudo de mal aos brancos estamos a nos distanciar do comportamento de seus lideres. Porém, o reverso da moeda é que você passa a não ter palavra em tudo que acaba de dizer. Poderia falar mais, mas por hoje é tudo."

Julio Mutisse disse...

Ainda na esteira deste debate, o meu amigo Sergio disse: "Admira-me os Angolanos…quando falam sobre o seu país, parece que estão a falar dum paraíso…dão-nos a sensação que ultrapassaram todos males." Uma atitude que eu reputo como patriotismo no pressuposto de que, dos nossos problemas, falaremos em casa.

O Egidio, a ideia de responsabilidade que enuncio, acresce a consciencia cidada. Ca estamos a falar AGAIN de cidadania.

Este debate promete.

Reflectindo disse...

Brother Mutisse e quem queira que seja, o que é falar com responsabilidade? Quem avalia que o fulano X ou Y falou com responsabilidade?
A tal história de angolanos que falam de tudo como paraíso em Angola me surpreende. Não está o tal Sérgio a generalizar? Não depende de onde, de que família esse angolano vem e sobretudo de como ele chegou lá fora? Com que angolanos ele se encontrou? Será que não há mocambicanos que também pintam tudo de paraíso sobre Mocambique? Não estão para me dizer que o jornalista Rafael Marquês é atipico angolano?

Para mim, não é assim difícil supor de que angolanos se falam por há também esse tipo de moçambicanos. E quem são esses moçambicanos? E o Sérgio não os conhece?

Meus amigos, se estiverem a falar de embaixadores e pessoas a fim, ok, posso bem entender de que estão a falar. Mas procurar-se um guião especial de qualquer cidadão que estiver fora do país, julgo pretender-se a limitação das liberdades individuais. Isso parece ir ao encontro do que muitos africanos na diáspora dizem...

Também não entendo do porque tanta preocupação por moçambicanos que estejam fora do país. Há algum medo por eles? Não vejo do porquê se pretenda que alguém que viva ou esteja fora de Mocambique tenha que assumir o papel de mentiroso, desmentindo o que quem está no país revela ou pode revelar. Parece acreditar-se que o que se debate, escreve, denuncia pela imprensa moçambicana ficaria em Mocambique se não fossem os que estão ou vão para fora. Estarão a esquecer que o se escreve, reporta na RM ou TV em Moçambique chega rápidamente em todos os cantos da Noruega (o ex. Do Mutisse) do que em Namarrói?

Para mim, a maior responsabilidade está nos nossos dirigentes.

Respeito a posição de todos e daí que cada um tenha a sua. A minha posição é que todos os moçambicanos têm direitos e deveres iguais e a responsabilidade acrescida é para o dirigente.

Obs: quanto à corrupção, o Viriato deu um bom exemplo - o Caso Aeroportos – Cambaza e cia. Este caso, meus amigos, revela tudo quanto à corrupção em Moçambique. É pena que muitos optaram por silêncio quando debatiamos sobre este caso. É interessante como este caso envolveu a muitos e ao partido no poder. É depois de um trabalho árduo do juíz Dimas Marroa???

Anônimo disse...

caro júlio e demais comentadores, concordo com as intervenções do nelson e do reflectindo. o único que se devia esperar de todos nós é falar com responsabilidade dentro e fora do país. falar com responsabilidade não é dizer o que não prejudica o país (porque isso seria difícil de determinar), mas sim o que é passível de ser discutido de forma constructiva na esfera pública. infelizmente, é justamente isto que tem feito mais falta em muitos debates. por exemplo, achei que jorge rebelo tem sido menos responsável na suas intervenções por fazer afirmações que não conduzem ao debate de ideias. a sua sugestão de que os íntegros estão a ser corridos do governo parece-me bastante gratuita sob este ponto de vista. pelo contrário, acho as intervenções de castel-branco muito responsáveis porque permitem uma discussão constructiva (independentemente de ele ter razão ou não). a coisa piora quando nós os demais reduzimos tudo ao "estar contra ou a favor" e preocupamo-nos pouco com a substância do que as pessoas dizem. há muitos que pensam que participar na discussão pública é formar clubes de apoio a este ou aquele. o patriotismo não pode ser uma medida útil. o sentido crítico é que deve ser o nosso guia, algo que tu júlio tens praticado bastante neste blogue. abraços. elísio macamo