segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ao Elísio Macamo, nas Vésperas do Seu Aniversário

Mano, não havia outro mês para nasceres? Tinha mesmo que ser Dezembro? As plataformas digitais em que andamos conectados me anunciam o seu aniversário para breve e, mesmo para fechar o ano (e fecharei com esta carta), te escrevo esta carta para te dizer parabéns e dar te notícias de Moçambique.
Sim, de Moçambique. Este país é relevante tão relevante que não escapou à investida wikilikiana com textos do famoso Todd, o Chapman.
Mais interessante do que as revelações a roçarem a irresponsabilidade daquele diplomata, foi a revelação (para mim) de que, no nosso jornalismo ainda ha intervalos de lucidez e há ainda jornalistas que buscam a essência das coisas, mesmo entre os chamados independentes cuja vocacao, muitas vezes, parece ser partir tudo o que tenha a ver com determinadas figuras e/ou partidos. Enquanto uns faziam eco de Chissano e Guebuza como “cúmplices” do narcotráfico, o Jornal Savana por exemplo sugeria “uma leitura desapaixonada dos Wikileaks” ajuntando que “alguma informação constitui uma aberração, e deve imediatamente ser rejeitada”, que as “mensagens estão recheadas de nuances, mas nunca chegam a acusar quer o actual quer o anterior Presidente da República de envolvimento no narcotráfico, como certas correntes têm tentado fazer crer” e que “com todas as suas imperfeições e erros de facto, os conteúdos das mensagens de Todd Chapman merecem ser analisados com alguma seriedade no que diz respeito à essência do que elas pretendem transmitir; que é o perigo de Moçambique se tornar num país de economia narcótica, onde a posição da nossa moeda nacional face às outras moedas de referência internacional depende significativamente das flutuações no fluxo de cash proveniente do negócio de substâncias proibidas, pondo em causa a sanidade da nossa própria economia.” Interessante ponto de vista este expresso no editorial do Savana não é mano? Não me enganei. Vem no Savana.

Este é o Wikileaks versão moçambicana. Como alguém afirmou noutro lado, é possível que após este escândalo haja uma nova forma saudável de fazer diplomacia. A ver vamos. Ainda ouvirei a sua opinião.

Estive no Xai-Xai dos nossos sonhos. Quando cá vieres melhor me levar como guia (ai cumprimos a promessa das duas cervejas que já dura um ano ou mais). Temo que não reconheças a cidade. De uma cidade dominada por cantinas quase centenárias e cujo laivo de modernidade no que ao comercio diz respeito emergia das lojas de conveniência das bombas ali instaladas, o cenário começa a mudar. Chegaram as grandes lojas de mobiliário, uma grande cadeia de supermercados instalou-se no Xai-Xai e na Macia, uma mundial marca de Fast Food (essencialmente frango) está em vias de se instalar onde alguns chineses e gentes de outras origens (nacionais e estrangeiras) lutam por dar uma imagem airosa da nossa cidade. Fiquei maravilhado.

O cenário de poucas alternativas no que ao alojamento diz respeito parece caminhar para o fim. Uma placa informou-me que um grupo vai reabilitar e operar o Hotel Xai-Xai. Não é interessante mano?

A imagem de uma cidade com pouquíssima oferta de serviços, quase atrasada tende a sumir. O tédio das diferenças com um Maputo que dista APENAS 200KM esfuma-se perante interessante oferta de serviços, espaços etc que implicam emprego para nossos irmãos e renda para as suas famílias. Pode ser que alguém não ache, mas h’a mudanças; há desenvolvimento. Traga uma legião de colegas daqui há um tempo que eles ficarão bem.

O Amosse Macamo meu amigo e colega de trabalho e de algumas outras batalhas falou dos “Embaixadores da Desgraça” antes, havia levado emprestado algumas das perguntas que orientam esse texto num post publicado aqui. Nessa época comentaste que “o único que se devia esperar de todos nós é falar com responsabilidade dentro e fora do país. falar com responsabilidade não é dizer o que não prejudica o país (porque isso seria difícil de determinar), mas sim o que é passível de ser discutido de forma construtiva na esfera pública. Infelizmente, é justamente isto que tem feito mais falta em muitos debates. por exemplo, achei que Jorge Rebelo tem sido menos responsável na suas intervenções por fazer afirmações que não conduzem ao debate de ideias. a sua sugestão de que os íntegros estão a ser corridos do governo parece-me bastante gratuita sob este ponto de vista. pelo contrário, acho as intervenções de Castel-branco muito responsáveis porque permitem uma discussão construtiva (independentemente de ele ter razão ou não). A coisa piora quando nós os demais reduzimos tudo ao "estar contra ou a favor" e preocupamo-nos pouco com a substância do que as pessoas dizem. Há muitos que pensam que participar na discussão pública é formar clubes de apoio a este ou aquele. O patriotismo não pode ser uma medida útil. O sentido crítico é que deve ser o nosso guia.” Não tenho dúvida que na diáspora onde estas usas o teu sentido crítico e com a sua cultura de trabalho etc, como diz o PR AEG, complementas a diplomacia deste país, sem ser nenhum wikileakiano e ajudas no bom caminho rumo a prosperidade como o exmo Sr. Presidente classificou o pais no seu informe ao parlamento.

Feliz aniversario Poiombo. Que Deus te dê longa vida e que curtas as festas da melhor forma possível.

Mutisse.

PS: Bem haja um jornalismo responsável. Felicitações à negação do escangalhar da imagem das pessoas com base em informações levianas. Parabéns ao Savana e a todos os jornais que trataram responsavelmente este assunto.

PS2: O espaço que damos a divulgar banditices cria os seus heróis. É difícil de negar que hajam estes fenómenos que Mapengo aborda aqui.

20 comentários:

JOSÉ disse...

O Júlio escreveu:

"Parabéns ao Savana e a todos os jornais que trataram responsavelmente este assunto".

Estou de acordo, mas lendo com atenção o seu texto, parece-me que fez uma leitura muito tendenciosa.
Também vem no referido Editorial do Savana:

"É por isso que com todas as suas imperfeições e erros de facto, os conteúdos das mensagens de Todd Chapman merecem ser analisados com alguma seriedade no que diz respeito à essência do que elas pretendem transmitir; que é o perigo de Moçambique se tornar num país de economia narcótica, onde a posição da nossa moeda nacional face às outras moedas de referência internacional depende significativamente das flutuações no fluxo de cash proveniente do negócio de substâncias proibidas, pondo em causa a sanidade da nossa própria economia.
Desde há algum tempo que se tornou generalizada a percepção de Moçambique ter-se tornado num entreposto do narcotráfico, sendo o assunto objecto de conversas de café e de bar.
É objecto de reparo o enriquecimento meteórico e a ostentação de riqueza por parte de funcionários públicos cujos rendimentos dificilmente podem justificar as suas extraordinárias posses.
A produção agregada de todos os sectores de actividade económica, adicionada aos recursos provenientes do exterior, está muito abaixo do que o moçambicano é todos os dias dado a ver.
Muitos incidentes envolvendo a apreensão de drogas nunca tiveram um desfecho que permitisse ao público concluir que a acção oficial é de implacabilidade perante o narcotráfico; desde a apreensão, há uns anos, de 40 toneladas de haxixe, às múltiplas detenções de traficantes de drogas que nunca tiveram destinatário ou que tenham ido parar à barra do Tribunal.
Os detractores de Chapman não encontram auxílio nas suas posições quando na mesma altura em que os seus escritos são divulgados é preso na Swazilândia um indivíduo (descrito nesses relatos) na posse de 18 milhões de randes (o equivalente a 2.6 milhões de dólares) em dinheiro vivo proveniente de Moçambique. Como é que tamanha quantidade de dinheiro saiu de Moçambique sem que as autoridades alfandegárias o detectassem?!
Na tentativa de encontrar resposta a esta e outras perguntas, talvez seja aconselhável uma leitura desapaixonada sobre os escritos de Todd Chapman".

Grande Savana! Em que ficamos, Júlio? Vamos reflectir?

Julio Mutisse disse...

Jose,

Note uma coisa: longe de procurar sensacionalismo barato aproveitando a mensao dos nomes de Chissano e Guebuza no assunto das drogas, o Savana nos convida a reflectirmos sobre o que queremos de nos mesmos, enquanto pais, nesta questao do trafico de drogas.

No trecho que citas nos convidam a reflectir sobre a nossa abnegacao 9enquanto pais) no combate as drogas a julgar pela forma como punimos os que se envolvem em tais praticas, ao mesmo tempo que abora a questao do empresario detido na Swazi com o dinheiro que eu gostaria de ja ter recebido fruto do meu trabalho ao longo de uma decada.

Nao senti, da parte do Savana, qualquer tentativa de fazer deste dossier uma arma de aremeco contra figuras publicas da politica, dos negocios e de qualquer outro meio. Antes pelo contrario. Note que muitos jornais da pracca disseram o contrario disto: “mensagens estão recheadas de nuances, mas nunca chegam a acusar quer o actual quer o anterior Presidente da República de envolvimento no narcotráfico, como certas correntes têm tentado fazer crer”... as informacoes do Todd, o Chapman, eram a revelacao de verdades absolutas. Alias, ainda ontem ouvi um deputado da Renamo a questionar quem estava no Parlamento: se o PR ou o traficante de drogas, afinal ele tomou a informacao ao contrario do Savana.

JOSÉ disse...

Júlio, as revelações do Todd não são verdades absolutas e evidentemente que não devem ser usadas apenas como armas de arremesso, mas será um erro ignorar tudo o que vem no Wikileaks.
Este excelente Editorial do Savana levanta questões importantes, como a imagem
do País,narcotráfico,grandes quantidades de droga encontradas e cujos donos nunca foram presos, grandes movimentações de dinheiro que podem indicar branqueamento de capital, enriquecimeto ilícito e/ou suspeito, corrupção, etc., isto são coisas que há muito tempo são faladas, há inclusivamente estudos publicados.Precisamos de meditar e conversar sobre estas coisas!

Eu concordo com o que outro bom jornalista, Jeremias Langa, escreveu no País:

"A segunda dimensão do problema é que não devemos apegar-nos aos erros dos americanos para disfarçar um problema real com que nos debatemos, neste país. Erros de forma à parte, significativa informação referida nos telegramas tem tudo para ser verdade. O narcotráfico, a lavagem de dinheiro e a corrupção em Moçambique não são invenção daqueles telegramas americanos, escritos por Todd Chapman".

Abdul Karim disse...

Eu acredito o editorial do Savana e ate o J. Langa estivam bem,

na minha optica ha alguns pontos que sao convergentes na generelalidade:

1- ninguem ficou satisfeito ao ver os presidentes nossos mencionados,

2- afecta a imagem do pais e de todos nos,

3- algo deve ser feito, por forma que nao continuemos a ser mal vistos e que principalmente o problema do narcotrafico nao exista em Mocambique,

assim acho que no o ponto 1 'e pacifico,

em relacao ao ponto 2, a renamo esta "forcar" uma justificacao ou negacao do pr, que acho que nao esta mal, do ponto de vista de imagem, mas tambem acho que nao vai ser so a "negacao" do pr que vai resolver a questao da imagem, pois ela influenciada tambem pela percepcao e associacoes com algumas figuras do mundo empresarial que estao sendo acusadas ( mbs principalmente), entao acho que deve existir uma mudanca de postura em relacao 'a forma como o nosso poder politico "cria" essa percepcao e suas respectivas associacoes, acredito que essas duas medidas poderao ajudar a nao continuar a degradacao da imagem do pais, que ao ser positiva beneficia todos nos.

Em relacao ao ponto 3, tambem 'e pacifico, e cabera ao governo tomar as melhores medidas que achar opurtunas para resolver o problema.

Nos todos temos que ser mais unidos, em tudo, principalmente quando somos todos negativamente afectados em relacao a imagem do pais, ao invez de "culparmo-nos" entre nos, duma situacao ( narcotrafico ) que 'e problematica para toda sociedade nossa, independentemente da Imagem ou nao.

Ja agora, Feliz Natal e Festas Felizes Para Todos.

Anônimo disse...

1. Associar-me aos que parabenizam o Dr. Macamo por mais um ano de vida. Esta é uma daquelas figuras que faz falta nos nossos espaços de debate. Temos que nos contentar com os seus artigos no jornal Noticias e outros canais mas, interessante mesmo era tê-lo de volta a estes espaços.
2. Também estive no Xai-Xai há pouco e posso confirmar a instalação da Protea, falava-se do Shoprite como estando para breve (já deve estar), KFC e muitos outros serviços que contribuirão para fazer da estadia naquele ponto, algo interessante. Que hajam bons serviços e muitos empregos, equivalente a renda para muitos moçambicanos.
3. Concordo com a mensagem principal que o Savana nos transmite no seu editorial: as “mensagens estão recheadas de nuances, mas nunca chegam a acusar quer o actual quer o anterior Presidente da República de envolvimento no narcotráfico, como certas correntes têm tentado fazer crer” e que “com todas as suas imperfeições e erros de facto, os conteúdos das mensagens de Todd Chapman merecem ser analisados com alguma seriedade no que diz respeito à essência do que elas pretendem transmitir; que é o perigo de Moçambique se tornar num país de economia narcótica.”
4. Não que ache que nos aproximemos da imagem que se transmite da Guiné Bissau. Não, estamos longe disso. As apreensões de grandes toneladas há uns anos são indiciárias de que circula droga no país (há algum país sem este flagelo?) e temos que nos preocupar que aquelas quantidades que não são apreendidas não transformem um país com tudo para dar certo, num país de narcotráfico com toda a conotação negativa que daí advem.
5. Não consigo concordar com o Abdul Kharim. A natureza da informação contida nestes documentos tem pouco substrato. Aliás, nem o Presidente nem o ex Presidente são, em algum momento, acusados de seja o que for. Associo a minha leitura a do Savana com a qual concordo.
6. Tudo o que o país deve fazer, em minha opinião, e mais uma vez concordar com o Savana, é trabalhar afincadamente no sentido de eliminar as bolsas de trafico de droga que, de certa forma existem consubstanciadas pelas apreensões de que falamos supra.
7. Tudo o que o país deve fazer é resguardar-se desses males. É lutar com tudo o que tem, dentro da legalidade estabelecida, para forçar uma melhor imagem dos nossos governantes e do país.
8. O Wikileaks tem utilidade de nos fazer despertar para pensar em nós. O Wikileaks deve nos fazer pensar no tipo de patriotas que somos que, sem rodeios e irresponsavelmente, vendemos a imagem do nosso pais e seus dirigentes a qualquer espiãozinho disfarçado de diplomata como é Todd Chapman.
9. Talvez corrigir o Amosse, os embaixadores da desgraça não estão todos fora…
10. Festas felizes a todos

Abdul Karim disse...

Anonimo,

Eu de forma alguma disse que eles "sao acusados", fiz apenas uma leitura de imagem e disse que eles foram "mencionados".

E na justificacao do ponto 2 digo: "....pois ela influenciada tambem pela percepcao e associacoes com algumas figuras do mundo empresarial que estao sendo acusadas..."

A imagem funciona muito tambem como na giria popular se diz " diz me com quem andas e dir-te hei quem 'es". para alem de eu apenar tentar "traduzir" o meu conhecimento em Imagem e nao estar a julgar ninguem aqui ou nos artigos que escrevi.

Mas es livre de concordar ou nao,

Na Boa.

Anônimo disse...

Feliz aniversario Elisio Macamo. Que Deus te de longa vida.

Wikileaks so tem mais uma licao a dar nos: as embaixadas estao cheias de agentes secretos e ha que ter cuidado com eles.

A biblia tem uma passagem interessante: "Txava swo biha ni leswi swi fanako ni swo biha" (desculpem nao conseguiria traduzir isto sem escrever em changana) "tema o mal e o que se parece com o mal". Tomado no contexto politico temos que temer nos associar ao mal e ao que se parece com o mal para a nossa imagem e para o pais.

Maguezi (o anonimo anterior sou eu).

Anônimo disse...

caro júlio, só agora vi este texto. acabo de voltar dum jogo de futebol com os meus colegas e dei uma volta pela blogosfera antes de me ir deitar. obrigado. é uma surpresa agradável. fico contente por saber que há orgãos de informação que tratam este assunto com responsabilidade. isso é fundamental para a melhoria da nossa cultura política. creio que todd chapman fez o trabalho normal duma embaixada. se as nossas embaixadas não fazem isso, então elas não estão a trabalhar bem. quando trabalhei na embaixada moçambicana em londres nos anos oitenta escrevia também análises desta natureza que se baseavam na leitura de jornais, conversas com pessoas e impressões minhas. tenho em mim que os textos de chapman são fracos, mas îsso tem a ver com muita coisa. uma é que como o nosso país não é assim tão importante para os estados unidos (bem como outros países desenvolvidos) o pessoal que eles nos mandam também não faz parte, digamos, da nata intelectual desses países. alguns são suficientemente humildes para reconhecer isso e portam-se bem; outros tornam-se arrogantes e hostis ao nosso país simplesmente por pirraça. a outra coisa que explica a fraca qualidade desses textos é a tendência (também acentuada nos nossos meios críticos) de ver o país a partir de esquemas pré-concebidos. o que é plausível é sempre verdade. este aspecto está ligado a um outro que tem a ver com o facto de que muita gente que nos enviam (ainda há três semanas participei num debate em que me referia a este aspecto em bona sobre o futuro do auxílio ao desenvolvimento com o secretário-geral adjunto da onu; o jornalista britânico joe hanlon esteve presente) não conhece a história social dos seus países, nem faz ideia de como a política funciona nesses países. pensam que os sistemas políticos deles funcionam de acordo com o que vem nos livros. esse é um grande problema. o financiamento de partidos políticos por aqui (a grande excepção são os eua onde a corrupção está legalizada) 'e um grande desafio. as ligações perigosas entre partidos e meios bastante obscuros é tema regular da esfera pública por aqui. helmut kohl fez muito pela alemanha, mas esteve à frente dum partido com contas no estrangeiro, fugindo ao fisco e, pior ainda, com ligações estranhas com os meios mais obscuros de negócios. a frança está sempre em escândalos por causa disto. ora, isso não quer dizer que isso tudo seja bom por ser normal. o jornal savana tem razão em pedir que haja esclarecimento destas coisas. nenhum moçambicano sensato pode ficar indiferente à facilidade com que esta gente da droga se movimenta no nosso país. sempre acreditei que as verdadeiras razões da morte de carlos cardoso tinham a ver com os negócios da droga e as histórias que vamos lendo por aí reforçam a minha convicção. temos que nos distanciar desse pessoal. incomoda-me muito que um indivíduo que sofreu o tipo de acusações que o proprietário do mbs sofreu não tenha o sentido patriótico de, pelo menos por iniciativa própria, suspender a sua qualidade de membro do partido frelimo enquanto limpa o seu nome para não manchar a imagem do partido.
as notícias sobre xai-xai são mesmo boas. hei-de ter que ir lá. estarei na cidade do cabo em fevereiro. se der, dou um salto a moçambique. hei-de te avisar. a cerveja fica por tua conta. abraços e boas festas!

Julio Mutisse disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Julio Mutisse disse...

Mano Elisio,

Com que entao joga futebol? O pais nao tem, definitivamente, o catalogo dos seus praticantes desportivos. Quem sabe este ilustre nao fizesse parte dos 35 melhores de nao sei quando...???

Eu fico feliz pelo tipo de abordagem que o Savana fez. Considero uma forma responsavel de fazer jornalismo; nao branqueou a realidade, muito menos, sacudiu o lixo para debaixo do tapete: antes pelo contrario, convidou nos a reflectir sobre coisas que, muitas vezes, nos passam ao lado mas que fazem parte do nosso dia a dia, maxime a droga. So espero que mantenham a toada.

Acho que o Savana foi, em todos os sentidos, responsavel apesar de meu amigo jornalista dizer que ja escolhi o meu jornalismo responsavel que vai, aparentemente, contra a ideia dele. Para ele "o que aconteceu foi um jornalismo patriotico e de omitismo que nao tem nada a ver com o jornalismo serio e responsavel que seria dar o maximo de informacao ao publico". Neste caso continuo sem saber o que seria o maximo de informacao.

O papel dos diplomatas nao eh, definitivamente, ser a cara do pais nas datas comemorativas do pais acolhedor e nossas nesse pais. Eh, de certeza, transmitir percepcoes. O que ficamos a saber desta vez eh a forma como o Todd, o Chapman transmitiu essas percepcoes e com que rigor.

Pior do que nao perceberem os seus proprios paises eh se arvorarem com saber suficiente para darem licoes de tudo e mais alguma coisa; desde a conducao de um caso de um pilha galinhas ate a organizacao e conducao de processos eleitorais.

A politica nao eh um jogo santo, como santas/imaculadas nao sao as pessoas que andam por esta terra. Os esquemas de financiamento dos partidos sao materia de debate a nivel global e estas nuvens negras de suspeitas e/ou certezas de fontes obscuras sempre e sempre aparecem. Alguns paises tentam limitar atraves da legislacao, outros legalizam coisas que noutros pontos seriam impensaveis etc. Resta nos saber e pensar: no nosso caso, que caminhos devemos trilhar? Que opcoes devemos tomar para evitar que qualquer Todd ou Chapman (ou ambos) venham por em causa o que diligentemente construimos?

O trafico de droga eh assunto serio. Desde o mandrax do trevo, passando pelas 40 toneladas de Haxixe ate desembocar no Haxixe de Quissanga e muitos outros casos, temos mostras suficientes de como nos devemos preocupar e afastar a indeferenca destes assuntos de droga. Nossos irmaos investem a vida em suicidios a longo prazo nas colombias conhecidas e desconhecidas deste pais, consumindo droga que entra de todos os lados. Como nao me canso de dizer, ha de haver outro ponto de entrada da droga que nao as partes intimas das nossas irmas feitas pombos correios para tanta droga que que se consome por ai. logo temos que nos preocupar.

Elisio sobre suspender a membrasia vai nos remeter ao debate que ja tivemos sobre responsabilizacao. Temos falta dessa cultura meu irmao. Melhor nao entrarmos.

Se calhar comemos uma galinhas panadas na loja que se vai abrir por la (por sua conta) enquanto eu pago as cervejas (que parece estares a transferir para mim por terem falhado a ultima vez que ca estiveste).

Boas festas obrigado.

Anônimo disse...

oi júlio, vê lá, esqueci-me de me identificar. tamb'em fiquei sem a certeza se o comentário tinha sido publicado. o jornal savana tem pessoas responsáveis. acho a tribuna do editor sempre muito bem reflectida e equilibrada. creio, contudo, que os outros tipos de texto que por lá têm aparecido ajudam o jornal a ser um centro de debate. isso é bom. sobre o futebol, júlio, modéstia à parte, acho que o país perdeu. ganhou um sociólogo razoável, perdeu um excelente médio. mas a vida é assim mesmo. as posições não são ocupadas pelas melhores peças. dói ficar reduzido ao papel de torcedor, mas que remédio!? vamos a essas galinhas, mas se forem magricelas temos que antes ver se entraram no país já recheadas... boas festas! elísio

Abdul Karim disse...

Elisio e Mutisse,

Vamos la organizar um jogo de futebol aserio.

Vamos jogar no estadio da machava, desafio entre diaspora e caseiros, pode ser casados contra solteiros ou Rolas e nao Rolas,

Voces escolhem,

Futebol 11 no estadio da Machava, ou no estadio nacional,

Jogo a ponta de lanca ou central.

Eu ja joguei na machava, no costa do sol, no maxaquene, no 1 de maio, na campo da liga, falta estadio nacional.

Julio Mutisse disse...

Heheheheh mano, nao se pode ter tudo sempre. Se perdemos o futebolista e ganhamos o sociologo que eh temos que levantar as maos e dar gracas ao altissimo por isso e partilhar os whiskies, cervejas e toda a gama de boas coisas em agradecimentos aos xikwembos Macamos por isso.

Partilhamos a mesma opiniao sobre a tribuna do editor do Savana.

Abdul, mais um futebolista que se revela como podendo estar entre os 35 melhores? Hummmmmmm

A ideia do jogo nao eh ma e esta lancada. Aviso desde ja que me AUTO Excluo. So pessimo jogador de futebol e eh provavel que nao aguentasse 2 idas e voltas (de uma ponta a outra do estadio) e para nao vos causar embaracos (a ideia eh divertirmo-nos e nao carregar obitos) estou fora. Mas serei entusiasta na materializacao e no apoio aos que eu achar que tem hipoteses de ganhar.

Ja agora, o pais continua em debate. Veja-se a entrevista de Graca Machel em o pais de hoje (http://www.opais.co.mz/index.php/entrevistas/76-entrevistas/11370-estao-a-isolar-guebuza-como-fizeram-com-samora.html); veja-se (http://moziepoliticando.blogspot.com/)

V. Dias disse...

Nessa entrevista a Graça não disse absolutamente nada de novo.

Uma vez quando veio receber o seu doutoramento honoris causa, em Évora, disse uma coisa, agora diz outra... sem sair da mesma toca.

Quanto ao resto, parabéns ao E. Macamo e, quanto ao "papai Guebuza" sinto muito....

Zicomo

Anônimo disse...

obrigado v. dias. quanto ao futebol, sempre ao dispôr. prefiro que a equipa pela qual eu jogar tenha o nome "velhas glórias". isso faria melhor justiça ao passado glorioso. pode ser no estádio reabilitado do complexo desportivo do xai-xai. vamos pedir uma mãozinha aos chineses. assim juntamos o útil ao agradável e nos fazemos às galinhas depois do jogo... refiro-me naturalmente aos aspectos culinários. elísio.

Abdul Karim disse...

Por Mim na Boa,

Vamos jogar no Xai-Xai, "velhas glorias" pra cima 35 anos, e "novas glorias" ate 35 anos. Depois do Jogo "curtimos" a praia.

Os "putos" vao levar uma goleada.

As galinhas OK, com sof-drink, eu nao psso tomar alchol.

Abraco

Julio Mutisse disse...

A todos um bom ano! Que Deus nos abencoe e sejamos, acima de tudo, MUIYO FELIZES e que haja dinheiro para todos, responsabilidade e responsabilizacao.

Que o Elisio venha para as cervejas ou o que quiser que estarei com os dentes afiados para as galinhas no Xxai, que o Abdul leve a serio o jogo, que o Viriato comece a ver o pais com outros olhos (mais positivos e independetemente de quem o governa de momento), que o Reflectindo esteja mais presente e ajude a resgatar o Egidio Vaz, que o Mapengo escreva mais cartas, que o Nero volte a blogar, que o Amosse nos musicologue, que a Xim nos traga mais historias de nos mesmos, que a Nyikiwa conclua o debate iniciado, que a Yndonga seja verdadeiramente TIA da Uly (principalmente nesta fase da pre adolescencia) e seja mais presente nestes espacos. QUE A FAMILIA TRADICIONAL nao perca os valores e que os movimentos que tentam com ela rivalizar RECUEM ou se estingam e que os homens gostem das suas mulheres e estas dos seus homens sem VIOLENCIA de qualquer genero, que as criancas sejam felizes.

Que o Neves, o Viriato Tembe e muitos outros ilustres visitantes deste blog quer assinem pelos proprios nomes quer como anonimos (mas com respeito) continuem a privilegiar este espaco como um espaco de formacao de uma CIDADANIA MILITANTE E CONSCIENTE.

Viva a liberdade

V. Dias disse...

"que o Viriato comece a ver o pais com outros olhos (mais positivos e independetemente de quem o governa de momento)"

Isso so se a Frelimo sair do poder porque não existe mudanças na continuidade. É uma treta dizer que o país está melhor com prédios novos quando esse mesmo governo não consegue levar comida, roupa, energia, agua, etc., as casas das pessoas.

De que adianta, amigo Mutisse, ter um carro avariado há 35 anos mas com o tanque cheio de combustível?

Recebo todos os dias - ou quase sempre - ilustres visitantes da Frelimo que nao escondem que o país está a descarrilar às carradas. Pedem anonimato, senao deixava ficar aqui os seus nomes (eu nisso nao tenho problemas, por isso é que sou sistematicamente perseguido) Espingardeio mesmo.

Bom ano para ti e para todos os da tua casa. Ao resto do pessoal, um vivo zicomo kwambiri (muito obrigado).

Zicomo

Reflectindo disse...

Ano próspero seja o próximo!

Julio Mutisse disse...

Amigo Reflectindo, obrigado. Espero mesmo isso a todos.

Amigo Viriato, podemos nao ter um Ferrari, Lamborgini ou qualquer carro topo de gama mas temos um que anda. Mocambique nao eh, nem de perto, nem de longe, um carro avariado com tanque cheio; eh um carro que vai sendo "txunado", revisto e com a gasolina que tem vai andando cada vez melhor... podia andar mais? Ja andou melhor? Pode ser dependendo do ponto de vista que cada um analisa.

Nao se esqueca tambem que andando em terra batida e em asfalto torna o desempoenho do carro.

Ame o pais. Ignore a Frelimo curta as coisas boas que o pais te oferece (eh verdade que muitas delas graccas a FRELIMO) e seja feliz. Assim viveras amargurado meu irmao com todas as consequencias que dai possam advir. Hehehehehehe.

Um abracco. Uma passagem de ano tranquila.

Mutisse