Martin de Sousa colocou no seu blog Soldado Raso um texto interessante de Lopes Muapenta que vai na esteira do que temos discutido aqui, aqui ou mesmo aqui e na esteira do que disse num comentário no post anterior. Creio que podemos discuti-lo aqui ou lá no blog do Martin. O texto foi publicado no Jornal “Domingo” de ontem 21 de Novembro de 2010 com o título: Sérgio Vieira: Um Texto Contraditório e de Negação do Passado
16 comentários:
Estou a rir em flecha.
A bagunça já começou. Andam por aí desorientados.
Ainda vão se morder, entre eles.
O navio está a afundar Mutisse. Os "ratos" são sempre os primeiros a prever.
Os gatos são depois quando este já está no fundo do mar, morto. Meia palavra basta, para um bom entendedor.
"O olho vê a verdade e o mundo distingue a mentira. (Ditado oriental)
Zicomo
Bom texto com preocupações legítimas, mas questiono a utilidade do timing.O coronel é uma figura muito controversa mas até agora os camaradas não contestaram Vieira. O seu trabalho à frente do GPZ tem sido criticado, mas porque só agora questionam o seu mau trabalho? A propósito, qual foi o critério para a escolha de Vieira para gestor do GPZ? Confiança política é o principal atributo para um projecto desta envergadura? Porque esta nomeação não foi contestada na altura?
Quanto ao seu desempenho como tenebroso Ministro da Segurança, porque só agora os camaradas levantam questões? Porque não contestaram as mentiras do seu livro? Porque não contestaram as versões de Vieira sobre as mortes de Mondlane e Machel? Muitas perguntas que deviam ter sido lançadas na altura própria!
Fica a ideia de que se certas individualidades tivessem permanecido caladinhos, os camaradas fechavam os olhos e fingiam que estava tudo bem. O problema é quando essas pessoas resolvem por a boca no trombone, então os camaradas subitamente lembram-se do passado dessas pessoas, recordo-me de vários casos similares, nada de novo nesta postura.
Segundo o texto, Vieira afirma:
" Há contradições entre os discursos laudatórios de sucessos e a frieza dos dados estatísticos oficiais, quem engana a quem?”.
“…Não escondemos e alteramos dados que, depois, sob o risco de passarmos por imbecis ou do contra, não ousamos denunciar? Escamoteava-se a verdade, sobretudo, porque nunca se mencionava quem levara o cabo o trabalho”
constatei que em alguns sítios, emissários das governações locais ameaçavam de represálias as pessoas que queria denunciar anomalias e, até, actos
actos flagrantes de corrupção.
Na minha opinião pessoal, Sérgio Vieira é um dos frelimistas mais detestáveis e com um passado repugnante, mas neste caso parece-me ter alguma razão nas suas criticas, apesar de eu não ter lido o seu texto.
O Rei vai mesmo nú!
o que entendo que defendia-se aqui neste texto Jose, eh de que se o Rei vai nu(e nao sei se vai), o Coronel foi uma das pessoas que contribuiu grandemente para que tal sucedesse. ao criticar o Rei ele deveria-se lembrar do alfaiate que em parte foi e deveria a sua consciencia acusar e uma intronspecao nao o faria mal antes de falar.
Amosse, estamos de acordo quanto ao Coronel,ele deve assumir as responsabilidades por o Rei ir nu.
O que interpelo aqui é porque os camaradas questionam o passado daqueles que resolvem falar, fica a ideia de que esse passado é questionável só depois das críticas e se se mantiverem caladinhos não há problemas.
Não é só Vieira, há outros casos similares.
Caro José, o problema é que há gente que se quer projectar como conciência cívica, ou como consciência moral da nação sem condições para tal. Antigos agentes do SNASP (que denunciavam seus companheiros de trabalho) aparecem hoje a projectar uma imagem de santos, de anjinhos, de consciência moral... José aceita isso?
Caro anonimo, aceito a sua visao, evidentemente que de modo algum podemos tolerar que essa gente tente passar agora como consciencia civica ou reserva moral, tanto mais que tem grandes responsabilidades por muitas coisas menos boas no Pais.
O que eu proponho e que nao esperemos que essa gente quebre o silencio e venha fazer criticas publicas para entao nos indignarmos!
Se alguém cometeu erros no passado e, depois, fica no seu canto a reflectir e a penetenciar-se dos desmandos porque bulir com essa pessoa? Eu deixaria essa pessoa no canto que tivesse escolhido.
No entanto, causa-me espanto que os campeões da censura durante o período marxista (alguns deles identificados por João Craveirinha como notórios delatores) apareçam hoje como heróis da liberdade de expressão, como modelos de jornalismo livre e de investigação, como grandes democratas e defensores dos direitos humanos. A José isso não causa asco?
Há um caso, em Angola, de um conhecido torturador, que era uma espécie de Mia Couto de lá. Não se cansava de colocar-se na ponta dos pés para ser visto como a consciência moral da nação. Alguns jornais, sobretudo portugueses, faziam uma evidente reclame em relação a esse indivíduo, que era apresentado como o contra-ponto da podridão dos outros angolanos. Um grupo de vítimas das suas brincadeiras (pessoas inocentes que ele torturou, acusando de fraccionistas) se revoltou e desabafou publicamente, demonstrando ao mundo que Pepetela era um notório torturador.
Eu creio que também devemos fazer o mesmo. Sobretudo para aqueles que se põem nas pontas dos pés.
Por exemplo, sabia José que alguns dos mais celebrados campeões dos direitos humanos em Moçambique demitiram-se em bloco quando foi nomeado o jornalista Arlindo Lopes como Director? Fizeram-no numa atitude indisfarçadamente racista, porque o novo director era negro?
Francamente a mim me enjoa esse exibicionismo todo de antigos denunciantes. Acho bem que sejam expostos.
Caro anónimo, vamos concordar que muitos cometeram erros no passado, mas sinceramente acredita que o Coronel, Rebelo, Marcelino, etc., etc., reflectem e penitenciam-se dos desmandos do passado? Eu não acredito!
Quanto ao caso do Arlindo Lopes, é a primeira vez que ouço esta versão. Demissão em bloco???
Já agora,se me permite, Graça Machel também tem feito algumas críticas contundentes. Alguém tem coragem de a criticar ou mesmo questionar o seu passado?
Vamos questionar o passado e denunciar o protagonismo de algumas pessoas,mas alguém está a prestar atenção ao conteúdo das críticas dos críticos?
é exactamente por isso que é preciso lembrar-lhes que também têm responsabilidades na situação actual do país. é por isso que é preciso dizer a Rebelo que é uma piada reclamar por falta de espírito crítico quando ele foi o principal arauto do unanismo. é por isso que é preciso dizer ao Coronel que, se a revolução verde é um fracasso, esse fracasso começou no vale do zambeze que, durante mais de 10 anos dirigiu.
em relação a Marcelino, do que tenho visto, são críticas em relação às opções. é seu direito embora eu seja a favor do desenvolvimento da burguesia nacional (ele é contra). Ele preferia a construção do comunismo e o bloqueo da globalização. Ele faz crítica em torno das ideias.
Rebelo faz críticas de natureza moral e projecta-se ele próprio como o perfeito. Francamente eu prefiro o velho marcelino.
claramente, acho de mau gosto, algumas vezes, as críticas da Graça. Sobretudo quando sugere que coisas como corrupção não aconteceriam se Samora estivesse vivo. Isso é uma falácia. No ambito do debate de ideias, suas falácias e equívocos devem ser expostos.
Caro anonimo, penso que nos entendemos no principal, apenas pequenas divergencias em alguns detalhes.Penso que devemos ser criticos implacaveis quando a ocasiao exigir e seria optimo que algumas pessoas tivessem a coragem e a humildade de assumir que no passado foram cometidos muitos e graves erros.
Em relação ao episódio das demissões: Quando se nomeou Arlindo Lopes para Director do Notícias, cerca de 7 jornalistas de topo daquele diário demitiram-se em bloco. Entre eles julgo que estavam Fernando Lima, Machado da Graça, Luis Carlos Patraquim, Migueis Lopes Junior, José Branquinho e outros de que não me lembro. Esse pedido de demissão em bloco foi um indisfarçável acto de racismo. Pois convem dizer, para quem não saiba, que Arlindo Lopes é um negro, apesar do nome 'assimilado" que tem. Na altura dos factos, uma certa elite de jornalistas moçambicanos, elite até pela origem, havia escolhido os órgãos de comunicação social como coutada privativa do respectivo grupo étnico. A demissão foi um acto de indignação devido à intromissão de "estranhos" na coutada. Alguns dos demissionários estão vivos e saudáveis. Hoje são os campeões dos direitos humanos, da imprensa livre e outros quejandos. Como estão vivos e saudáveis, se José quiser pode conferir os factos com eles.
Debate interessante este. Na verdade fica mal a um jogador que esteve em campo e foi substituido, lancar improperios contra os companheiros que continuam em campo. Eh que o jogo pode nao estar a ir bem por aquilo que esse jogador fez durante o tempo em que esteve em campo, ou por a equipa ter sido moldada de uma forma tendo em conta as capacidades e "peso" desse jogador.
Nao devem esses jogadores criticar o que vai mal na equipa? Nao, nao eh isso que, pelo menos eu, sugiro. Sou, simplesmente, contra a ideia que muitos desses ex-jogadores transmitem... os postulados morais que nos querem dar despidos de qualquer rigor. Sou contra o criticar de uma obra, fingindo-se a parte dela, quando, na verdade, o desenho actual eh totalmente influenciado por nos.
Minha gente, estou de volta e encontro esse debate rubro. Deixem-me fazer algumas perguntas baseando-me no que já foi dito. Interessante a comparação do Mutisse e vou começar por ela.
-Há espaço para crítica na equipa?
- Esteve esse jogador em campo porque tem qualidades ou meramente porque caiu nas graças do treinador?
-Devem os espectactores esperar que esse jogador lance “impropérios contra os companheiros que continuam em campo” para lhe chamar atenção em relação ao seu mau desempenho?
Estou tentando relacionar tudo isso com oque por aqui já tratamos. Com por exemplo o “negócio” de “embaixadores da desgraça” entre outros.
Vamos supôr que fomos todos cegos e ou mudos.
O coronel Sérgio Vieira foi cego durante o tempo que esteve a dirigir o GPZ e não viu/percebeu que o rei ia nú, ou foi apenas mudo, viu mas por alguma razão se calou. Igualmente foram cegos e ou surdos os Hipólitos Hamelas os Muepentas e até todos nós que lhes fazemos “eco” quanto à gestão do GPZ pelo coronel Sérgio Vieira.
No Desporto fala-se muito em FECHAR/LACRAR o balneario. Um balneario coeso eh aquele em que os problemas internos nao vazam para a opiniao publica: acontecem e sao resolvidos dentro do balneario e as pessoas apresentam-se em publico falando do GRUPO e num sentido unificador.
Numa outra perspectiva, todos os que ocupam um determinado posto, seja onde for, tem responsabilidade no devir do orgao e/ou da instituicao.
Fica mal nos apresentarmos de corpo e alma lavados como se nao fizessemos parte da realidade que criticamos. O Rei vai nu Nelson? Quem o diz tinha responsabilidade de o alertar e/ou tapar. Houve relatorios falsos e tentativas de silenciar quem quisesse expor os problemas? Quem o constata estava na estrutura proxima que podia ter alertado o rei desses problemas. Porque so quando se eh substituido se fala do descontentamento perante o estado das coisas?
Caro Mutisse, com base no teu último comentário, deixa-me apresentas os meus tantos "talves"
"No Desporto fala-se muito em FECHAR/LACRAR o balneario. Um balneario coeso é aquele em que os problemas internos não vazam para a opinião pública"
Talvez hajam balneários "lacrados" demais em que mais do que impedir que os problemas internos vazem para a opnião pública, impede-se até que sejam apresentados e discutidos honestamente dentro do "balneário".
Talves se evite apresentá-los por se se acreditar/lembrar que quem outrora ousou fazê-lo foi pura e simplesmente afastado do team. Talves
"todos os que ocupam um determinado posto, seja onde for, tem responsabilidade no devir do orgao e/ou da instituição"
Talves essa responsabilidade se confude com a necessidade de "maquiar" o orgão ou instituição com "relatórios falsos e tentativas de silenciar quem quiser expôr os problemas".Talves
"Quem o constata estava na estrutura próxima que podia ter alertado o rei desses problemas"
Será que realmente podia ter alertado o rei? Havia espaço para isso?
Talves haviam riscos de se tornar mais um "embaixador/apostolo da desgraça". Talves
Talves mano Mutisse! Não tenho certeza.
Como eu disse no comment anterior, será(talves) que os Hipólito, Lopes Muapentas, e nós(eu, Mutisse, Martin) que fazemos eco ao que ele escreveu, é só agora que descobrimos que o camarada S.Vieira "ia nú" lá no GPZ? Será que é só agora? Será que é só a GPZ que gastou milhões e produziu nada em termos de resultados? Se não, porque não levantamos contundentemente as nossas vozes em protesto como agora fazemos em relação ao camarada S.V? Oque esperamos?
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